Gaudium news > Será cumprida a última vontade de cardeal exilado por comunistas: Ser enterrado em Praga

Será cumprida a última vontade de cardeal exilado por comunistas: Ser enterrado em Praga

Roma (Terça-feira, 03-04-2018, Gaudium Press) Nas grutas vaticanas, junto a papas e reis está o túmulo de um arcebispo da antiga Checoslováquia. Em breve esta tumba estará vazia.

03.Cardeal Josef Beran.jpg

Neste sepulcro estão os restos mortais de Dom Josef Beran que se tornou arcebispo de Praga em 1946 e cardeal em 1965. Dom Beran faleceu em Roma em 1969 e foi enterrado no Vaticano.

Quando foi iniciado o seu processo de canonização descobriu-se que ele desejava que sua última morada fosse em Praga e que lá repousassem seus restos mortais.

Após entendimentos entre o Vaticano e autoridades civis da República Checa, agora poderá ser cumprida a última vontade do Cardeal Beran.

Para o embaixador checo junto à Santa Sé, Pavel Vosalik, este será um gesto muito importante para seu país, pois o Cardeal tornou-se um exemplo para todos os checos.

“Esta é uma história de heróis… Talvez sua história não seja utilizada para um filme de Hollywood, porém, a heroicidade de pessoas como ele residia em sua lealdade, em sua fé inquebrantável e em seu sacrifício pessoal por aquilo que sentiam ou consideravam que era maior que eles mesmos”, disse o embaixador:

Caminhos e cruzes de Josef Beran

Não foi fácil o caminho do cardeal Josef Beran até Roma.

Inicialmente os nazistas o levaram para o campo de extermínio de Dachau. Quando ele de lá saiu, em 1948, começaram de novo seus problemas e perseguições com a chegada do regime comunista na Checoslováquia.

Quando Josef Beran iniciou suas denúncias que indicavam a repressão do governo contra a Igreja em seu país, os comunistas tentaram silenciar sua voz com prisões domiciliares e carcerárias.

Por várias vezes o então arcebispo apresentou sua demissão ao Papa, mas ele nunca as aceitou.

Bofetada no Regime Comunista

Depois de vinte anos de perseguição, Beran foi convidado pelo Papa para morar em Roma.

O Papa da época, Paulo VI o nomeou cardeal e ele participou do Concilio Vaticano II. Ele não mais voltou a seu país e, 1969 morreu em Roma.

Paulo Vi o enterrou em Roma e, segundo o Pavel Vosalik, atual embaixador checo no Vaticano, esta atitude foi uma mensagem, um recado, ao Governo Comunista:

“Foi uma bofetada no regime checo. O Papa lhes disse: ‘Não o querem em sua casa, darei a eles um lugar entre os Papa’. Este foi o respeito que demonstrou ter Paulo VI para com Josef Beran”.

Uma honra

É uma honra enorme estar enterrado junto a Papas, por isso alguns em seu país pensam que não deveriam trasladar seus restos mortais. Porém o embaixador considera o traslado uma obrigação importante:

“Creio que se respeitemos verdadeiramente o Cardeal Beran, só existe uma maneira de respeitar sua última vontade: ele disse que queria voltar para casa. Nós não devemos dizer se estava equivocado ou não. Nosso dever é honrar seu desejo e cumprir o que ele queria”, Disse o embaixador.

Exemplo para os jovens

Como Josef Beran sofreu a opressão e logo teve que exilar-se, os jovens não conheceram sua história. O embaixador espera que o traslado de seus restos mortais ajude a conscientizar e deixar pegadas em seu país.

“Talvez seu regresso traga algo novo, uma ideia nova que sirva para comemorar e recordar os valores que defendia o Cardeal Beran, aos quais foi leal até o último minuto de sua vida”.

130 anos depois

Em abril os restos do cardeal serão trasladados para a catedral de Praga.
Eles chegarão a tempo para a festa de outro antigo arcebispo da cidade, Santo Alberto.
Este ano, Josef Beran poderá celebrar seus 130 anos no lugar onde sempre quis estar. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com informações Rome Report)

 

 

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas