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“Não deixem as baleias matarem nossos jovens”, alerta bispo de Porto Alegre

Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Quarta-feira, 26-04-2017, Gaudium Press) Nos últimos dias, um termo em específico tem chamado a atenção de milhares de pessoas, sobretudo, as famílias: baleia azul. O jogo que consiste em uma série de 50 desafios passados por meio de grupos fechados em redes sociais, desde macular o próprio corpo desenhando uma baleia até assistir filmes de terror de madrugada, tem como sua última etapa o suicídio.

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De acordo com o bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Leomar Antônio Brustolin, o jogo lança um desafio “para famílias, igrejas e sociedade”. “Não deixem as baleias roubar nossos jovens”, diz o prelado.

Em seu mais recente artigo intitulado “Não deixem as baleias matarem nossos jovens”, publicado no site da Arquidiocese, Dom Leomar aborda a jogatina como perigosa para a juventude que está desamparada de apoio familiar e espiritual.

Para o bispo auxiliar de Porto Alegre, “não basta se escandalizar com o terrível jogo mortal baleia azul. É preciso avaliar o tipo de vida que estamos levando e obrigando as futuras gerações a viverem”.

“Vive-se num tempo de forte acento individualista, quando as sociedades regidas por uma lógica narcísica multiplicam as iniciativas autodestrutivas. Diante da crise de afeto, da banalização do outro e do relativismo que colapsa valores comuns, o suicídio é hoje a expressão de uma crise de despersonificação”, adverte.

Ainda segundo Dom Brustolin, “muitos sujeitos altamente conectados estão perdidos no turbilhão de informações, vítimas da overdose de opções para se atingir a felicidade”. Contudo, lembrou que esta é “uma felicidade momentânea, hedonista e eminentemente individual”.

“A pessoa acaba movendo-se num horizonte sem meta, flutuando numa atmosfera de várias opções de sentido, de comportamentos, de ética. Os condicionamentos de uma sociedade desumanizada impedem que o indivíduo se realize”.

Em meio a este contexto, prosseguiu Dom Leomar, “sem perspectiva de futuro e esquecendo o passado, muito se tem insistindo em viver somente o presente”.

O prelado ressaltou ainda que “o suicídio, como no jogo baleia azul pode acontecer até mesmo sem desejo de morrer, como um ato de violência não planejado”, pois “o que importa é fazer a experiência, ter a sensação, sentir a emoção do momento”.

Ao nos depararmos com esta realidade atual na qual observamos os casos de jovens entretidos com este jogo suicida, o religioso recorda que “a estrutura, o ambiente e a educação familiar são fundamentais para desenvolver níveis de felicidade que diminuam o instinto autodestrutivo”.

“Aqui entram a ética e o cuidado para pensar preventivamente, atuando no sistema educacional, reconstruindo sentidos, resgatando valores, autorizando a expressão de sentimentos e pensamentos, fortalecendo os vínculos e a espiritualidade”, assinala.

Então, conclui Dom Leomar, “é preciso cuidar e libertar-se do mito atual da sociedade de consumo e do bem-estar de que só vale a pena viver se há prazer. Saber lidar com as perdas, os limites e as frustrações podem mostrar o que realmente tem valor na vida; de forma extremamente eficaz, ajuda a discernir o que é secundário e o que é essencial”.

“O alerta do desafio da baleia azul é para todos, aponta para a necessidade de um novo olhar sobre a vida, conectado, mas não alienado; informado, mas não desafetado; livre, mas não narcísico”, completa. (LMI)

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