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Convívio da Sagrada Família

Redação (Sexta-feira, 02-03-2018, Gaudium Press) Após o exílio do Egito, Jesus vivia numa simples casa, em Nazaré, com Nossa Senhora e São José. E “o Menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com Ele” (Lc 2, 40).

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O mais belo reflexo da Santíssima Trindade


A respeito do desenvolvimento do Divino Infante, o Padre Gasnier escreve este belo trecho:
“A união hipostática deixava as duas naturezas sem mistura nem confusão alguma, de tal forma que Jesus, enquanto Deus, possuía desde a sua concepção a plenitude da sabedoria e da ciência. Mas, enquanto homem, e do ponto de vista puramente natural, estava sujeito à lei do desenvolvimento das demais crianças, a quem é preciso ensinar e explicar-lhes tudo. Sua vida interior de pleno conhecimento ficava oculta ao olhar dos homens. Nada fazia que não conviesse à sua idade: tinha de aprender a andar, a falar, a ler, a repetir, palavra por palavra, os textos dos Livros Sagrados, a explorar o mundo e suas maravilhas. Ensinar-Lhe tudo isso foi a grande tarefa conjunta de Maria e José.”

Mais importante que tudo isso é orar. Acrescenta o Padre Gasnier que São José “sobretudo ensinou-Lhe a rezar, obrigação que em Israel era, em primeiro lugar, incumbência dos pais”.

O convívio na Sagrada Família foi o mais belo reflexo do relacionamento entre as três Pessoas da Santíssima Trindade. Eis o que afirma D. Sinibaldi:

“Na Trindade do Céu, o Pai é a Primeira Pessoa, porque é o Princípio, do qual as outras duas Pessoas procedem; o Filho é a Segunda Pessoa, porque procede da inteligência do Pai; o Espírito Santo é a Terceira Pessoa, porque procede da vontade do Pai e do Filho, como de um único princípio. Na trindade da Terra, José, chefe da Sagrada Família, representa a Pessoa do Pai; Jesus, Verbo Encarnado, representa a Si mesmo; Maria, a Mãe do belo amor, representa o Espírito Santo, que é o Amor incriado e pessoal. José, embora inferior a Jesus e Maria, ocupa diante de Deus e dos homens o primeiro lugar; pois o Pai Celestial, confiando a José seus dois amadíssimos tesouros – Jesus e Maria – comunicou-lhe seu nome e sua autoridade! Assim, a Trindade do Céu Se reflete e Se manifesta na trindade da Terra, e em Jesus e por Jesus a Terra se une ao Céu.”.

O pequenino São João Evangelista carregado no colo pelo Menino Jesus

São José restaurou a marcenaria que existia em sua casa e nela trabalhava. Embora bastante pequeno, Jesus o ajudava.

Nossa Senhora já conhecia os padecimentos que Jesus sofreria durante sua Paixão. Mas São José não sabia desses acontecimentos vindouros.

Aos poucos, o Menino foi falando a seu pai virginal sobre os sofrimentos que Ele teria no futuro. “Quando aprendeu a arte da marcenaria, várias foram as ocasiões em que Jesus, aproveitando alguns retalhos de madeira, fabricou cruzes como prenúncio de seus padecimentos […]

“Ao contar dez anos de idade, fez uma à sua medida e levou-a até São José, indicando assim o tipo de morte que deveria enfrentar.

“No ano da chegada a Nazaré após o exílio no Egito, o Santo Casal recebeu a visita da família de Zebedeu, pai de Tiago e João, futuros Apóstolos de Nosso Senhor, que vivia numa aldeia próxima e cuja esposa era aparentada com Nossa Senhora. Estavam perto do fim de dezembro. Nessa ocasião Tiago brincou com o Menino Jesus, e João, ainda pequenino, foi carregado no colo por Ele.

Encontraram-se também com São João Batista, que passava uma estadia junto a Nossa Senhora antes de seu retiro no deserto.

Comemoração do aniversário do nascimento de Jesus

“Aproximava-se o aniversário do nascimento de Jesus, e seus pais decidiram celebrá-lo de forma festiva, como tal data merecia. A companhia dos parentes daria ainda mais vida à comemoração, cercando Nosso Senhor do afeto dos seus.

“Na noite do dia 24, todos se reuniram para um jantar realizado com a solenidade que a pobreza lhes permitia. Nosso Senhor quis dizer algumas palavras antes de iniciarem a refeição, pondo-Se no meio da roda. Com educação divina, agradeceu-lhes por terem comparecido, fazendo uma referência amável e adequada a cada um, a fim de estimulá-los no caminho da santidade.

“Todavia, mais que o próprio discurso, encantava-lhes sua Pessoa, a irradiar sabedoria, pureza e charme. Terminada a alocução, a presença divina manifestou-se em Jesus com intensidade deslumbrante. A seguir, porém, Ele lhes anunciou as dores da Paixão e sua missão de Vítima Expiatória.

“O jantar se iniciou num clima de alegria tamisada pela perspectiva da dor. Movido por santa curiosidade, São João Batista aproveitou alguns momentos da refeição para conversar com Jesus. Rogou-Lhe que explicasse melhor a extraordinária declaração feita. Nosso Senhor revelou alguns detalhes dos sofrimentos pelos quais passaria, sobretudo os relacionados propriamente com o mistério da Cruz.

“Até esse instante São João Batista não tinha claro que fora chamado também a derramar seu sangue por Nosso Senhor. Após escutar o relato dos padecimentos do Salvador, ajoelhou–se com discrição e pediu se de algum modo não poderia atenuar seus futuros tormentos por parte dos pecadores, com alguns sofrimentos que, enquanto Precursor, suportasse por Ele. O Menino Jesus anunciou-lhe que sua morte se daria de forma violenta antes da Paixão, e seus méritos seriam aplicados por Deus na santificação de algumas almas eleitas que levariam a Igreja ao auge de perfeição.

“São João Batista aceitou com a melhor disposição seu holocausto e impostou toda a sua existência em pregar o advento do Messias, até a hora suprema em que ofereceria sua vida em união com Ele.” De fato, seu martírio ocorreu três décadas depois.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” -142)

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1 – GASNIER, OP, Michel. Los silencios de San José. Madrid: Palabra, 1980, p.144-145.
2 -SINIBALDI, Giacomo. La grandezza di San Giuseppe. Roma: Cuore di Maria, 1927, p.16-17.
3 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. São José: quem o conhece?… São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. Arautos do Evangelho. 2017, p. 312. 315. 317 passim.

 

 

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