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Alexandre Magno foi dominado pela soberba

Redação (Quinta-feira, 27-04-2017, Gaudium Press) Desde a morte de Neemias até o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, decorreram quatro séculos. A respeito desse período existem, no Antigo Testamento, apenas os dois livros dos Macabeus, que nos conservaram a memória das lutas sustentadas pelos israelitas fiéis a Deus contra a impiedade, que naquele tempo se apresentava com o nome de helenismo.

Macabeu significa martelo

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O principal herói dessa época foi Judas Macabeu. A palavra “Macabeu” significa martelo. Os hebreus deram a Judas esse glorioso sobrenome por causa do admirável heroísmo que ele demonstrou nessa epopeia; análogo sobrenome recebeu, séculos depois, Carlos Martel.

Esse termo aplicou-se também a seus irmãos Jônatas e Simão, aos judeus que sofreram corajosamente o martírio sob Antíoco Epífanes, Rei da Síria. E enfim aos livros que contam a história desse período.

O primeiro Livro dos Macabeus narra as lutas de Matatias e seus três filhos, Judas, Jônatas e Simão E fala brevemente de João Hircano, que sucedeu seu pai, Simão. Abrange um período de 40 anos (175 – 135 a. C.).

O segundo não é uma continuação do primeiro. Relata novamente os fatos narrados neste, apresentando outros aspectos, e termina com a libertação de Jerusalém por Judas Macabeu. Abrange 15 anos (176 – 161 a. C). “A linguagem do segundo livro é geralmente mais quente”, e esse calor o torna “mais atraente, fazendo que o leitor participe, se ele não tem ‘ideias preconcebidas’, dos sentimentos do narrador”.

Alexandre Magno dominou muitas nações

Inicia-se o I Livro dos Macabeus falando a respeito de Alexandre Magno, que reinou de 336 a 323 a.C. e conquistou muitas nações; “a Terra emudeceu diante dele” (I Mc 1, 3).
Era filho de Felipe da Macedônia, o qual organizou um exército superior a todos os outros então existentes. Compunha-se de uma cavalaria — que se recrutava na nobreza –, uma infantaria e uma artilharia. Felipe dominou a Grécia e planejava conquistar a Pérsia, mas foi assassinado em 336 a. C.

Alexandre sucedeu-o, tendo apenas 20 anos de idade. Fora discípulo de Aristóteles, mas se deixou dominar pelo orgulho; “seu coração se exaltou e ele se ensoberbeceu” (I Mc 1, 3).

Dotado de um corpo bem proporcionado, extremamente ativo e rápido, de ânimo varonil, ele conquistou a Pérsia, o Egito, várias outras nações e chegou até a penetrar na Índia. Ao longo das terras subjugadas, fundou diversas cidades com o nome de Alexandria, sendo a principal delas a capital do Egito, que se tornou a maior colônia judaica da Antiguidade; os hebreus traduziram ali a Bíblia para o grego, cognominada “Setenta”, pois o trabalho foi elaborado por 72 rabinos, seis de cada uma das doze tribos.

E tratou com benevolência os judeus

Narra São João Bosco que Alexandre Magno marchou também contra Jerusalém. “Jado, Sumo Pontífice, por inspiração divina, mandou que todo o povo, vestido de branco, e os sacerdotes revestidos dos sagrados paramentos fossem com ele, também em hábitos pontificais, ao encontro do terrível conquistador.

Ao contemplar aquele magnífico e devoto aparato, Alexandre subitamente se acalmou e, todo cheio de respeito, aproximou-se do Pontífice. Admirando-se disso os de seu séquito, respondeu que se lembrara de uma visão que tivera; uma noite o Senhor lhe aparecera daquela mesma forma como se apresentava o Pontífice, e o animara a empreender a guerra contra a Pérsia. Depois quis que, pelo mesmo Sumo Sacerdote, fosse oferecido no Templo um sacrifício. Jado mostrou-lhe uma profecia de Daniel, na qual se predizia que um príncipe grego conquistaria o império dos persas. Alexandre, persuadido de que isso se referia a ele mesmo, tratou com muita benevolência os judeus. Fez ricos presentes ao Templo e partiu após ter-lhes concedido inúmeros favores.”

Alexandre deixou Jerusalém sob aclamações de entusiasmo, e grande número de judeus se alistou em seu exército.

A intemperança abreviou os seus dias

Mas ele não correspondeu a essa graça e se deixou dominar pela soberba, a tal ponto que pretendeu ser adorado como deus. “Sabe-se que a intemperança abreviou os seus dias. ” . Encontrando-se em Babilônia, onde pretendia estabelecer a capital de seu império, certo dia foi atingido por uma febre e, durante um banquete, morreu. Tinha 32 anos de idade. Seu império foi então dividido pelos seus generais em quatro partes, uma das quais passou a ser governada pelos selêucidas (Síria) e outra pelos ptolomeus (Egito).

O Livro de Daniel assim fala de Alexandre Magno e da segmentação de seu reino: “Aparecerá um rei valente, que há de dominar o grande império e fazer o que bem entender. Assim que ele se estabelecer, porém, seu império será dividido pelos quatro ventos do mundo. Não, porém, entre seus descendentes nem com o mesmo poder com que fora governado, mas será retalhado entre pessoas estranhas” (Dn 11, 3-4).

De fato, nenhum membro da família de Alexandre herdou seus Estados nem suas riquezas. Seu filho natural Heráclito morreu assassinado, seu irmão também; e outro seu filho póstumo nada recebeu.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 109)

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1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Les Livres des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 629.
2 – FILLION, op. cit. p. 635.
3 – Cf. DEZ, G. e WEILER, A. – Curso de História Jules Isaac – Oriente e Grécia. São Paulo: Mestre Jou, 1964, p. 218.
4 – Cf. WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927, v. II, p. 951.
5 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.176.
6 – DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.
Paris : Louis Vivès. 1863. v. III, p. 588.
7 – Cf. DEZ, G. e WEILER, A. op. cit., p. 234-235.
8 – DARRAS, op. cit., v. III, p. 590.
9 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le Livre de Daniel. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 309.

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