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Papa na missa em Temuco: precisamos da riqueza que cada povo pode oferecer

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 17-01-2018, Gaudium Press) Ainda na primeira na primeira etapa de sua 22ª Viagem Apostólica Internacional, o Papa Francisco celebrou missa no Aeroporto de Maquehue, em Temuco, no sul do Chile.

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A homilia do Santo Padre iniciou-se por um agradecimento a Deus por ele poder visitar “esta parte linda do nosso continente, a Araucânia: terra abençoada pelo Criador com a fertilidade de imensos campos verdes, com florestas cheias de imponentes araucárias, seus majestosos vulcões cobertos de neve, seus lagos e rios cheios de vida”, citando uma poetisa chilena.

Terra Abençoada pelo Criador

“Esta paisagem eleva-nos a Deus, sendo fácil ver a sua mão em cada criatura. Muitas gerações de homens e mulheres amaram, e amam, este solo com ciosa gratidão.” ” E quero deter-me aqui para saudar de forma especial os membros do povo Mapuche, bem como os outros povos indígenas que vivem nestas terras do sul: Rapanui (Ilha de Páscoa), Aymara, Quechua e Atacama, e muitos outros”, disse o Papa.

E, continuou Francisco, frisando:

“Esta terra, se a virmos com olhos de turista, deixar-nos-á extasiados, mas depois continuaremos a nossa estrada como antes; se, pelo contrário, nos aproximarmos do solo, ouvi-lo-emos cantar: ‘Arauco tem uma pena que não posso calar, são injustiças de séculos que todos veem aplicar'”.

“É neste contexto de ação de graças por esta terra e pelo seu povo, mas também de tristeza e dor, que celebramos a Eucaristia”.

União

“O sacrifício de Jesus na cruz está repleto de todo o pecado e do sofrimento dos nossos povos, um sofrimento a ser resgatado.

“No Evangelho que ouvimos, Jesus pede ao Pai que ‘todos sejam um só’. Numa hora crucial da sua vida, detém-Se a pedir a unidade. O seu coração sabe que uma das piores ameaças que atinge, e atingirá, o seu povo e toda a humanidade será a divisão e o conflito, a subjugação de uns pelos outros. Quantas lágrimas derramadas!

Hoje queremos agarrar-nos a esta oração de Jesus, queremos entrar com Ele neste horto de dor, também com as nossas dores, para pedir ao Pai com Jesus: que também nós sejamos um só. Não permitais que nos vença o conflito nem a divisão.”

Ainda de acordo com as palavras de Francisco, em sua homilia, “esta unidade, implorada por Jesus, é um dom que devemos pedir insistentemente pelo bem da nossa terra e seus filhos. E é necessário estar atento a eventuais tentações que possam aparecer e ‘contaminar pela raiz’ este dom com que Deus nos quer presentear e com o qual nos convida a ser autênticos protagonistas da história.”

Unidade e uniformidade não são sinônimos

Continuando a homilia o Papa salientou que “Uma das principais tentações a enfrentar é confundir unidade com uniformidade. Jesus não pede a seu Pai que todos sejam iguais, idênticos; pois a unidade não nasce, nem nascerá, de neutralizar ou silenciar as diferenças. A unidade não é uma simulação de integração forçada nem de marginalização harmonizadora”.

Para Francisco, ” A riqueza duma terra nasce precisamente do fato de cada parte saber partilhar a sua sabedoria com as outras. ” Não é, nem será, uma uniformidade asfixiante que normalmente nasce do predomínio e da força do mais forte, nem uma separação que não reconheça a bondade dos outros.

A unidade pedida e oferecida por Jesus reconhece o que cada povo e cada cultura são convidados a oferecer a esta terra abençoada, afirmou o Papa. Para ele, ” A unidade é uma diversidade reconciliada, porque não tolera que, em seu nome, se legitimem injustiças pessoais ou comunitárias. “

Senhor, fazei-nos artesãos de unidade

E é por isso que, diz o Pontífice, precisamos da riqueza que cada povo pode oferecer, pondo de lado a lógica de pensar que há culturas superiores ou inferiores: “Um belo manto requer tecelões que conheçam a arte de harmonizar os diferentes materiais e cores; que saibam dar tempo a cada coisa e a cada fase. Poder-se-á imitar de modo industrial, mas todos reconheceremos que é uma peça de roupa confeccionada sinteticamente.

A arte da unidade precisa e requer artesãos autênticos que saibam harmonizar as diferenças nos ‘laboratórios’ das aldeias, das estradas, das praças e das paisagens. Não é uma arte de escrivaninha ou feita apenas de documentos; é uma arte de escuta e reconhecimento. Nisto se enraíza a sua beleza e também a sua resistência ao desgaste do tempo e às inclemências que terá de enfrentar.”

“A unidade, de que necessitam os nossos povos, requer que nos escutemos, mas sobretudo que nos reconheçamos, o que não significa apenas ‘receber informações sobre os outros (…), mas recolher o que o Espírito semeou neles como um dom também para nós’.

Isto introduz-nos no caminho da solidariedade como forma de tecer a unidade, como forma de construir a história; solidariedade, que nos leva a dizer: temos necessidade uns dos outros com as nossas diferenças, para que esta terra continue a ser linda.”

” É a única arma que temos contra o ‘desflorestamento’ da esperança.Por isso pedimos:

Senhor, fazei-nos artesãos de unidade. ”   (JSG)

 

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