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Campanha de Natal e homilia do Cardeal uruguaio desagradam laicistas

Montevidéu – Uruguai (Quinta-feira, 12-01-2017, Gaudium Press) Em dezembro o Cardeal Arcebispo de Montividéu, Daniel Sturla, ficou muito em evidência por causa de uma iniciativa de grande alcance popular feita na preparação das festividades natalinas.

O destaque da iniciativa da arquidiocese foi a divulgação de um pôster impresso em tecido para ser colocado nos parapeitos das sacadas de casas e edifícios.

O pôster trazia impressa uma cena do Presépio da Catedral de Montevidéu e uma simples frase: Natal com Jesus.

Para usar uma linguagem de internet, o pôster “viralizou”.

A primeira edição de 5 mil exemplares esgotou-se rapidamente e logo já eram mais de 30 mil as “balconeras” penduradas em milhares de parapeitos espalhados pela cidade.

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Cardeal Sturla

Num país laicizado a tal ponto que o calendário oficial chama o Natal de “festa da família”, o fenômeno causou espanto e não houve indiferentes.

Uma segunda dose de espanto

A homilia que o Cardeal Sturla pronunciou na véspera do Natal foi um novo sopro sobre as cinzas e reacendeu brasas…

O cardeal foi claro e direto. Ele disse no seu sermão que os católicos devem sair para anunciar o Evangelho e não devem ficar no restritos a um casulo de laicismo.

A expressão usada pelo purpurado foi: ficar restrito ao “balde laicista”…

“não fiquemos entre nós, introjetando em nós esse balde laicista que há cem anos puseram neste país, com um dogma de que o religioso, sobretudo se for católico, deve permanecer no âmbito da consciência individual”.

“Essa é a negação do cristianismo” -acrescentou o Cardeal- “porque o cristianismo é a boa nova anunciada e vivida. É a boa nova expansiva pela sua própria natureza” e “é realizado à medida que nós, cristãos, compartilhamos a boa nova da Salvação (…) Não à medida que fiquemos no nosso grupinho católico onde ninguém nos incomoda”.

Mas o Arcebispo de Montevidéu foi mais enfático:

“No Uruguai plural, democrático e laico, somos uma minoria os católicos praticantes que militamos. Não queremos ser a minoria do porão, a minoria covarde, a minoria que fica tranquila e adormecida. Queremos ser pessoas com ímpeto, cheios de alegria da nossa condição de cristãos, com o desejo de contagiar outros”.

Como na divulgação dos pôsteres “Natal com Jesus”, novamente as reações não se fizeram esperar. Houve críticas de políticos e de outros seguimentos que diziam ser as declarações do Cardeal “infelizes e desatinadas” e “agressiva e desnecessária”.

O Cardeal responde os laicistas

Depois das críticas, o Cardeal de Montevidéu explicou suas afirmações e definiu sua opinião de que “uma coisa é a laicidade, que é positiva, se é compreendida como pluralidade de expressões na sociedade livre e democrática”.

Precisando suas palavras, Dom Daniel Sturla, afirmou que “É muito positivo que a Igreja e o Estado estejam separados e que cada um tenha seu espaço próprio de ação… o que nós dizemos que é negativo é esse laicismo secularizador, que pretendeu descristianizar o país, com coisas que chocam”.

E ele ainda opinou e historiou com o que acontece no Uruguai:

“Deve ser o único país do mundo onde o Natal, não é chamado oficialmente de Natal. Acredito que faz parte de uma realidade que fez mal para o Uruguai, porque o afastou das suas raízes”.

“Balde na cabeça” e “laicismo secularizador”

Mesmo depois da resposta do Cardeal, as repercussões continuam em todo Uruguai. E o assunto que parecia ser restrito alcançou as capilaridades da opinião pública e continuou a ter assento nos pensamentos e cogitações dos uruguaios e ainda continua chegando às diversas mídias.

Recentemente, o canal 12 de televisão convidou Dom Sturla para participar de seu conhecido “Desayunos informales”.

O Cardeal foi ao programa e pode distinguir que em sua homilia se referiu ao “laicismo” e não à “laicidade”, distinção “que eu acredito que no Uruguai não se pode entender muito”.

Diante das câmeras, o Arcebispo explicou: “O que chamei de ‘balde laicista’ é um dogma que o laicismo secularizador uruguaio de algum modo impôs ao país: significa que o cristão, sobretudo se for católico, deve ficar no âmbito da consciência individual”.

O Cardeal acabou por enfatizar que “todas as ideias querem se comunicar. E todas as que têm um sentido universal, como o cristianismo, querem ser comunicadas aos outros.

Então, a ideia de que o cristão deve ficar no âmbito da consciência individual, que é como um dogma do laicismo secularizador uruguaio, isso é o balde na cabeça”.

Moral da história

Todos os fatos que acontecem podem trazer lições para a vida. Se for um acontecimento, os ensinamentos que dele surgem são inevitáveis, formadores, educativos.

A moral da história que parece ser possível de se tirar é simples: Sopre as cinzas: debaixo delas, as brasas fumegam! (JSG)

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