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Falam de “liberdade” e são cada vez mais “escravos”, diz Papa

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 13-04-2018, Gaudium Press) Nesta sexta-feira, o Papa Francisco celebrou sua missa matutina na Capela da Casa Santa Marta, como tem acontecido tradicionalmente.

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Na homilia que normalmente ele faz, Francisco propôs uma reflexão sobre a liberdade cristã. Suas palavras foram baseadas nos exemplos de Gamaliel, João, Pedro e do próprio Jesus extraídos da primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, e do Evangelho de João sobre a multiplicação dos pães e dos peixes.

No final de suas reflexões o Papa questionou os presentes: Somos livres de seguir Jesus? Somos livres das paixões, das ambições, da moda?

Liberdade: Gamaliel e Pilatos

A liberdade da qual falamos neste tempo pascal, iniciou o Papa, é a liberdade dos filhos que Jesus nos doou “com a sua obra redentora”.

A primeira pessoa livre sobre a qual nos faz refletir a Liturgia é Gamaliel, o doutor da lei fariseu que, nos Atos dos Apóstolos, convence o Sinédrio a libertar Pedro e João, na prisão por terem curado um paralítico, disse Francisco.

O Pontífice explicou que ele era um “homem livre, pensa de cabeça fria, os faz raciocinar”, os convence de que “o tempo faz o seu trabalho”:

“O homem livre não tem medo do tempo: deixa Deus agir. Dá espaço para que Deus aja no tempo. O homem livre é paciente. E este homem era um judeu – não era cristão, não reconheceu Jesus salvador – mas era um homem livre. Formula o seu pensamento, o oferece aos outros e é aceito. A liberdade não é impaciente.”

Mas, para Francisco, Pilatos pensou com cabeça fria e percebeu que Jesus era inocente. “Mas não conseguiu resolver o problema, porque não era livre, estava preso à promoção”, “faltava a ele a coragem da liberdade porque era escravo do carreirismo, da ambição, do seu sucesso”.

Liberdade: Pedro e João

Continuando suas palavras, o Papa falou da liberdade de Pedro e João, “que tinham curado o paralítico e agora estavam diante do Sinédrio”. No final, o Sinédrio os liberta, mas os faz flagelar, embora inocentes.

Eles “foram embora do Sinédrio felizes de terem sido julgados dignos de sofrer insultos em nome de Jesus”, recordou Francisco.
“Esta é a alegria de imitar Jesus. É outra liberdade: maior, mais ampla, mais cristã”, comentou.

Pedro poderia ter aberto uma causa contra o Sinédrio, pedindo ressarcimento. Mas, como João, estava feliz, “porque sofreram em nome de Jesus”.

Talvez isso acontecesse porque tivessem se lembrado das palavras do Mestre: “Bem-aventurados quando forem insultados e perseguidos por minha causa”.

Eles “Eram livres no sofrimento para seguir Jesus”. E esta é a atitude cristã: “Senhor, tu me destes muito, sofrestes muito por mim. Que posso fazer por Ti? Toma, Senhor, a minha vida, a minha mente, o meu coração, tudo é Teu”.

“Esta é a liberdade de alguém apaixonado por Jesus Cristo. Selado pelo Espírito Santo, com a fé em Jesus Cristo. Tu fizestes isso por mim, eu faço isto por Ti. Também hoje existem muitos cristãos presos, torturados, que levam avante esta liberdade: de confessar Jesus Cristo.”

Jesus e a Liberdade

O terceiro exemplo de liberdade o Papa tirou do próprio Jesus.

O Pontífice recordou o milagre da multiplicação dos pães: no final, as pessoas ficam entusiasmadas e Jesus entende que “estavam chegando para fazê-lo rei”.

E Jesus retira-se de novo para o monte. Ele “Distanciou-se do triunfalismo. Não se deixou enganar por este triunfalismo – comentou o Papa – Era livre”, afirmou Francisco.

Foi a mesma atitude de Jesus no deserto, quando rechaçou as tentações de satanás “porque era livre, e a sua liberdade era seguir a vontade do Pai”. “E acabará na cruz. É o exemplo da liberdade maior: Jesus”.

Ele seguiu a vontade do Pai para restabelecer a nossa condição de filhos.

Eu e a liberdade

Encerrando, o Papa aconselha: “Pensemos neste dia na minha liberdade, na nossa liberdade. Três exemplos – Gamaliel, Pedro e João; e o próprio Jesus – a minha liberdade é cristã? Sou livre? Ou sou escravo das minhas paixões, das minhas ambições, de tantas coisas, das riquezas, da moda?

Parece uma brincadeira, mas quantas pessoas são escravas da moda! (…) Pensemos na nossa liberdade, neste mundo que é um pouco “disturbado”, esquizofrênico, não? Clama: “Liberdade, liberdade, liberdade!”, mas é mais escravo, escravo, escravo.

Pensemos nesta liberdade que Deus, em Jesus, nos doa. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)

 

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