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Daniel lançado novamente na cova dos leões

Redação – (Quinta-feira, 12-01-2017, Gaudium Press) O Profeta Daniel gozara grandes honras junto aos reis Nabucodonosor, Baltazar e Dario. E também Ciro, o conquistador de Babilônia, conservou-o em seu importante cargo.

Daniel destruiu o ídolo Bel…

Havia nessa cidade um enorme ídolo chamado Bel, que os babilônios adoravam. Todas as noites, colocavam junto ao ídolo “12 sacas da melhor farinha de trigo, 50 ovelhas e seis barricas de vinho” (Dn 14, 3), para que ele pudesse se alimentar…

Também Ciro acabou prestando culto a esse ídolo e, vendo que Daniel não o cultuava, perguntou-lhe o motivo.

– Só adoro o Deus vivo e não uma imagem fabricada, respondeu o Profeta.

– Mas esse deus é vivo. Não vês quanta coisa ele come e bebe diariamente?

Sorrindo, Daniel afirmou:

– Por fora Bel é de bronze e por dentro, de barro; jamais comeu ou bebeu coisa alguma.

O rei ordenou que os sacerdotes de Bel viessem à sua presença e declarou-lhes: “Se me provardes que Bel devora toda essa comida, mandarei matar Daniel; caso contrário, sois vós que morrereis.” O número de sacerdotes era 70, sem contar suas mulheres e crianças.

Ciro e Daniel foram, então, até o templo de Bel, onde já se encontravam os sacerdotes, que disseram ao Rei: “Mande depositar dentro do templo a comida e a bebida; em seguida tranque a porta dele, lacrando-a com o sinete real. E amanhã se não verificardes que tudo foi devorado por Bel, estaremos dispostos a morrer. Do contrário, Daniel é quem deve ser morto.” E os sacerdotes falaram isso porque tinham feito uma entrada secreta por debaixo da mesa, por onde eles sempre passavam para recolher os alimentos.

Depois de terem sido colocadas no templo a comida e a bebida, os sacerdotes se retiraram. Então, Daniel mandou aos seus servos que trouxessem cinza e a esparramassem em todo o piso do templo, à vista apenas do Rei. Ao saírem, fecharam a porta, puseram o lacre com o sinete e foram-se embora. À noite, vieram os sacerdotes com suas mulheres e crianças; entraram pela porta secreta e comeram e beberam no interior do templo.

No dia seguinte, bem cedo, Ciro e o Profeta foram ao templo, cuja porta estava trancada com o lacre. Logo que esta se abriu, o Rei viu que não havia mais nenhum alimento e disse: “Tu és grande, ó Bel!”

Daniel sorriu e pediu a Ciro que não entrasse no templo, mas olhasse para o piso e verificasse de quem eram aquelas marcas. Confirmando que tais pegadas eram dos sacerdotes, suas mulheres e crianças, o Rei ordenou que trouxessem todos eles presos, e obrigou os primeiros a mostrarem a passagem secreta. “Em seguida, o Rei mandou matá-los e entregou o ídolo a Daniel, que o destruiu junto com o próprio templo” (Dn 14, 22).

…e matou o dragão adorado pelos babilônios

Havia também em Babilônia um grande dragão que era adorado pelo povo. Explica Fillion que “dragão” tem aqui o sentido de serpente; os monumentos cuneiformes mostram que os babilônios prestavam culto à serpente. Ciro declarou a Daniel: “Não digas que este não seja um deus vivo, pois ele mata e come animais!”

O Profeta respondeu-lhe que, se o Rei lhe autorizasse, ele liquidaria o dragão sem usar espada ou porrete (cf. Dn 14, 26). Tendo Ciro consentido, “Daniel pegou piche, sebo e crinas, cozinhou tudo junto, fez com aquilo uns bolos que jogou na boca do dragão. Ele engoliu tudo aquilo e se arrebentou” (Dn 14, 27).

Ao saberem disso, os babilônios ficaram revoltados contra o Rei, dizendo que ele se tornara judeu, quebrou o ídolo Bel, matou o dragão e assassinou os sacerdotes. E um grupo deles se dirigiu a Ciro e o ameaçaram: “Entrega-nos Daniel, senão nós te matamos a ti e a toda a tua família” (Dn 14, 29).

O Rei acabou cedendo, e o Profeta foi lançado – agora pela segunda vez – na cova dos leões onde ficou por seis dias. Anteriormente, ele fora colocado na cova por Dario, e nela permanecera com os leões durante uma noite (cf. Dn 6, 20). “Havia nessa cova sete leões e, todos os dias, jogavam para eles dois cadáveres e duas ovelhas. Nessa ocasião não lhes deram nada, para que devorassem Daniel” (Dn 14, 32).

Habacuc é conduzido por um Anjo até à beirada da cova

Enquanto isso ocorria em Babilônia, o Profeta Habacuc, que vivia na Judeia – devemos nos recordar que os caldeus levaram para o exílio os judeus das classes mais altas, deixando no país os pobres -, preparou um cozido com alguns pães a fim de entregá-los aos camponeses. Não se trata do Profeta menor de mesmo nome, o qual viveu numa época anterior à de Daniel.

Um Anjo lhe apareceu e ordenou que levasse essa refeição a Daniel, o qual estava na cova dos leões, em Babilônia. Habucuc disse ao Anjo que nunca vira essa cidade e nem conhecia tal cova. Então, “o Anjo do Senhor pegou Habucuc pelo alto da cabeça, carregou-o pelos cabelos e, na velocidade do pensamento, colocou-o à beira da cova”. Então, Habacuc gritou: “Daniel! Pega logo esse almoço que o Senhor te mandou!” (Dn 14, 36-37).

Fatos análogos aconteceram com o Profeta Elias, conduzido por Anjos ao Paraíso Terrestre (cf. II Re 2, 11), e bem depois com o Diácono Filipe (cf. At 8, 39), o qual, após ter batizado um alto personagem da Etiópia, foi arrebatado por Deus (cf. At 8, 39). Daniel agradeceu a Deus e serviu-se desse alimento durante vários dias. E o Anjo recolocou Habacuc no mesmo lugar onde estava antes.

No sétimo dia, Ciro foi até à cova para chorar a morte de Daniel, e viu que o Profeta estava em seu fundo “sentado tranquilamente”. Então, o rei exclamou em alta voz: “Tu és grande, ó Senhor, Deus de Daniel! Além de ti não existe outro deus!” E mandou retirar Daniel da cova e nela jogou aqueles que pretendiam matá-lo. “Foram devorados num instante, na presença do rei” (Dn 14, 39-42).

Não existem dados sobre a morte de Daniel. Diversos autores afirmam que seu túmulo está localizado próximo à cidade de Susa, no Sudoeste do Irã; sua memória era celebrada em 27 de julho.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 97)

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