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Como esta vida pode ser uma escola para a vida no céu

Redação (Quinta-feira, 09-11-2017, Gaudium Press) Estando em uma dessas gigantescas e características livrarias americanas, nas quais ao lado de não pouca inutilidade se encontra, em algumas ocasiões, verdadeiras maravilhas, nos deparamos em um feliz dia com um livro que “nos chamava”, que pedia que fosse contemplado. Tratava-se de ‘Royal Palaces’ (Palácios Reais), obra editada por M. Morelli, que contêm relatos e excelentes fotografias de 24 dos mais famosos palácios e castelos do Mundo, a partir de Fontainebleu até Caserta, de Versailles a Charlottenburg.

Realmente a obra brilhava por sua altura, por sua qualidade. Adquirimos dois exemplares, um para presentear a uns queridos amigos no Chile e outro para a sede dos “Arautos do Evangelho” em Bogotá.

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Anos depois, a recordação dos entusiasmos vividos na contemplação do livro fizeram que pedíssemos um novo exemplar aos EUA. Após recebê-lo, fomos diretamente ao que recordávamos como o objeto de alguns de nossos maiores maravilhamentos: certas estâncias do lindo complexo arquitetônico chamado Kremlin.

Centro do coração da Rússia, o termo Kremlin desperta ainda no espírito a recordação dos sinistros fantasmas do comunismo. Seu nome se tornou sinônimo da tinta mãe da maléfica ditadura do proletariado, e certamente os anjos caídos que aí habitavam ainda deixam sua marca.

Entretanto, o certo é que contemplando certas estâncias ou corredores do Grande Palácio ou aspectos por exemplo de cúpulas de igrejas como a Catedral da Dormição, tivemos a sensação de estar na presença de algumas artes do céu que até esse momento nos eram desconhecidas. Cúpulas douradas e enceboladas de beleza sem igual, que apesar de gigantescas tinham a leveza da fumaça, o pinacular da mais bela cor, a inocência pura da terna infância que lhes deu a forma de cebola. Cúpulas que superavam em sua sublimidade a simetria às vezes monótona do Ocidente, e que pareciam dizer a nós filhos de Roma que enquanto buscávamos a perfeição humana eles já violavam as regiões da fábula inimaginável. Ou por exemplo, o quarto da Duma (Parlamento) da época dos czares, de vitrais e afrescos com figuras douradas em sua abóboda, coroadas no centro por uma imagem de uma hierática Madonna com seu Menino, que maravilha. O quarto da czarina, no Palácio Terem, de abóboda que tem algo de gótico, algo de românico, algo de não sei o que, com seus muros que ostentam uma singular decoração floral sobre verde pistache, com sua cama austera e elegante talhada em madeira com quatro colunas sustentando seu teto. Etc., etc.

No momento no qual retomamos o livro essas alegrias reviveram em algo em nossos espíritos.

E aí recordamos o ensinamento de Plinio Corrêa de Oliveira:

De vez em quando Deus visita nossas almas, presenteando-nos momentos com tons místicos na contemplação de certas realidades terrenas. São “janelas” que se abrem, nas quais Deus mostra algo de sua essência, com a “escusa” de belas realidades que aqui se encontram. Cumpre ao homem, depois de que passa o encanto, recordar esse encanto, buscar defini-lo, buscar qual é o princípio sublime que esse encanto nos ensina e construir a partir desses encantos uma rede de princípios que serão a “estrutura” que nos fortalecerá na virtude.

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Por exemplo, quando contemplamos o Salão da Duma, podemos dizer que as reuniões que ali se realizavam mereciam essa beleza. Dar leis aos homens é um trabalho de muita responsabilidade, mas também sublime, pois é imitar ao Grande Legislador divino. Está de acordo pois com essa alta função, que o salão tenha uma decoração muito bela e austera, com tons escuros, e também está de acordo que a abóboda esteja coroada por uma imagem séria de Nossa Senhora, que é Mãe do povo, e que vigia com seu olhar que em seu trabalho os parlamentares somente se regem pela busca do bem comum.

Ou quando contemplamos o quarto da czarina, é condizente com a delicadeza das flores e do verde, a honra a delicadeza da primeira dama da nação. Mas a czarina não é apenas delicada, também é régia, e o mobiliário dá conta disso, simboliza isso. Que não são senão símbolos de Deus, que é delicado e forte, sutil e régio.

E assim por diante, porque a vida nesta terra deve ser uma escola que nos prepara para o céu. E as coisas que Deus põem ao nosso alcance aqui na terra, tem oculto mas real esse ensinamento sobre o que será viver no céu; e Deus constantemente nos vai dando esses ensinamentos.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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