Gaudium news > "A sede de Jesus", quinta meditação dos Exercícios Espirituais do Papa

"A sede de Jesus", quinta meditação dos Exercícios Espirituais do Papa

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 21-02-2018, Gaudium Press) Prosseguem os exercícios espirituais da Quaresma do Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana.

Na Casa Divino Mestre, em Ariccia, o Pe. José Tolentino de Mendonça propôs uma meditação que tinha como tema “A sede de Jesus”. Foi a quinta das meditações que continuarão até o próximo dia 23.

21-02-2018A sede de Jesus, quinta meditação dos Exercícios Espirituais do Papa.jpg

Tenho sede…

Padre Tolentino iniciou sua proposição lendo um trecho do Evangelho de João em que Jesus, após ter sido pregado na cruz, diz: “Tenho sede.”
Ele explicou que os Padres da Igreja interpretaram essa sede de Jesus sobretudo como “sede corporal”, não dando muito valor ao sentido metafórico contido nessa declaração.
“A sede física documentava de forma convincente que Jesus era de carne e osso como toda pessoa”, contudo, ele tinha sede “da salvação dos homens”: afirma o pregador.

Jesus, a Samaritana e a sede espiritual

O sacerdote português explica que no encontro com a samaritana, Jesus pede água, mas é ele quem dá de beber e promete-lhe a “água viva”.

A samaritana não entende imediatamente as palavras de Jesus, “as interpreta como sede física, mas desde o início Jesus dava um sentido espiritual”.

“O seu desejo sempre visava outra sede”, conforme explicou Nosso Senhor à samaritana: «Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva.»

Para o Pe. Tolentino, “a sede de Jesus parece se extinguir somente quando ele se proclama fonte de água viva e abre à promessa do dom do Espírito”.
“A sede é o selo do cumprimento de sua obra e, ao mesmo tempo, do forte desejo de doar o Espírito, verdadeira água viva capaz de saciar radicalmente a sede do coração humano.”

A explicação que o pregador do retiro dá para sede da qual Jesus fala é uma sede existencial que se extingue quando a nossa vida se converge em direção ao Senhor:
“Ter sede, é ter sede Dele. Somos chamados a viver de uma centralidade cristológica: sair de nós mesmos para buscar em Cristo aquela água que sacia a nossa sede, vencendo a tentação da autorreferencialidade que nos deixa doentes e tiraniza”.

E ele ainda continua com sua interpretação: “A sede de Jesus é a sede de dar água viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva. Para os fiéis, a sede de água viva é a sede de aprofundamento da fé, sede de penetrar no mistério de Jesus, sede do Espírito. Para Jesus, a sede é o desejo de comunicar todos esses dons.”
A sede que Jesus teve revela a sede humana

“A sede de Jesus ilumina e responde à sede de Deus à falta de sentido e verdade, ao desejo de todo ser humano de ser salvo, mesmo que seja um desejo oculto ou enterrado debaixo dos detritos existenciais”, afirma o sacerdote pregador.

O “Tenho sede”, proclamado por Jesus, envolve a Igreja de todos os tempos, em particular a nossa.
Foi a esse propósito que o Pe. Tolentino recordou o exemplo de Madre Teresa de Calcutá, que em 10 de setembro de 1946, estando a bordo de um trem que ligava Siliguri a Darjeeling, na Índia, viveu uma forte experiência espiritual:
“de forma quase física sentiu a sede de Jesus que a chamava a dar a vida a serviço da sede dos pobres e rejeitados, dos últimos dos últimos” para, então ele concluir que “o coração e a alma das Missionárias da Caridade é somente este: a sede do coração de Jesus escondido no pobre.”

Redescobrir a Fé no poder do Espírito

“Tenho sede” é o que o dom que o Espírito continua a nos fazer ouvir. É esse o dom que o Espírito dá de ouvir a voz de Jesus que nos diz: “Tenho sede!”

“Ele é o dinamismo do Ressuscitado em nós. O Espírito é a continuação dessa história, uma continuação que não é repetida, não é sempre a mesma. É a fantasia do Espírito, a sua criatividade que difunde em nós dons diferentes, carismas diferentes, competências complementares a fim de construirmos o Reino de Deus onde quer que estejamos”, afirma o pregador.

O Espírito “é a força motriz da vida da Igreja e da vida de todo cristão. Por isso, precisamos do Espírito Santo e devemos redescobrir a fé em seu poder. Muitas vezes o Espírito Santo permanece completamente esquecido. Devemos redescobrir o Espírito Santo, porque sem Ele a Igreja é somente memória, o que fazemos é somente uma recordação do que foi. É o Espírito que diz: o cristianismo é também presente e futuro”, disse Pe. Tolentino.

“Somos chamados a viver na esperança toda situação da vida. Às vezes, somos uma Igreja em que falta a vivacidade do Espírito, a juventude do Espírito. É o Espírito que nos dá o sentido de plenitude, o sentido da missão e que nos torna uma Igreja em saída”, conclui. (JSG)

 

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas