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Deus feito Homem

Redação – (Segunda-feira, 23-10-2017, Gaudium Press) – A gravidade de um pecado se mede não só pela natureza do ato praticado, mas também pelo grau de importância da pessoa ofendida. Assim, a mesma ofensa tem gravidade crescente se o ofendido é um colega, um pai, um sacerdote, um papa.

O fato que dividiu a História em duas partes

Ora, o pecado original foi um ato cometido contra Deus, que é infinito. Para repará-lo era preciso uma ação que tivesse valor infinito. Isso somente poderia ser feito por um Homem-Deus. Pela Encarnação do Verbo, a sabedoria de Deus “encontra a solução mais bela para o problema mais difícil”.

Esclarece São Tomás de Aquino que o Verbo Encarnado, Jesus Cristo, “veio a esse mundo não só para apagar o pecado transmitido originalmente aos pósteros, mas também para apagar todos os pecados que depois foram acrescentados”.
Aqui nos defrontamos com o dogma da Santíssima Trindade. Eis como Monsenhor João Clá o explica:

“O Pai, ao pensar em Si mesmo, gera uma Segunda Pessoa, igual a Si, que é a Palavra d’Ele, o Filho. Os dois Se olham e Se amam tanto, que do encontro desses dois amores procede o Espírito Santo, a Terceira Pessoa, idêntica ao Pai e ao Filho.”
Então, Deus Pai “tomou a iniciativa de enviar o seu Filho para redimir a humanidade”. E a Encarnação operou-se no seio puríssimo da Virgem Maria, pela ação do Espírito Santo. O nascimento de Jesus foi o fato incomparavelmente mais importante da História, dividindo-a em duas partes: antes e depois de Cristo.
Nosso Senhor Jesus Cristo possui duas naturezas, a humana e a divina, unidas entre si pela união hipostática, constituindo uma só Pessoa divina.

Enobrecimento de todo o universo

Realizando a união hipostática, Deus enobreceu todo o universo. “Ele dignifica os Anjos porque o homem, enquanto tendo alma e corpo, participa da dignidade espiritual dos Anjos; e enobrece ainda todo o reino material, pois o homem é também feito de matéria.

“Estabelece-se, desse modo, uma hierarquia admirável: acima de tudo Deus, infinito, incomparável a qualquer criatura; depois, a humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Quem a condição de criatura é aceita em união hipostática com a natureza divina: Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Após Nosso Senhor Jesus Cristo há naturalmente um abismo. Porém esse abismo é preenchido por Aquela que supera tudo quanto pode existir na mera Criação: Maria Santíssima, Mãe do Verbo encarnado.”

Preces da Santíssima Virgem

Maria Santíssima foi a criatura escolhida para que a união hipostática se operasse. Durante mais de cinco mil anos, os profetas e os santos do Antigo Testamento pediram sua vinda, mas somente a Virgem a “mereceu e encontrou graça diante de Deus, pela força de suas preces e a elevação de suas virtudes”.

“As orações de Nossa Senhora para a vinda do Messias devem ter acelerado muito essa chegada, pois Ela é onipotente em suas súplicas. A partir do momento em que Deus A criou, Maria Santíssima teve conhecimento da situação da humanidade e começou a rezar para vir logo o Salvador.

“Com a criação d’Ela levantou-se, portanto, como que uma coluna de fumo odorífero de cor maravilhosa, de movimentação encantadora e ao mesmo tempo majestosa na presença de Deus. Era a oração de Nossa Senhora que subia do Coração Imaculado d’Ela até o trono do Criador, pedindo: “Mandai o Messias, mandai o Messias…”

“A Bem-aventurada Virgem, com a altíssima ciência que recebera pela graça de Deus, já no seio de Sant’Ana começou a pedir a vinda do Messias e, com Ele, a derrota de todo mal no gênero humano. E desde o ventre materno se estabeleceu, certamente, no espírito de Maria aquele elevadíssimo intuito de vir a ser, um dia, a servidora da Mãe do Salvador […]

“Já em seu natal graças imensas raiaram para a humanidade. Naquele bendito momento, a vitória da Contra-Revolução começou a ser afirmada e o demônio a ser esmagado, percebendo que algo de seu cetro estava irremediavelmente partido.”

Aspirações de São José

E também São José, a criatura mais perfeita depois de Nossa Senhora, desejava ardentemente a vinda do Messias.
Desde muito jovem, ele “procurava compor em seu espírito a fisionomia do Messias, pois desejava com todas as forças da alma servi-Lo e imitá-Lo. E compreendia que n’Ele se encontrariam reunidas as bênçãos dadas aos patriarcas, profetas e justos de Israel; a grandeza e a integridade de Noé, a bondade e a obediência de Abraão, a inocência intrépida de Davi […]

“São José pedia muito também a graça de conhecer sua Mãe, a Virgem profetizada por Isaías (cf. Is 7, 14), da qual nasceria por milagre divino o Eleito. Discernia ele, já naquela altura, que a Virgem-Mãe seria a dama mais santa da face da Terra e estaria custodiada por um varão retíssimo e justo, visto que era
inaceitável entre os judeus uma mulher conceber fora do matrimônio sem ser alvo da justiça mosaica, que mandava lapidá-la.”

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 127)

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1 – Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica. III, q. 1, a. 2, ad 2.
2 – Idem, ibidem, III, q. 1, a. 1, resp.
3 – Idem, ibidem, III, q. 1, a. 4, resp.
4 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. I, p. 317.
5 – CLÁ DIAS, op. cit. 2013, v. II, p. 148.
6 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Mãe de Deus e nossa Mãe. In Revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XX, n.226 (janeiro 2017), p. 15.
7 – SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Retornarei. 2016, n. 16.
8 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Caro Christi, caro Mariae. Sanguis Christi, sanguis Mariae. In Revista Dr. Plinio, São Paulo, ano XX. n. 228 (março 2017), p. 10.
9 – A Revolução é um movimento universal que visa sobretudo a destruição da Igreja; sua força propulsora mais possante está nas tendências desordenadas, especialmente o orgulho e a sensualidade. A Contra-Revolução tem como objetivo esmagar a Revolução e, portanto, quer o triunfo de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Santa Igreja (cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 5. ed. São Paulo: Retornarei. 2002, p. 44.97.144).
10 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A Imaculada Conceição. In Revista Dr. Plinio, São Paulo, ano VII, n. 81, (dezembro 2004), p. 12
11 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. São José: quem o conhece?… São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. Arautos do Evangelho. 2017, p. 65.

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