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A inveja nas Sagradas Escrituras

Redação (Quinta-feira, 22-06-2017, Gaudium Press) A inveja se caracteriza por uma “tristeza do bem alheio, enquanto se considera como mal próprio, porque diminui a própria glória ou excelência.”

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Nas Sagradas Escrituras, são numerosas as referências sobre o vício da inveja. No livro dos Provérbios, ela é considerada como “a cárie dos ossos” (Prov. 14, 30) e São Paulo a enumera entre os pecados que nos fazem perder o Reino dos céus (Gl, 5, 21).

Foi por inveja que os irmãos de José resolveram vendê-lo como escravo aos egípcios (Gn. 37,11). Também Saul, ao ver que Davi vencera o gigante Golias, encheu-se de inveja contra ele e por diversas vezes tentou matá-lo (I Sam. 18:6-8).

Já São Mateus nos narra que até mesmo Pilatos reconheceu que foi por inveja que os fariseus entregaram Cristo para ser morto: “Estando o povo reunido, perguntou-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo?São Tomás de Aquino.jpgPois sabia que por inveja o haviam entregado”(Mt 27, 18).

Etimologia da palavra “inveja”

Etimologicamente, a palavra “inveja” é composta pelo verbo latino videre (ver) e da partícula in, que indica privação. Desta forma, invidere significa olhar com maus olhos, projetar sobre o outro um olhar malicioso. Daí a origem do famoso trocadilho de Santo Agostinho: “Video, sed non invideo” [1], ou seja, “vejo, mas não invejo.”

As definições sobre a natureza da inveja ao longo dos séculos concordam notavelmente entre si. Na tradição aristotélica ela é considerada como uma dor causada pela boa fortuna que goza alguns de nossos semelhantes.

Para São Tomás de Aquino, a inveja se caracteriza por uma “tristeza do bem alheio, enquanto se considera como mal próprio, porque diminui a própria glória ou excelência.” [2]

A inveja é também entendida como uma paixão que é ao mesmo tempo filha do orgulho e da malquerença, em que se misturam o ódio e o desgosto provocado pela felicidade de outrem.

É por este motivo que os invejosos estão condenados a sofrer continuamente, pois o ódio provocado pela ira facilmente se apazigua mediante a reparação, mas aquele nascido da inveja não se amansa nem admite reparações. Mais ainda, irrita-se com os benefícios recebidos.

Seu âmbito de ação parece não conhecer limites, pois até mesmo no céu ela se fez presente, quando os anjos maus invejaram a glória que Deus havia reservado aos homens.[3] Granada a considera como um dos pecados mais estendidos, pois a inveja a impera em todo o mundo e mora especialmente nas cortes e palácios, nas casas dos senhores e príncipes, nas universidades e cabidos e ainda, nos conventos de religiosos. Seu objetivo e meta é perseguir aos bons e aos que por suas virtudes são altamente apreciados.[4]

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[1] Santo Agostinho: In Evangelium Ioannis Tractatus 44, 11.
[2] São Tomás de Aquino. Suma Teológica: II-II, q. 36, a. 1.
[3] Caremo, Girolamo. Istruzioni Pratiche intorno ad alcuni Doveri Generali e particulari del Cristiano. 2a ed. Gaetano Motta: Milano, 1822, p. 332.
[4] Granada Luis de. Obras de V. P. M. Fray Luis de Granada. Tomo I. La Publicidad: Madrid, 1848, p.132.

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