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Paz dos homens e Paz de Deus

Redação (Segunda-feira, 20-03-2017, Gaudium Press) A paz que oferecem os homens é diferente daquela que oferece Deus.

Já o disse o Salvador: “Eu lhes deixo a paz, eu lhes dou a minha paz não como a dá o mundo”.

Como é esta paz do mundo? É a paz “que dão os homens que amam o mundo”, os quais “oferecem a paz afim de poder gozar, não de Deus, mas do mundo, sem os incômodos de juízos e de guerras”. (1) Quando estes mundanos oferecem a paz aos bons, não oferecem uma paz verdadeira, pois estão oferecendo algo que desune de Deus, e a paz somente se encontra na união com Deus.

Todos os homens buscam a paz, expressa Mons. João Clá, EP, em seus excelentes comentários às Escrituras “O inédito sobre os Evangelhos”. Mas com frequência a buscam onde não se encontra. No entanto, São Beda nos diz onde está a verdadeira paz: ‘A verdadeira, a única paz das almas neste mundo consiste em estar cheias do amor de Deus e animadas da esperança do Céu, a ponto de considerar pouca coisa os êxitos ou reveses deste mundo. (…) Se engana quem imagina que poderá encontrar a paz no gozo dos bens deste mundo e em suas riquezas. As frequentes perturbações nesta Terra e o fim deste mundo deveriam convencer ao homem de que ele construiu sobre areia os fundamentos de sua paz”. (2)

Quer dizer se alguém busca neste mundo a estabilidade, é loucura, pois este mundo e sobretudo este atual, é a instabilidade, a incerteza, a sem razão do futuro. Se alguém busca a alegria eterna neste mundo é loucura, pois agora, depois de muito esforço, pode estar muito alegre, mas já sei que logo virá a não alegria. Se alguém busca gozar sempre do bem-estar da boa saúde, pois é loucura, porque como dizem os franceses “La santé est un état précaire qui ne présage rien de bon”, a saúde é um estado precário que não pressagia nada de bom”.

Resume Mons. João Clá dizendo que a paz verdadeira se “encontra na santidade para a qual todos nós somos chamados”. “Fomos criados por Deus e para Ele; enquanto a Suma Verdade não ilumine nossa inteligência, enquanto o Bem Supremo não ocupe um lugar primordial em nosso coração, serão frustrados nossos esforços em busca da paz. Em um mesmo coração não podem viver juntos a paz e o pecado. ‘Não há paz no coração do homem carnal, nem no do homem entregue às coisas exteriores, mas somente naquele que é fervoroso e espiritual’. Por isso, quanto mais procuro a paz nos gozos deste mundo, mais me acusará minha consciência pelo fato de colocar-me fora da ordem do universo”, (3) ratifica o fundador dos Arautos do Evangelho.

É no homem “espiritual” onde há paz e alegria. Porque seus desejos se vem cumulados -na medida que aquilo é possível nesta terra- com a realização de seu objeto, com a posse do desejado, o que traz satisfação.

O homem espiritual, como todo homem, deseja ternura, e ele sente a ternura de Deus nas graças que Ele lhe dá, ou nas tonalidades de um pássaro, que Deus criou com ternura para a contemplação humana.

Mas também o homem espiritual, como todo homem, deseja uma fortaleza infinita que o inunde, que o proteja, e ele a sente no dom de fortaleza do Espírito Santo, ou a percebe na força do raio, do furacão, ou de um vulcão em erupção, obras de Deus para que o amemos em sua força e grandeza.

E da mesma maneira o homem espiritual, como todo homem, deseja a beleza perfeita, que é o esplendor da verdade e o esplendor da bondade, e ele a sente em seu interior quando percebe os ‘adornos’ de todos os dons de Deus, e igualmente a contempla na maravilha da Criação ou nas belas obras dos homens, as ‘netas’ de Deus.

E assim, por diante.

Somente há paz com Deus. Sem Deus, o homem se destroça e destroça aos outros, buscando saciar esses desejos que somente Deus tranquiliza.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

(1) Santo Agustinho. In Ioannis Evangelium. Tractatus LXXVII, n.5. In: Obras. 2 ed. Madrid. BAC, 1965, v. XIV, p. 353 Apud. João Scognamiglio Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos – Comentários aos Evangelhos dominicais – I – Ano A – Domingos do Advento, Natal, Quaresma e Páscoa. Libreria Editrice Vaticana. Cidade do Vaticano. 2013. p. 100.

(2) São Beda. Homilia XI. In Vigília pentecostes: ML 94, 196-197. Apud. João Scognamiglio Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos – Comentários aos Evangelhos dominicais – I – Ano A – Domingos do Advento, Natal, Quaresma e Páscoa. Libreria Editrice Vaticana. Cidade do Vaticano. 2013. p. 101.

(3) João Scognamiglio Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos – Comentários aos Evangelhos dominicais – I – Ano A – Domingos do Advento, Natal, Quaresma e Páscoa. Libreria Editrice Vaticana. Cidade do Vaticano. 2013. p. 101.

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