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O mar da vida humana

Redação (Quarta-feira, 06-12-2017, Gaudium Press) A diversidade de “naus” humanas que singram o oceano desta vida é assombrosa. Porém, após analisar tão diferentes embarcações, devemos nos lembrar de uma palavra de ânimo que se aplica a todas elas…

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Palco de incontáveis guerras, testemunha de numerosos atos de heroísmo e também de terríveis naufrágios, o mar seria um ótimo contador de histórias, se pudesse falar…

Milhares de navegantes já ousaram se aventurar em suas águas, gemendo sob a fúria das ondas bravias! Em seu seio forjam-se heróis, mas são também sepultados os covardes. Só subsistem ao desafio aqueles que estão dispostos a vencer o risco, o medo e o infortúnio. Uma loucura? Para os medíocres, talvez. Todavia, as almas magnânimas sentem falta de ar quando estão fora dos ventos do heroísmo!

Algo desses prodigiosos portentos marítimos nos foram narrados pela História. Imaginemos como devia ser elegante o deslocamento das caravelas portuguesas, com suas velas enfunadas pelo vento, partindo da velha Europa em busca de novos horizontes! Mesmo sendo conscientes de sua vulnerabilidade, elas partiam destemidas e seguras rumo à realização de seu ideal: conquistar terras para Portugal e almas para a Santa Igreja!

Já os formosos e guerreiros barcos vikings, quão diferentes são! Fabricados para o combate, autênticas bases de exército marítimas, não deixam de ser muito belos, com os característicos detalhes em madeira de suas proas e popas. Bem podem representar a nobreza do espírito bélico que, longe de ser sinônimo de brutalidade ou impiedade, nasce do verdadeiro amor a Deus e da consequente inconformidade do homem com tudo o que a Ele se opõe.

Voltando aos dias atuais, o que dizer dos transatlânticos? São os gigantes soberbos dos mares! Enormes, fortes e pesados, avançam constantes e quase imóveis sobre as ondas, com uma seriedade assombrosa. Tão seguros de si que só mesmo Deus os pode afundar…

Por outro lado, impossível é nos esquecermos das pequeninas e solitárias embarcações dos pescadores, instrumentos para eles retirarem com maestria do furioso oceano o seu sustento… Minúsculas quando comparadas à imensidão das águas, tornam-se colossais ao enfrentá-las com galhardia!

Incontáveis exemplos como estes teríamos ainda para relatar. Há, porém, um aspecto mais belo e profundo que merece ser analisado.

O oceano representa de certo modo a vida do homem sobre a terra: mar de preocupações, perigos, dificuldades e provas que cada alma deve atravessar incólume, sem deixar que sua nave naufrague pelo caminho…

Ora, nas tormentas desta vida, os diferentes tipos de almas que as enfrentam assemelham-se às distintas embarcações que singram o mar. Algumas, pequenas e solitárias, possuem o encargo de salvar a sua própria alma sem ter de carregar sobre si o peso de outras. Sua existência, contudo, é incontestavelmente grandiosa: acaso o Redentor não derramou o seu Sangue preciosíssimo também por elas?

Há, ademais, almas muito chamadas, a cuja correspondência Deus condiciona a salvação de outras tantas: são como as caravelas de Portugal, que partem em busca do bem das outras e junto a elas descobrem a Pátria Celeste!

A maior responsabilidade, porém, recai sobre os “transatlânticos” da Santa Igreja: os fundadores! Sob seu cuidado está o governo espiritual de uma grande família de almas e, às vezes, deles dependem todos os fiéis da sua época, por terem recebido da Divina Providência o carisma específico que atende às necessidades da Igreja do seu tempo. São almas imensas, cujas ações pesam mais diante de Deus, os guias sérios, constantes e fortes que atraem a si os bons e os conduzem com segurança ao Divino Porto Seguro, que é Cristo!

Enfim, ainda mais do que nos oceanos, a diversidade de “naus” humanas é assombrosa… Ora, após analisar tão diferentes embarcações, devemos nos lembrar que há uma palavra de ânimo que se aplica a todos os que navegam por esta vida: sejam quais forem os reveses ou ventos contrários que sobre nós se lancem, um meio infalível de evitar o naufrágio é sempre agarrar-se à Âncora da Confiança, ao Farol de Misericórdia que nos concedeu o Salvador: Maria Santíssima!

Por Bruna Almeida Piva
(in “Revista Arautos do Evangelho”, Agosto/2017, n. 188, pp. 50 à 51)

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