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Clonagem de primatas causa preocupação quanto ao risco ético da “correção genética”

Roma (Sexta-feira, 26-01- 2018, Gaudium Press) A propósito da clonagem de primatas, o Vatican News traz o parecer do Padre Tiago Gurgel, médico pediatra, sacerdote da Arquidiocese de São Paulo que faz seu doutorado em bioética em Roma.

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A matéria publicada pela mídia vaticana afirma que os macacos Zhong Zhong e Hua Hua que nasceram na China e são os primeiros primatas clonados da História. 

Esse nascimento causa preocupação no meio científico porque significa a quebra de uma barreira que pode permitir a aplicação da técnica nos seres humanos.

Segundo os cientistas do Instituto de Neurociências de Xangai (China), “os animais viabilizarão o estudo de doenças que atingem os humanos e o desenvolvimento de novos remédios”, mas são muitas as instituições que condenam experimentos de clonagem, lembra o Vatican News.

A ONG “Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais” (Peta) divulgou em seu site um protesto em que classifica a clonagem como uma “ciência Frankenstein”, que serviria apenas para aumentar o sofrimento das espécies.

Padre Tiago Gurgel

O Vatican News contatou o Padre Tiago Gurgel, médico pediatra, sacerdote da Arquidiocese de São Paulo que em Roma estuda para o doutorado em bioética:

A grande novidade é que os chineses conseguiram clonar um primata, disse, e para ele, “O experimento é visto como a quebra da ‘barreira técnica’ que pode futuramente abrir a porta para a clonagem de humanos “

“A técnica da clonagem já existe desde 1952, quando foi clonado pela primeira vez um sapo, mas esta técnica só se tornou famosa mesmo em 1996, quando foi clonado um mamífero, a famosa ovelha ‘Dolly’. Depois disso, cerca de outros 23 animais já foram clonados, como gatos e cachorros”.

O Experimento

“A técnica da clonagem consiste na transferência nuclear de células somáticas, ou seja: você retira o núcleo de uma célula de um animal adulto, transfere este núcleo para um óvulo, e o coloca em condições para se fertilizar e se desenvolver.

A novidade que permitiu a clonagem de um primata está no fato de que o núcleo não foi extraído de uma célula somática adulta, mas de um feto de um macaco que permitiu, associado a uma outra técnica, além da transferência nuclear, que permite uma espécie de ‘edição genética’, isto é, a correção dos danos genéticos causados pela transferência nuclear que permite a clonagem”.

O perigo da clonagem humana

“Os pesquisadores chineses garantem que o objetivo da técnica de clonagem dos primatas não é necessariamente avançar para obter a clonagem de seres humanos, mas conseguir animais idênticos que permitam o estudo de doenças genéticas, que permitam definir melhor suas causas e possíveis tratamentos para doenças como Azheimer e alguns tipos de câncer.

Não é ético, e nem permitido, fazer clonagem humana. Isto já foi proibido desde 2005 pela Assembleia geral das Nações Unidas, na medida em que a clonagem humana é incompatível com a dignidade humana e com a proteção da vida humana”, recorda o Padre Tiago Gurgel para o Vatican News. (JSG)

 

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