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Ilhas Malvinas abrigam a paróquia mais remota da Terra

Ilhas Malvinas – Stanley (Segunda-feira, 19-03-2018, Gaudium Press) A Paróquia de São José na ilha de Tristão da Cunha, na África do Sul, é considerada a paróquia mais remota da Terra. Para visitá-la, uma vez ao ano um sacerdote faz uma viagem de duas semanas de barco. Contrariamente ao que se poderia esperar nestas condições, a Fé dos Católicos locais se mantêm firme e é alimentada pela recordação de um heróica leigo, segundo relatou com o Administrador Apostólico das Ilhas Malvinas, Abade Hugh Allan O. Praem, em um artigo publicado por The Catholic Herald.

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Tristão da Cunha não seria uma ilha habitada se não fosse pelo exílio de Napoleão na ilha de Santa Helena. Como medida preventiva, os britânicos instalaram um posto militar na ilha para evitar uma tentativa de libertação de quem fosse o imperador francês, mas logo perceberam que o lugar era tão remoto que era improvável um resgate desse local. Alguns dos militares pediram para ficar na ilha e começaram uma pequena comunidade que não contava com presença católica.

A Fé Católica chegaria com uma mulher, Agnes Rogers, recordada como “Abuelita Aggie”, que chegou a servir como empregada doméstica para o administrador da ilha. O que a boa mulher não esperava era descobrir que não havia sacerdote no lugar ou um templo católico. Sendo a única fiel católica, foi pressionada pelos habitantes, sendo inclusive discriminada por causa de sua Fé, mas sua firmeza e convicção superaram as provas e pode finalmente estabelecer uma pequena capela em sua casa, o que deu origem à paróquia de São José.

Em 1932, obteve a graça da primeira visita de um sacerdote católico à ilha, o Padre LH Barry, que foi o primeiro sacerdote que Abuelita Aggie viu em 23 anos. “Ela assistiu a missa e acudiu aos sacramentos e sua alegria era enorme e comovente de se ver”, relatou o sacerdote. Somente até 1955 se produziria uma nova visita sacerdotal. O padre ficou maravilhado por encontrar uma Fé viva entre os habitantes: “Em Tristão da Cunha, a ilha mais solitária do mundo, escutei a primeira confissão de crianças muito jovens para recordar como se veria um sacerdote. Eles estavam melhor preparadas que muitas crianças que vivem à vista das igrejas da cidade”.

Novamente, destacou-se a figura de Abuelita Aggie, por seu interesse em ter crianças bem preparadas para a ocasião. “Agnes viveu a maior parte de sua vida além do alcance de um sacerdote ou dos sacramentos. No entanto, domingo após domingo, ela trata com humildemente ensinar o seu povo algo de sua própria e simples grandeza”, comentou o sacerdote visitante.

Atualmente, a paróquia católica é mantida ativa por três catequistas, todos os descendentes da Abuelita Aggie, e um sacerdote visita o templo uma vez por ano, geralmente em setembro. “Tristão da Cunha tem uma população de 263 pessoas, das quais mais de um terço são católicos. Isto poderia parecer um pequeno número para viajar tão grandes distâncias para visitá-los, mas a amabilidade e a profunda Fé dos habitantes da ilha fazem com que a longa viagem valha muito a pena”, comentou o Administrador Apostólico ao The Catholic Herald.

“O lema da Ilha é ‘Nossa Fé é a nossa força’. Um exemplo brilhante desta forte Fé é a construção de seu novo templo nos anos 90”, relatou o Abade. “Era um tempo quando a prolongada ausência do sacerdote e outras pressões levaram a uma queda no atendimento ao templo. Os fiéis que ficavam decidiram rezar uma novena em conjunto, pedindo ao Senhor para devolver as suas famílias e amigos para a Igreja. Tendo feito isso, eles se deram conta de que quando Deus havia respondido suas orações, eles precisariam de um templo maior, então começaram a construir um maior. Precisamente os números aumentaram e o novo templo foi preenchido”.

O Administrador Apostólico anunciou que se encontra em preparativos para abrir um processo de canonização para Abuelita Aggie, a quem as pessoas locais já consideram como uma Santa. (EPC)

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