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Fome não de pão, mas de ouvir a palavra de Deus

Redação – (Quarta-feira, 18-01-2017, Gaudium Press) Muitos falam da fome que parcelas da população têm de alimentos materiais. Poucos são aqueles que se referem à fome, muitíssimo mais grave, de ouvir a palavra de Deus – da qual a Igreja Católica é a depositária -, citada por Amós, um dos profetas menores.

Mas quais foram os profetas menores e por que receberam esse título?

Eis seus nomes: Jonas, Amós, Oseias, Miqueias, Naum, Sofonias, Habacuc, Abdias, Ageu, Zacarias, Joel e Malaquias. São denominados “menores” em comparação com os quatro profetas maiores: Isaias, Jeremias, Ezequiel e Daniel, os quais receberam de Deus vocações superiores e desempenharam missões mais importantes.

Todos esses profetas tiveram grandeza, magnificamente expressa pelas esculturas do Aleijadinho.
Tendo já tratado de Jonas, faremos uma síntese a respeito dos outros onze, seguindo dentro do possível a ordem cronológica da existência de cada um deles.

“Odiai o mal, amai o bem”

Amós era pastor de ovelhas e exerceu seu ministério profético no século VIII a.C. Embora iletrado, estava longe de ser um homem rústico. Nota-se em seu Livro que conhecia bem a Sagrada Escritura; “ele possuía preciosas qualidades naturais quanto ao estilo e à eloquência.”

Apesar de pertencer ao reino de Judá, suas profecias se dirigem quase exclusivamente ao reino cismático das dez tribos, Israel, que será punido por causa de sua idolatria e corrupção moral. Eis alguns trechos do Livro de Amós:
“Odiai o mal, amai o bem […] Detesto vossas festas, não sinto o menor prazer nas vossas celebrações! […] Afasta de Mim a algazarra de teus cânticos, a música de teus instrumentos nem quero ouvir” (Am 5, 15.21).

Dia virá em que haverá fome na terra, mas “não será fome de pão nem sede de água, e sim de ouvir a Palavra do Senhor”. As pessoas “irão cambaleando […] sem rumo, à procura da Palavra do Senhor, sem poder encontrá-la” (Am 8, 11-12).

“Morrerão à espada todos os pecadores do meu povo, os que dizem: ‘Está longe! Essa desgraça não nos alcança!'” (Am 9, 10).

“Do Egito chamei o Meu filho”


Oseias foi contemporâneo de Amós e pregou durante aproximadamente 50 anos. O objetivo principal, quase único, de suas profecias é o reino cismático de Israel, que se encontrava numa terrível decadência religiosa e moral. O Novo Testamento cita trechos do Livro de Oseias nove vezes.

Os fatos narrados no início do Livro (cap. 1 a 3) – seu casamento com uma mulher de má vida e os nomes de dois de seus filhos – “de uma parte, eram capazes de causar impressão sobre os judeus e sacudi-los de seu torpor religioso, manifestando a gravidade de seus crimes […] E de outra parte, mostram o que podiam esperar do divino amor se eles se emendassem corajosamente”.

Indignado com as iniquidades de seu povo, “sua linguagem parece uma torrente impetuosa”. Entretanto, tem um coração ardente de amor a seus irmãos e mostra também a dileção de Deus para com seu povo.

Citaremos alguns trechos de seu Livro.

– “Do Egito chamei o Meu filho” (Os 11, 1). São Mateus cita essa profecia, aplicando-a ao regresso do Menino Jesus – com Maria e José – do Egito, após a morte de Herodes: “Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: ‘Do Egito chamei o meu Filho'” (Mt 2,15)

– Nesta terra as pessoas “mentem, matam, roubam, cometem adultério, cometem assassinatos um atrás do outro. Por isso é que o país está todo abatido e seus cidadãos estão murchos. Os animais silvestres, as aves do céu e até os peixes do mar estão desaparecendo” (Os 4, 2-3).

Devemos notar a correlação existente entre o pecado e o desequilíbrio psicológico do homem, bem como as consequências que ele produz na natureza: animais, aves e peixes.

Realmente, o pecado é uma agressão a Deus e à própria consciência de quem o pratica. Entre outras consequências, ele produz nos homens desânimo e tristeza, ou seja, ficam “murchos”. Além disso, o pecado “ofende a ordem do universo”.

O Messias nascerá em Belém

Miqueias atuou por volta de 740 a 700 a. C. no Reino do Sul, isto é, de Judá. “Seu estilo simples e enérgico, habitualmente muito puro, atesta a idade de ouro da literatura profética.”

Eis algumas de suas profecias:
– Os habitantes de Jerusalém se tornarão cativos dos caldeus e depois retornarão: “Filha de Sião […] serás levada para a Babilônia, mas de lá serás tirada” (Mq 4, 10).

– O Messias nascerá em Belém: “Tu, Belém de Éfrata , pequenina entre as aldeias de Judá, de ti é que sairá para Mim aquele que há de ser o governante de Israel.” (Mq 5, 1). E refere-se também à Santíssima Virgem, a Mãe do Redentor: “Deus os abandonará até o momento em que der à luz aquela que deve dar à luz” (Mq 5, 2). Ou seja, o povo antes abandonado alcançará a restauração por intercessão da Mãe do Salvador.

– Nosso Senhor Jesus Cristo será perseguido pelo seu próprio povo: “Meu povo, que te fiz Eu? Ou em que te maltratei, responde-Me!” (Mq 6, 3) Na Liturgia da Sexta-Feira Santa esse trecho de Miqueias é recitado.
Esses profetas são santos e suas memórias se celebram nas seguintes datas: Santo Amós (15 de junho), Santo Oseias (17 de outubro), São Miqueias (21 de dezembro).

 

Por Paulo Francisco Martos (in Noções de História Sagrada – 98)

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1 – Ver Jônatas e a conversão de Nínive, in Noções de História Sagrada, n. 76, artigo publicado pela Gaudium Press em 9-7-2016.
2 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – La Prophétie d’Amos. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 407.
3 -Cf. FILLLION, op. cit. p. 408.
4 -FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – La Prophétie d’Osée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 343.
5 -Idem, ibidem, p. 341.
6 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013. v. VII, p. 242-243.
7 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – La prophétie de Michée. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 468.

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