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Entrevista com o Papa: três perguntas, três respostas…

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 21-06-2018, Gaudium Press) O Papa Francisco concedeu uma entrevista ao jornalista Philip Pullella da agência de notícias Reuters.
Nela são abordadas várias questões.
Escolhemos três das perguntas feitas por Philip Pullella e as publicamos com as devidas respostas do Papa Francisco:

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1 – Em que ponto estão as relações de reaproximação com a China?

O Papa responde:
“Estamos em um bom ponto, mas as relações com a China seguem por três caminhos diferentes.
Antes de tudo o caminho oficial, a delegação chinesa vem a Roma, fazemos reuniões e depois a delegação vaticana vai à China.
Há boas relações e conseguimos fazer muitas coisas positivas. Este é o diálogo oficial.

Depois há o segundo diálogo, de todos e com todos. “Sou o primo do ministro fulano que mandou dizer que…” e sempre há uma resposta. “Sim, está bem, vamos em frente”. Existem estes canais abertos periféricos que são, digamos assim, humanos e não queremos interrompê-los. Pode-se ver a boa vontade tanto por parte da Santa Sé quanto por parte do governo chinês.

O terceiro, que para mim é o mais importante no diálogo de reaproximação com a China, é cultural.
Há sacerdotes que trabalham nas universidades chinesas.
E também consideramos muito a cultura como a mostra que fizemos no Vaticano e na China, é o caminho tradicional, como o dos grandes, como Matteo Ricci.

Agrada-me pensar nas relações com a China assim, multifacetado, não se limitar apenas ao oficial diplomático, porque os outros dois caminhos enriquecem muito.
Acredito que vai bem.
Na sua pergunta, o senhor falou de dois passos para frente e um para trás, mas eu digo que os chineses merecem o prêmio Nobel da paciência, porque são bons, sabem esperar, o tempo é deles e têm séculos de cultura… é um povo sábio, muito sábio. Eu respeito muito a China.”

2 – Como responde a uma mulher que realmente sente forte o desejo de se tornar sacerdote?

Papa: “Existe a tentação de “funcionalizar” a reflexão sobre as mulheres na Igreja, que devem fazer isso, que devem se tornar aquilo. Não, a dimensão da mulher vai além da função. É uma coisa maior.

Voltemos a Hans Urs Von Balthasar, que concebe a Igreja com dois princípios: o princípio petrino que é masculino, e o princípio mariano que é feminino e não há Igreja sem mulheres.

A Igreja é mulher, esposa de Cristo, é mulher dogmaticamente e sobre isso devemos aprofundar e trabalhar e não ficarmos tranquilos porque funcionalizamos as mulheres. Sim, devemos dar uma função, mas isso é pouco, devemos ir além.

Com a ordem sagrada não é possível, porque dogmaticamente não funciona e João Paulo II foi claro e fechou a porta e eu não retorno sobre isso. Era uma coisa séria, não um capricho. (…)

3 – Qual é a sua visão para o futuro da Igreja?

Papa: “A Igreja vai adiante. Os povos estão abertos, mas são pecadores, somos todos pecadores; mas quando vemos os sinais da presença de Deus, pensamos nas obras de misericórdia.

As pessoas se abrem porque buscam a salvação, buscam a imortalidade, buscam o encontro com Deus. O futuro da Igreja está ali. O futuro da Igreja está a caminho, a caminho.

É verdade, está também na adoração, na oração, nos templos, mas sair, sair.
O Apocalipse diz que o Senhor está à porta e chama. Sim, chama para que nós o abramos.

Mas hoje acredito que o Senhor muitas vezes bate à porta para que nós o abramos para deixá-lo sair. Porque nós temos muitas vezes um Cristo fechado. Uma Igreja que sai, sim, poderia sofrer acidentes, mas uma Igreja fechada fica doente.
Sair, sair com a mensagem: este é o futuro.”

(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)

 

 

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