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Profecia das 70 semanas de anos

Redação (Terça-feira, 10-01-2017, Gaudium Press) O Anjo São Gabriel apareceu ao Profeta Daniel e transmitiu-lhe uma profecia de capital importância, pois se refere ao ano do advento do Messias, Nosso Senhor Jesus Cristo.

O mais importante trecho do Livro de Daniel

Daniel se perguntava quando terminariam os setenta anos, anunciados por Jeremias, para que cessasse o exílio dos israelitas (cf. Dn 9, 2). Tendo feito jejuns e outras penitências, ele dirigiu a Deus uma belíssima oração.
Nessa prece plena de humildade, Daniel declara os graves pecados cometidos pelos israelitas, os quais não cumpriram as leis que Deus lhes transmitiu através de Moisés, rejeitaram os profetas. Recorda o imenso benefício que o Criador lhes concedeu, libertando-os da escravidão do Egito por meio de Moisés. Mas “por causa de nossos crimes e dos pecados de nossos pais, Jerusalém e teu povo são hoje uma vergonha em todo o derredor” (Dn 9, 16). Implora a Deus perdão e que Ele comece “a agir sem demora” (Dn 9, 19).

Então, São Gabriel, “voando rápido” (Dn 9, 21), chega junto ao Profeta e lhe transmite o conhecido oráculo das 70 semanas, referido em Dn 9, 20-27. A respeito desse trecho, afirma o Padre Fillion:
“Estas linhas são certamente as mais importantes do Livro de Daniel. Foram estudadas a fundo por grandes comentadores e teólogos, ou em monografias especiais […] Devemos contar um ano para cada dia” , de acordo com o Livro dos Números (14, 34); dessa forma são 490 anos. E os especialistas em Sagrada Escritura provam que essa profecia se aplica a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Luta entre os Anjos de Israel, da Pérsia e da Grécia

Ciro havia permitido aos judeus cativos na Babilônia que voltassem para a Judeia. Mas a maior parte deles preferiu ficar naquela grande cidade, “para não abandonar o bem-estar que eles tinham lá adquirido, para não afrontar os perigos e as provações de uma instalação nova num país em ruínas”. Daniel, em virtude das altas funções que exercia em Babilônia, não podia regressar, mas sofria pelo fato dos judeus se deixarem levar pelo comodismo, não querendo voltar a seu país. E para cessar essa situação, o Profeta multiplicava suas orações e penitências.

Então, aparece-lhe um Anjo sob a forma de um homem, “vestido de linho e tendo na cintura um cordão de ouro puro. Seu corpo parecia de pedra preciosa. O rosto era um relâmpago, os olhos, lâmpadas acesas” (Dn 10, 5-6). Como essa figura de Anjo é diferente dos anjinhos barrocos, que mais se assemelham a cupidos!

“Sua voz parecia o grito de uma multidão” (Dn 10, 6). Os que acompanhavam Daniel não viam o Anjo, mas ao escutá-lo todos fugiram apavorados, e o Profeta, também com muito medo, prosternou-se com o rosto em terra (cf. Dn 10, 7-9).
Esse Anjo era São Gabriel, que já aparecera duas vezes a Daniel (cf. Dn 8, 16 e 9, 20). Ele toca o Profeta com a mão e ordena que se levante. E lhe fala a respeito de um combate que estava havendo entre o Anjo dos judeus e o Anjo dos persas (cf. Dn 10, 13).

O Anjo da Pérsia lutava para que os judeus continuassem a beneficiar com sua presença os persas, pois estes seriam prejudicados com o edito de Ciro, autorizando o regresso dos israelitas para a Judeia. O Anjo de Israel venceu, mas, “a partir dessa época, os reis da Pérsia foram, em suma, favoráveis aos interesses dos judeus”.

A seguir, o Anjo afirma que iria partir para a guerra contra o Anjo dos gregos. “Estes detalhes preparavam o Profeta para as revelações que se seguirão, pois elas nos mostrarão Israel ameaçada primeiro pelos reis da Pérsia e depois, mais ainda, pelos reis gregos”.

O Anjo dos judeus era São Miguel (cf. Dn 10.13.21). A palavra “Miguel” se decompõe em Mi-ka-El, cujo significado é: “Quem como Deus?” O nome desse Anjo, um dos principais da hierarquia angélica, no Antigo Testamento é mencionado apenas por Daniel e, no Novo, na Epístola de São Judas Tadeu, versículo 9, e no Apocalipse 12, 7.

Quanto a essa luta de Anjos, afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que eles mantêm “uma discussão aos pés de Deus”, protegendo cada uma daquelas nações. Além de defendê-las contra os perigos, eles são também seus arquétipos.

Arcanjo São Miguel, o grande comandante

Em seguida, O Anjo descreve com detalhes (cf. Dn 11, 2 a 12, 13) a Daniel o que aconteceria com o reino persa e o grego, até o esfacelamento do império de Alexandre Magno. Depois narra as lutas que ocorreriam entre duas das dinastias nascidas desse império: os selêucidas e os ptolemaicos.

E fala de Antíoco Epifanes, Rei da Síria, o Anticristo do Antigo Testamento, que promoveria terríveis perseguições contra a religião e o culto dos judeus. Mas o Anjo não menciona nomes de pessoas nem de dinastias. As tropas militares de Antíoco iriam profanar o Santuário, abolir o sacrifício permanente e nele introduzir a abominação (cf. Dn 11, 31 e 12, 11).

Tratando das perseguições que os maus promoverão contra os verdadeiros católicos, Nosso Senhor cita o Profeta Daniel: “Quando virdes, então, a abominação desoladora, de que falou o Profeta Daniel, instalada no Lugar santo – o leitor entenda!” (Mt 24, 15).

E Daniel anuncia, após esse tempo de calamidade, a libertação final do povo de Deus, na qual terá grande papel São Miguel, “o grande comandante, sempre de pé” (Dn 12, 1).

Devemos crescer na devoção aos Anjos, pois eles nos protegem em todas as dificuldades, derrotando os espíritos malignos que pretendem perder nossas almas.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 96)

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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le Livre de Daniel. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 297.
2 – Idem, ibidem, p. 304.
3 – Cf. FILLION, op. cit. p. 307.
4 – FILLION, op. cit. p. 307.
5 – Idem, ibidem, p. 308.
6 – Cf. FILLION, op. cit. p. 307.
7 – Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A mensagem de Dona Lucilia. In Revista Dr. Plinio, São Paulo, n. 223, outubro 2016, p. 7.
8 – Cf. FILLION, op. cit., p. 308.309.321.

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