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“O precioso vinho espiritual da santidade”

Redação (Terça-feira, 29-11-2016, Gaudium Press) Imaginemos que fôssemos contratados para um novo emprego e ninguém nos explicasse o que deveríamos fazer; difícil seria poder exercê-lo com competência.

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Ou, então, que comprássemos um aparelho eletrônico de manuseio complicado e que, dentro da caixa, não encontrássemos o manual de instruções. Certamente, nosso desapontamento não seria pequeno, pois quão difícil seria colocá-lo em funcionamento. Que alivio se achássemos um manual!

Na vida quotidiana, vemos, com frequência, que os homens redigem manuais para facilitar o desenvolvimento dos afazeres humanos. Se isto é assim com os homens, não seria possível que o Criador do Universo, o nosso Pai Celestial, nos privasse de modelos para podermos exercer o papel mais importante desta vida: conquistar o Céu através da luta quotidiana.

Desta maneira, o Altíssimo nos deu um manual que, quando visto e lido através dos olhos d’Ele, é um farol que nos ensina a trilhar os caminhos da vida. Este guia é a natureza. Ora, toda a Obra da Criação foi feita para, de uma ou de outra forma, servir ao homem.

Pousemos, então, nosso olhar num fruto maravilhoso da terra que Deus quis utilizar como matéria para o Sacramento mais sublime: a uva que, depois de passar por certo processo, se transforma em vinho.

Ao analisar o procedimento que se realiza para obter um saboroso vinho, vemos que as uvas devem passar, por assim dizer, por certas circunstâncias difíceis: ao ser levadas ao lagar, elas são esmagadas – pisadas, literalmente -, para produzir esta bebida.

Ademais, é um fato digno de ser considerado e ressaltado que não é em todo tempo que as uvas dão seus produtos mais insignes. Existe uma época específica do ano em que a videira dá seus melhores frutos. Curiosamente, enquanto os outros alimentos que a terra produz precisam de um terreno fértil, a boa videira prefere solo seco e pedregoso. Quer dizer, para obter um vinho de boa qualidade, é preciso a videira ter nascido em condições aparentemente adversas.

Assim também é o ser humano.

Para florescerem heróis, muitas vezes, Deus permite e quer que estes passem, in tempore opportuno, pelas situações mais adversas e por dores tremendas. De fato, a História nos prova quão mais valiosos são os varões ou mulheres que foram submetidos pela Providência a terríveis sofrimentos e provações. Sendo esta terra um vale de lágrimas, é preciso que os homens passem pelas cruzes para alcançar o prêmio esperado.

“E, de fato, tal como o fruto da videira necessita ‘sofrer’ e ‘esperar’ para alcançar o requinte de seu próprio sabor, assim é o ser humano: para adquirir a plenitude de sua personalidade, não requer comodidades nem prazeres, mas padecimentos e docilidade à vontade divina. O sofrimento é, pois, um valioso bem para o homem. […] Com a dor, o ser humano sai de seu egoísmo, compreende a sua contingência e se abre para o sobrenatural. […] O sofrimento bem aceito produz o precioso vinho espiritual da santidade”.[1] E assim, seguindo o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, é pela cruz que o homem chegará à luz.

Por Irmã Daniela Chacaliaza, EP

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[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Editorial. Dr. Plinio, São Paulo, ano 14, n. 164, nov. 2011, p. 4.

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