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"Visitando e libertando", Ordem das Mercês caminha rumo ao Jubileu

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 17-08-2017, Gaudium Press) A Ordem Mercedária completou neste mês de agosto, no dia 10, seus 799 anos de fundação.

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Ela foi fundada na Espanha pelo jovem empreendedor São Pedro Nolasco no ano de 1218, para redimir os cristãos cativos da escravidão, sobretudo muçulmana. Ela começa agora a contagem regressiva para a comemoração do Jubileu de seus 8 séculos de existência.

Visitar e libertar

Pastoral carcerária, escolas, paróquias, crianças vulneráveis, dependentes químicos e o combate ao tráfico de pessoas: são estes os campos principais de trabalho da Ordem no Brasil e na América Latina.

Engajada na luta contra estas ‘escravidões modernas’, a Ordem vive também um momento de ‘volta às origens’, encorajada pelo Papa, combatendo a perseguição religiosa, sobretudo contra extremistas islâmicos, no Oriente Médio e na África.

‘Visitar e libertar’, como seu carisma aponta, é a missão original dos mercedários. “Ser visita de Deus, que redime a abre as portas”, diz Frei Rogério Soares, Provincial da Ordem no Brasil, em programa da Rádio Vaticano.
Ele resume as duas frentes de missão, rumo ao importante Jubileu de 2018:
conhecer melhor o mundo islâmico e ir à China.

São Pedro Nolasco e a Ordem da Virgem Maria das Mercês da Redenção dos Cativos

Pedro Nolasco nasceu no dia 29 de julho de 1183, no pequeno povoado de Mas-Saintes-Puelles da Diocese de Saint Paul, no sul da França, no antigo condado de Languedocentre Tolosa e Carcasona. Seu pai era um comerciante abastado e sua mãe dona de casa, ambos fervorosos cristãos o levaram para batizar e lhe impuseram o nome cristão de Pedro.

A época de Pedro

A época de Pedro Nolasco foi para os países ao redor do mar Mediterrâneo uma época de guerras religiosas em que se digladiavam a cruz de Cristo e a meia lua de Maomé.

Semeando a desolação nos lares mais organizados, tanto de ricos abastados como de pobres, quando muita gente era aprisionada e feitos cativos em nome de Alá… Algo parecido com o que acontece hoje com o chamado estado islâmico.

Homens e mulheres, adultos, jovens e crianças, eram submetidos a um duro cativeiro, obrigados a realizarem trabalhos pesados. As mulheres eram usadas nos mais baixos instintos, principalmente jovens que eram violentadas. Seres humanos que se tornavam mercadoria em mãos daqueles que se diziam seus donos.

Comprando Cativos

Em 1203, com 20 anos, encontramos Pedro Nolasco comprando cativos:
Dava liberdade as pobres infelizes, devolvendo-lhes às suas famílias. Com a morte de seus pais, o jovem Nolasco herdou toda a fortuna da família a qual renunciou em benefício da redenção dos cativos.

“Ninguém tem maior caridade do que aquele que dá a vida pelo irmão.” Estas palavras martelavam profundamente a alma do jovem Nolasco, que unido a outros jovens, moças e rapazes não se entregavam somente a redenção de cativos, mas gastavam suas horas entre os empestados no Hospital de Santa Eulália.

Outra Desgraça

Além da invasão árabe entre os espanhóis, mais uma desgraça se abatia sobre o povo: Uma peste que dizimava as cidades afetava as multidões sendo insuficiente o atendimento hospitalar, algo parecido com que home é o ebola ou a dengue.

Então, Pedro e seus jovens amigos, cheios de amor ao próximo sofredor, cuidavam dos enfermos. Este Hospital mais tarde formou parte da estrutura das redenções, pois os cativos eram levados para uma quarentena e lá tratados com todo carinho.

Uma visão celeste: nasce a Ordem Religiosa

Eis que a noite se iluminou e lá estava Maria, amorosa, com um branco hábito em suas mãos. ‘’Nolasco”, disse a Mãe de Jesus, ‘’É vontade de meu filho e vontade minha que fundes uma Ordem religiosa para remir os cativos. Eis que nós estaremos sempre contigo.”

Quando Pedro Nolasco voltou a si, a linda Senhora havia desaparecido. Nolasco esperou amanhecer e correu para contar o sucedido ao seu confessor São Raimundo de Peñafort e ambos foram contar ao Rei Dom Jaime I de Aragão e ao bispo de Barcelona Dom Berenguer de Palau que aprovaram entusiasmados a inspiração de Pedro Nolasco.

No dia 02 de agosto de 1218, o rei achou por bem ter uma Organização do reino para redenção dos cativos, desejo falido do rei Afonso II.

Dez dias depois, no dia 10 de agosto do mesmo ano, a harmonia do órgão e os cantos enchiam a catedral de Barcelona:

Uma nova Ordem religiosa constituía-se oficialmente e um grupo de jovens em trajes brancos proclamavam as grandezas de Deus por meio de Maria Santíssima e emitiam três votos comuns as ordens religiosas: dominicanos, franciscanos, servitas, agostinianos, trinitários e etc.

Logo apareceu o Ramo Feminino. As freiras foram fundadas por Santa Maria de Cervellón, com um grupo de moças que ajudaram muito a Pedro Nolasco e seus religiosos orando na capela pelo êxito da redenção dos cativos.

Um quarto voto

Mas a vontade daquele grupo movidos pela caridade ainda gritaram, perante os fieis reunidos no templo um quarto voto: “daremos nossas vidas, se necessário for, para tirar do cativeiro um irmão necessitado”.

Voto heroico que custou à Ordem Mercedária alguns milhares de vidas e muito sangue derramado, imitando assim o Redentor dos homens, Jesus, que São Pedro Nolasco tão bem imitou durante toda a sua vida.

Santos para a Redenção dos cativos

É grande o número de religiosos que deram a vida para salvar os cativos. São Raimundo Nonato; São Pedro Armengol, São Serápio, São Pedro Pascual; São Juán Gilaber Jofré, e alguns milhares dos quais desconhecemos os nomes, mas estão escritos no céu. Entre os anos 1302 e 1489 foram feitas aproximadamente 153 redenções em que foram resgatados 18.623, segundo dados do historiador Garí e Siumell.

Esta Ordem recebeu muitos nomes. Chamou-se Ordem de Santa Eulália; Ordem das Mercês dos cativos, Ordem da Redenção dos cativos; Ordem das Mercês. Desde 1272 o verdadeiro nome é: Ordem da Virgem Maria das Mercês da Redenção dos Cativos.

Imitador de Cristo

São Pedro Nolasco preocupou-se sempre em ser fiel imitador de Cristo, não só na caridade, mas também nos gestos e atitudes. Este varão de Deus dedicou toda a sua vida a serviço do próximo vendo em cada sofredor o próprio Cristo. Os historiadores mais recentes dizem que ele morreu em Barcelona, no dia 06 de maio de 1245.

São Pedro Nolasco foi um homem destemido, profundamente conhecedor das questões sociais e políticas do seu tempo, exímio articulador e organizador de expedições para resgatar cativos. Homem que sabia usar bem as estratégias do seu tempo para alcançar seus objetivos.

Era um santo, homem de profunda oração, muito mariano e com vocação heróica. Nunca foi ordenado sacerdote, morreu leigo, preferindo ser chamado de frei Pedro Nolasco, pela sua simplicidade.

A Ordem também não recebeu seu nome, e sim o nome da Mãe de Jesus, com título de Mercês. (JSG)

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