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Médicos Católicos afirmam: “eutanásia não é um ato médico”

Lisboa – Portugal (Segunda-feira, 20 -03-2017, Gaudium Press) A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP), através do seu Conselho Nacional expressou sua “absoluta oposição à prática da Eutanásia”, num contributo para o debate sobre o tema, defendendo o valor da vida humana e o papel do médico.

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O documento que veio a público foi aprovado por unanimidade no último no último Conselho Nacional da AMCP, realizado no último 18 de março, em Fátima.

O pronunciamento do Conselho da AMCP foi elaborado tendo como pano de fundo a próxima apresentação na Assembleia da República Portuguesa de dois projetos de lei que pretendem legalizar a prática da Eutanásia.

“Reafirmamos, pois, com convicção e fortaleza, que toda a vida merece acolhimento, respeito e proteção. Que toda a vida tem dignidade. Que nenhuma circunstância a tornará indigna. Muito menos a doença ou o sofrimento”, diz o comunicado da Associação dos Médicos Católicos Portugueses.

Médico e Confiança

Os médicos católicos reiteram que desejam estar a serviço da vida e dos enfermos. Eles afirmam que conhecem a “importância da confiança” na relação médico-doente e no sistema de saúde.

Segundo eles, “A possibilidade da (realização legal) da Eutanásia fere de morte esta confiança”, alerta a associação que manifesta ainda sua “veemente oposição” à legalização da Eutanásia e “à violação ou alteração do Código Deontológico”.

Eutanásia não é um ato médico

A AMCP apresentou um elenco de 10 razões que justificam e reafirmam sua “absoluta oposição à prática da Eutanásia”: ela “não é um ato médico”.

Para os médicos católicos, “Os princípios da medicina excluem a prática da eutanásia, da distanásia e do suicídio assistido. Não se pode instrumentalizar a medicina com objetivos que são alheios à sua atividade, à sua prática, à sua Ética e à Lei Fundamental”, afirmam eles com veemência.

O documento dos médicos distribuído pela Associação dos Médicos Católicos Portugueses sublinha que “não é possível” ser médico sem passar pelo confronto “com o sofrimento e com a morte” mas os médicos não são “donos da vida dos doentes”, como não são donos da sua morte. Segundo eles, “É possível aliviar a dor física intensa e a angústia. Os medicamentos hoje disponíveis tornam possível o bem-estar, sem dor”, destacam.

Termos para confundir e manipular opiniões

De acordo com a AMCP, o debate público tem introduzido ideias pouco definidas e até contraditórias como “as da autodeterminação, da liberdade, da dignidade e da compaixão”.

A Associação dos Médicos considera que é preciso ser claro quando são enunciados certos termos que, de fato, pretendem “confundir e manipular a opinião pública” e que favorece ideais contrários à vida.

“A sociedade portuguesa foi confrontada, mais uma vez, afirma o documento dos médicos, com uma proposta que atenta contra a vida humana: a legalização da eutanásia; esta é apresentada sob a aparência de um acto de misericórdia e escondida numa capa de compaixão, procurando ocultar a realidade do que se propõe: tornar legal que os médicos matem, a pedido, determinados doentes. Apelidada, de forma camuflada, de “morte assistida” ou de “morte com dignidade”, a eutanásia é entendida como um direito, um exercício de liberdade de pessoas com doenças incuráveis e em sofrimento intolerável, exigindo-se, para isso, por parte dos médicos, o dever de matar os doentes, a seu pedido.”

Concluem os Médicos Católicos: “A vida é um direito inviolável e irrenunciável. Ninguém deverá ter, seja em que circunstâncias for, o direito a ser morto. A pretensão de querer eliminar o sofrimento é compreensível. Mas não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a pessoa que sofre”, esclarecem os Médicos Católicos que ainda defendem o “alargamento” das redes de cuidados continuados e de cuidados paliativos, que “é o esforço” que uma sociedade mais humana deve promover. (JSG)

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