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Arcebispo martirizado pelos comunistas será beatificado na Lituânia

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 23-06-2017, Gaudium Press) O mártir do comunismo, Dom Teofilius Matulionis, Arcebispo de Kaisliadorys, na Lituânia, será beatificado no próximo domingo, dia 25 de junho.

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A cerimônia de beatificação será realizada em concomitância com a celebração da Jornada da Juventude e será presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos.

Dom Teofilius Matulionis

Dom Teofilius Matulionis nasceu em 22 de junho de 1873. Em 1892, ele entrou para o Seminário de São Petersburgo, na Rússia e foi ordenado sacerdote em 7 de março de 1900. Em 1943 foi nomeado Bispo de Kaigiadorys e em fevereiro de 1962 Arcebispo.
Poucos meses mais tarde, aos 89 anos, faleceu em Seduva, em 20 de agosto de 1962.

Martirium propter aerumnas carceris

Quem explica o significado de sua morte que foi considerada como “Martirium propter aerumnas carceris”, é o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, em entrevista concedida à Rádio Vaticano:

“Martirium propter aerumnas carceris significa que a sua morte foi provocada pelos sofrimentos do cárcere. Os longos e penosos períodos nas prisões, nos campos de concentração, domicílios forçados, debilitaram a vida do Beato, desgastando pouco a pouco a sua forte fibra de sacerdote e de pastor.

Mas as privações e as torturas, não dobraram a sua vontade pelo bem. Naquele período de escuridão da reta consciência, a hostilidade dos nazistas e dos comunistas não tinha nenhuma justificativa racional. Era somente fruto do ódio pelo Evangelho de Jesus e pela Igreja”.

Martírio Cristão – Igreja do Silêncio

O Cardeal Amato falou também do que seria o martírio cristão, visto que hoje se fala muito de mártires e martírio, algumas vezes até de forma inapropriada.

“Pela tradição cristã, o martírio constitui a imitação por excelência de Jesus, morto inocente sobre a cruz.

Cristo está presente no mártir de forma toda especial, infundindo nele força e coragem. Os mártires são conscientes das palavras que Jesus dirigiu aos seus discípulos: “Não temais aqueles que matam o corpo, mas não tem o poder de matar a alma (…). Quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus (Mt 10, 28.32).

Como já dissemos, em nosso Beato o martírio se arrastou por anos e anos, sob ditaduras cruéis, como a nazista e a comunista, que se propunham a aniquilar a Igreja.

Foram reduzidos e fechados os seminários, se tentou criar uma Igreja nacionalista, foram dispersas as Ordens religiosas masculinas e femininas, se proibiu todo contato com Roma, foi sufocada a imprensa católica. A Igreja foi reduzida ao silêncio. A Igreja do silêncio”.

As virtudes do mártir Dom Matulionis

A pergunta “onde Teofilius Matulionis encontrou força para suportar as humilhações e o desconforto de uma longa prisão, injusta e desumana?”, deu oportunidade a se falar das virtudes do novo Beato:

“Foi graças a Cristo que lhe deu a força e a coragem de perseverar firme na fé. Esta lealdade ao Evangelho é testemunhada por muitos que viram nele um “verdadeiro homem de Deus” e um “santo”.

No Campo de Concentração se comportava como sacerdote pio e sereno, totalmente entregue à Divina Providência. Os perseguidores deram-se conta de seu heroísmo.

Por exemplo, quando o comandante russo soube da notícia de sua morte, exclamou: “Era realmente um homem!”.
Também o responsável pelo sistema repressivo soviético disse preocupado: “Não se exclui que no futuro o Vaticano o declare “santo” e neste caso o seu túmulo se transformará num local de peregrinação”. Uma previsão totalmente verdadeira”.

Rancor pelos inimigos

O Cardeal Amato respondeu porque o Beato Matulionis nunca alimentou rancor pelos inimigos, apesar de ter passado, injustamente, a maior parte da sua vida na prisão e nos campos de concentração:

“A resposta está toda na realidade de seu “ser cristão”, que enobrecia a sua alma. Como Jesus, o mártir Matulionis conseguia ver a bondade de Deus e a sua Providência, também naquelas pessoas nas quais os outros viam somente mal e maldade.

Ele procurava honrar o selo divino de cada pessoa, mesmo a mais malvada, e era compassivo em relação ao ser humano, frágil mas precioso, porque criado à imagem e semelhança de Deus”.

Convite para imitar Teofilius Matulionis

O Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, pode responder também a pergunta que poderia intrigar a alguns: O que o mártir Teofilius Matulionis ensina hoje à Igreja e qual a sua mensagem?

A resposta do Cardeal foi: “Ainda hoje na Igreja existem mártires. Ainda hoje eles são os nossos mestres cotidianos de ressurreição. Em abril passado. O Mártir Teofilius Matulionis ensinava a todos como é preciso viver, rezar, sofrer e trabalhar para a maior glória de Deus e a salvação das almas.

Não existiam muros de divisões na sua alma. O seu coração era habitado por uma caridade sem limites, por uma serenidade contagiosa, por uma bondade misericordiosa. O novo mártir nos convida, enfim, a imitá-lo”. (JSG)

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