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O desejo de todos os Pontífices: Jesus Cristo, Rei do Universo

Redação (Terça-feira, 21-11-2017, Gaudium Press) O recordado Papa Pio XI, no início de seu Pontificado (1922-1939), analisava em sua primeira Encíclica as causas das supremas calamidades que oprimiam e afligiam ao gênero humano. Manifestava que “a maioria dos homens tinham se distanciado de Jesus Cristo e de sua lei santíssima”. E isto o via tanto em suas vidas e costumes, como na família e os governos dos Estados. Concluía firmemente que nunca resplandeceria a esperança de uma paz verdadeira enquanto se negasse e rejeitasse o império de Cristo Jesus. Pois, “os homens e as nações, distanciados de Deus, correm a ruína e a morte entre incêndios de ódios e lutas fratricidas” (Encíclica Quas Primas, 4).

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Preocupado por como vinha ao mundo e aos homens, insistia em “revigorar a paz”; tinha claro que somente se obteria, “procurando a restauração do reinado de Jesus Cristo”.

Foi assim, que instituiu a solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, que hoje em dia a encontramos no último domingo do ciclo litúrgico, prévio ao começo do tempo do Advento. O animava a doce esperança que a celebração desta festa, a cada ano, impulsiona os homens, as instituições, os Estados, a voltarem-se até o Divino Salvador do Mundo.

Para uma melhor compreensão da importância desta solenidade, se faz indispensável ter uma visão geral da situação do mundo no último século.

Vemos claramente como houve uma continuidade no processo de “descristianização” ao longo do século passado; também se produziu, a ritmo “acelerado”, na segunda metade do mesmo. Diante desse fenômeno, os Pontífices anteriores advertiram sobre a situação pela qual entrava a sociedade contemporânea.

O próprio Leão XIII (1878-1903), instava a que: “Ao seio do Cristianismo deve portanto, retornar a transviada sociedade, se quiser o bem-estar, o repouso e a salvação”.

Era o “Instaurare omnia in Christo”, lema do pontificado de São Pio X (1903-1914). Considerava que a sociedade temporal não se levantaria se a Santa Igreja não colocar suas fundações, inspirar e abençoar seus trabalhos: “Manifestamos que na gestão de nosso pontificado temos somente um propósito, instaurá-lo todo em Cristo”. Nascia ali a simbólica frase que expressava seu anelo mais profundo.

Já, posteriormente a instituição da solenidade na Encíclica ‘Quas Primas’ pelo Papa Pio XI (11-12-1925), continuaram os pontífices ressaltando a fundamental importância de que Jesus Nosso Senhor, seja reconhecido como rei do Universo.

Era a proposta do Papa Pio XII (1939-1958) quer dizer: “é todo um mundo que necessita ser refeito desde os fundamentos, que necessita ser transformado de selvagem em humano, de humano em divino, quer dizer, segundo o coração de Deus”.

Era o “estender aos demais os frutos da redenção cristã e propagá-los por todas as partes” para que, “como levedura evangélica, penetre nas veias da sociedade civil em que vivemos e trabalhamos”, de São João XXIII (1958-1963).

A Igreja – nos dizia o Concílio Vaticano II na ‘Gaudium et Spes’ – “somente pretende uma coisa: o advento do Reino de Deus e a salvação de toda a humanidade”, pois todos caminhamos como peregrinos “com seu amoroso desígnio: Restaurar em Cristo tudo o que há no céu e na terra”.

Era o levar a Boa Nova a todos os ambientes -afirmava o Beato Paulo VI (1963-1978) – em que se exerce uma influência para “transformar desde dentro, renovar a mesma humanidade”.

Era o profundo desejo de São João Paulo II (1978-2005) realçando a permanente validade do mandato missionário de Nosso Senhor Jesus Cristo: ninguém pode subtrair-se do dever supremo de “anunciar a Cristo a todos os povos”.

Para Bento XVI (2005-2013), o “objetivo da missão da Igreja é com efeito iluminar com a luz do Evangelho a todos os povos em seu caminho histórico até Deus, para que Ele tenha sua realização plena e seu cumprimento” (29-6-2009). E Francisco, realçando a centralidade de Cristo afirmava: “Cristo está no centro, Cristo é o centro. Cristo centro da criação, do povo e da História (24-10-2013)

Todas estas declarações nos mostram a íntima relação entre a ordem espiritual e a ordem temporal. Nos leva a reconsiderar nosso acionar pessoal (em seu testemunho) e religioso (em seu acionar apostólico) a todo momento, e em todo lugar. É assim que poderemos dizer que, não apenas os religiosos mas os homens e mulheres em geral, se fazem partícipes da obra redentora de Cristo Nosso Senhor, em todos os campos. É como introduz o tema o Decreto do Concílio Vaticano II “Apostolicam actuositatem” (5), sobre o apostolado dos leigos, ao dizer que: “A obra redentora de Cristo, ainda que por si se refira à salvação dos homens, propõem também a restauração de toda a ordem temporal”.

Isto nos mostra como a ordem espiritual e a temporal, tão distintas, devem estar, “intimamente relacionadas no único propósito de Deus, que o que Deus quer é fazer de todo o mundo uma nova criação em Cristo” (Idem, 5). O “temporal”, o mundo, a vida dos homens. O “espiritual”, o eclesial, a Santa Igreja. Temporal e espiritual tem que viver harmonicamente. Recordemos o conselho de Nosso Senhor: “Vós buscai seu reino, e o resto vos será dado por acréscimo” (Lc 12, 31).

Assim ocorrerá, segundo alentadoras palavras de Pio XI sobre a solenidade de Cristo Rei, que: “se os homens, pública e privadamente, reconhecem o régio poder de Cristo, necessariamente virão a toda sociedade civil incríveis benefícios, como justa liberdade, tranquilidade e disciplina, paz e concórdia” (Quas Primas, 17). E citando a Leão XIII concluía: “voltarão os bens da paz, cairão das mãos as espadas e as armas, quando todos aceitarem de boa vontade o império de Cristo, quando lhe obedecerem, quando toda língua proclamar que Nosso Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai (Encíclica Annum Sacrum, 33)”.

Por Padre Fernando Gioia, EP.
(www.reflexionando.org)

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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1 LEÃO XIII. Encíclica Sobre a Igreja Católica. Parvenu à la vingt-cinquième année, 25. Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ, Brasil.1952

2 SÃO PIO X. Encíclica E Supremi, 4.

3 PIO XII. Radiomessaggio di sua Santitá al Fedeli Romani. 10-2-1952.

4 JOÃO XXIII. Mater et Magistra, 259

5 CONCÍLIO VATICANO II. GAUDIUM ET SPES, 45.

6 PAULO VI. Evangelii nuntiandi, 18.

7 JOÃO PAULO II. Encíclica Redemptioris Missio, 3.

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