Gaudium news > Papa, na abertura do Consistório: o caminho da santidade começa na planície

Papa, na abertura do Consistório: o caminho da santidade começa na planície

Cidade do Vaticano (Domingo, 20-11-2016, Gaudium Pess) A cerimônia do Consistório Ordinário Público para a criação de 17 novos Cardeais foi celebrada pelo Papa Francisco, no sábado, 19 de novembro, na Basílica de São Pedro, em Roma.

Papa, na abertura do Consistório o caminho da santidade começa na planície.jpg

Os novos cardeais eram provenientes de onze Nações de todos os cinco continentes. Um aspecto que destaca a verdadeira universalidade e, portanto, a catolicidade da Santa Igreja Romana.

Assim, o Papa Francisco chega à realização de três Consistórios em seu ainda curto Pontificado.

Homilia: Vocação dos Apóstolos

Logo nas primeiras palavras de sua homilia, o Santo Padre destacou que “a passagem do Evangelho escolhida para esta cerimônia (Lc 6, 27-36), faz parte daquilo que muitos chamam ‘o discurso da planície’.

Depois da instituição dos Doze Apóstolos, Jesus desceu com os seus discípulos para um local plano, onde uma multidão estava à sua espera para escutá-Lo e ser curada por Ele. A vocação dos Apóstolos, disse o Pontífice, aparece assim associada com este ‘pôr-se a caminho’ rumo à planície, para encontrar uma multidão que se sentia ‘atormentada’ (Lc 6, 18).

A vocação dos Apóstolos é associada a este “pôr-se a caminho” rumo à planície, para encontrar uma multidão “atormentada”.
O Papa, então, explicou:

“A escolha, ao invés de mantê-los no alto da montanha, levou-os para o meio da multidão, em meio às suas tribulações, ao nível da sua vida. Assim, o Senhor revela, a eles e a nós, que o verdadeiro cume se alcança a partir da planície, que nos lembra que o cume se situa em um horizonte, que se torna um convite especial: ‘Sejam misericordiosos como o Pai é misericordioso”

O Convite do Senhor

Este convite é acompanhado de quatro exortações que são dirigidas aos apóstolos para moldar a vocação deles no dia-a-dia. São elas que darão forma, encarnarão e tornarão palpável o caminho do discípulo, como afirmou o Papa:

“Poderíamos dizer que são quatro etapas da mistagogia (-iniciação nos mistérios de uma religião-): amar, fazer o bem, abençoar e rezar.

Penso que, sobre estes aspetos, que parecem razoáveis, estamos todos de acordo. São quatro ações que facilmente realizamos com os nossos amigos, com as pessoas mais ou menos próximas na estima, nos gostos, nos costumes”.

Quando surgem os Problemas

Diz o Santo Padre que os problemas, aparecem quando Jesus nos apresenta os destinatários destas ações:

“Amem seus inimigos, façam o bem aos que lhes odeiam, abençoem os que lhes amaldiçoam, rezem pelos que lhes caluniam”:
“Encontramo-nos diante de uma das características mais específicas da mensagem de Jesus, onde se oculta a sua força e o seu segredo e da qual brota a fonte da nossa alegria, a força da nossa missão e o anúncio da Boa Nova: o inimigo é alguém que devo amar”, destacou o Papa.

O Coração de Deus não tem inimigos

Francisco disse que o coração de Deus não tem inimigos; Deus tem apenas filhos. Nós erguemos muros, construímos barreiras e classificamos as pessoas. O amor de Deus é fiel, materno e paterno, incondicional, que exige conversão do coração, que tende a julgar, dividir, contrapor e condenar.

E o Papa ponderou que “A nossa época é caracterizada por problemáticas e interrogativos fortes em escala mundial. Vivemos em um tempo em que ressurgem, como uma epidemia nas sociedades, a polarização e a exclusão, como única forma de se resolver os conflitos, ao invés, se torna uma ameaça e adquire a condição de inimigo”.

Onde pode estar o vírus da polarização

Disse Francisco:

“O vírus da polarização e da inimizade permeia em nosso modo de pensar, sentir e agir. Devemos estar atentos para que esta conduta não ocupe o nosso coração, porque vai contra a riqueza e a universalidade da Igreja, que se reflete no Colégio Cardinalício.

Viemos de terras distantes, temos costumes, cor da pele, línguas e condições sociais diferentes; pensamos e celebramos a fé com vários ritos. Isso não nos torna inimigos, mas é uma das nossas maiores riquezas”.

Descer do Monte

O Santo Padre concluiu sua homilia, recordando que Jesus não cessa de “descer do monte” para nos inserir na história e anunciar o Evangelho da Misericórdia.

Ele continua a enviar-nos à “planície” dos nossos povos e a dar-lhes a vida e a esperança, sinais de reconciliação.

Como Igreja, disse Francisco aos Cardeais, somos convidados a abrir os nossos olhos para ver as feridas de tantos irmãos e irmãs privados e provados na sua dignidade. Sejam misericordiosos como o Pai! (JSG)

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas