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Espanha e a devoção das Virgens Negras

Espanha – Madri (Quarta-feira, 18-04-2018, Gaudium Press) A história da devoção mariana na Espanha está estreitamente vinculada com as chamadas “Virgens Negras”. Atualmente se conservam na nação europeia 51 invocações deste estilo sendo Nossa Senhora de Montserrat, a Virgem de Guadalupe, a Almudena, o Pilar e a Mãe de Atocha, as devoções mais conhecidas.

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Antonio Madroñero da Cal, engenheiro e estudioso destas imagens, em seu livro “Cultura e tradição das Virgens Negras. Enigmas, imagens sagradas e devoção popular” fala do nascimento e evolução destas imagens marianas, cuja origem se remonta à siderurgia da Idade do Ferro quando se começaram a elaborar figuras devocionais.

Em entrevista com ‘Cari Filii News’, o autor aprofundou sobre o surgimento das “Virgens Negras”, e a extensa devoção delas na Espanha.

Conta que sua origem, sobretudo no país europeu, está vinculada à integração industrial com as técnicas e o comércio de Roma, já que ali chegava a cerâmica ‘sigilata’ que se exportava pelo Ebro.

“As louças de luxo do mundo romano eram de ‘terra sigilata’. Aproveitando esta técnica se passou a fabricar a primeira geração de pequenas imagens de Virgens Negras. Utilizavam a técnica da ‘sigilata’ para constituir com resíduos de ferro abrandados pelo calor a parte mais delicada da figura, rosto, mãos e baú. O resto da figura, o corpo, se fazia fornecendo os resíduos em estado pastoso”.

Conta também que estas pequenas imagens logo foram substituídas por outras: “O habitual foi que nas igrejas fossem se substituindo as Virgens Negras de madeira betunada lustrosa por imagens maiores góticas ou renascentistas. Esta é a razão pela qual muitas imagens góticas mostram um vazio em seu volume interno, onde tempos atrás se alojou a pequena Virgem Negra a qual substituíam. Não era questão de destruir ou tirar a velha imagem, que tantas orações havia recebido”.

Com o tempo, explica o autor, começaram a se talhar as “Virgens Negras” em madeira com acabamento em betume endurecido e brilhante, e também de outros materiais. “Em séculos posteriores se fizeram Virgens de face achocolatada pois eram fabricadas com terracota. Era a consequência da moda de faces escuras imposta a partir da corte do rei Carlos I.

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Posteriormente, e já no século XIX, surgiu a moda de pintar de escuro, com pintura de pouca qualidade geralmente, as fisionomias das Virgens que há séculos eram ruivas, mas que por efeito desta moda passaram a ser chamadas Virgens Negras”, relata.

Das “Virgens Negras” que hoje se conservam -51 estão catalogadas-, destaca-se a do Pilar, que não é a imagem que se conhece atualmente, já que houve outra que permaneceu por muito tempo na ermita inicial. Esta foi substituída por uma Virgem românica, até que em 1435 Juan de la Huerta realizou a que hoje se conhece.

A de Montserrat é outra das mais conhecidas. É a padroeira da Catalunha e uma das mais visitadas no Mosteiro de Montserrat. É uma talha românica do século XII realizada em madeira de álamo.

De acordo com Antonio Madroñero da Cal, entre as “Virgens Negras” também está a de Almudena, padroeira de Madri. A imagem atual é de Diego Copin, que substituiu a original que ficou reduzida a cinzas após um incêndio ocorrido durante o reinado de Enrique IV. (EPC)

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