Espanha: 115 Mártires da Revolução comunista de 36 são beatificados
Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 27-03-2017, Gaudium Press) Depois de rezar a oração mariana do Angelus, na Audiência Geral do Domingo, na Praça São Pedro, o Papa recordou aos presentes a beatificação realizada em Almería, Espanha, do Padre Álvares Benavides y de la Torre e de seus 114 companheiros de martírio.
Todos mortos pelas autoridades comunistas durante a Guerra Civil espanhola de 1936.
A Missa de beatificação dos 115 mártires foi rezada em Almería, sendo presidida pelo Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, Cardeal Ângelo Amato.
O Cardeal Amato concedeu entrevista para a Rádio Vaticano e nós aqui transcrevemos os trechos mais salientes:
Perseguição por ódio à Fé
“Naqueles anos, na Espanha, se desencadeou contra a Igreja, os seus ministros e os seus fiéis, a grande perseguição, que custou a vida de milhares de pessoas, homens e mulheres, leigos e consagrados, assassinados somente por serem católicos”, recordou o Cardeal.
“Todas as dioceses deram a sua contribuição para esse martírio”, disse o Cardeal Prefeito. “Hoje, continuou, o Papa Francisco eleva à honra dos altares 115 mártires da Diocese de Almería, mortos por ódio à fé. “Recordemos-lhes, porque a nós cabe o dever da memória, para não perder este patrimônio incomparável de obediência ao Deus da vida e à sua palavra de caridade. Nós os recordamos, porque queremos reafirmar que o cristianismo é a religião da caridade e da vida e se opõe a toda forma de prevaricação e de violência”.
Padre José Álvarez-Benavides de la Torre
“Os testemunhos afirmam que era um pastor de grande personalidade, de excepcional prestígio e de grande virtude.
Pego nos últimos dias de julho de 1936, a sua prisão era uma barca utilizada para o transporte de ferro. Suas roupas, assim como dos outros prisioneiros, tornaram-se pretas como o carvão, e o clima, devido ao verão, era asfixiante.
Não obstante isto, o Padre José conseguiu criar entre os prisioneiros um clima de recolhimento e de oração.
Foi-lhe pedido, sob inumeráveis e cruéis formas de tortura, para renegar a fé e blasfemar o nome de Cristo.
Mas ele se opôs até o final. Morreu fuzilado, confessando Cristo Rei e perdoando os seus algozes”, disse o Cardeal Amato para a Radio Vaticano.
Leigos
O prefeito da Congregação para a Causa do Santos comentou a presença de leigos entre martirizados:
“Além dos sacerdotes havia também leigos. Entre os leigos, por exemplo, posso mencionar o Luis Belda y Soriano de Montoya, de 34 anos, pertencente à Ação Católica e advogado de estado.
Era uma pessoa piedosa, preocupada em ajudar os necessitados que se dirigiam a ele. Era de missa e comunhão diária.
Tinha um grande espírito apostólico: visitava os doentes, proferia conferências sobre a família, sobre a educação dos filhos, sobre a defesa dos não-nascidos. Educava todos ao respeito pelo próximo. Devoto da Bem-aventurada Virgem, rezava o terço diariamente. Amava a Igreja, era fiel ao Papa e obediente ao Bispo.
Entregou-se voluntariamente aos milicianos, para não comprometer a sua família. O único motivo de sua prisão era o fato de ser católico.
As suas últimas palavras, gritadas para a mulher da barca, antes do fuzilamento, foram:
“Perdoo de coração todos aqueles que me ofenderam e aqueles que podem me fazer mal”.
Os seus restos mortais foram encontrados boiando nas ondas, próximo à praia”.
As mulheres martirizadas
Houve mulheres martirizadas entre os 115 novos Beatos? Perguntou a Rádio Vaticano.
“Sim, respondeu o Purpurado, entre as mulheres mortas por ódio à fé está, por exemplo, Carmen Godoy Calvache, de 49 anos.
Era uma pessoa muito caridosa, que utilizava o dinheiro em obras de caridade e o fazia com generosidade. A quem tinha problemas de saúde com os filhos, enviava ao médico e pagava as despesas.
No início da perseguição, foi privada de todos os seus bens. Os milicianos se apossaram do dinheiro, das contas bancárias, das propriedades. Ocuparam também a sua casa.
Aprisionada, foi submetida a toda espécie de maus-tratos, sobretudo por parte das milicianas, que se divertiam em torturá-la, condenando-a à fome e à sede.
Foi ferida com golpes de punhal, foi submetida à simulação de afogamento no mar, e na última noite do ano de 1936, depois de ter sido maltratada e mutilada no peito, foi enterrada ainda viva.
Na taverna do porto, seus algozes embriagavam-se, gloriando-se das violências cometidas contra a pobre vítima”.
Dignidade do Bem, versus estupidez irracional do mal
Antes encerrar sua entrevista o Cardeal Ângelo Amato recordou:
“Citamos somente três exemplos. Mas todos os mártires eram pessoas boas, indefesas e totalmente inocentes que, como cordeiros tiveram que se submeter aos abusos perversos de homens e mulheres que, na realidade, desonraram a natureza humana com suas ações malévolas.
“Estamos diante, por um lado, da dignidade do bem, e de outro, da estupidez irracional do mal.
Hoje somos agradecidos aos novos Beatos pelo seu testemunho de fidelidade a Cristo e de coerência às promessas batismais.
Os admiramos e honramos como exemplos de perdão e inspiradores do bem”. (JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações RV)
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