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Ensinamentos e presença do Divino Mestre

Redação (Segunda-feira, 25-06-2018, Gaudium Press) Após ter atravessado a Samaria, onde conversou com a samaritana – a qual se converteu tão radicalmente que se tornou uma santa -, Nosso Senhor chega à Galileia e se estabelece na cidade de Cafarnaum.

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Jesus percorria toda a Galileia

Cafarnaum “contava, nos tempos evangélicos, entre 15 e 20 mil habitantes, e constituía o núcleo comercial dos arredores. Aos seus pés, o Lago de Genesaré – conhecido também como Mar da Galileia ou ainda Mar de Tiberíades -, com cerca de 21 km de comprimento por 12 km de largura, abundava em peixes e era sulcado, todos os dias, por centenas de barcos de pescadores que singravam suas límpidas águas.

“Às margens erguiam-se numerosas outras cidades, como Betsaida, Tiberíades, Magdala, sendo esta última, então com 40 mil almas, a mais prestigiosa dentre elas. Cafarnaum encontrava-se em um lugar particularmente fecundo – a Galileia era considerada o celeiro da Palestina -, que serviria como fonte de inspiração das belas parábolas do Divino Mestre.”

“Jesus percorria toda a Galileia” (Mt 4, 23), fazendo pregações, bem como milagres e exorcismos. Ele ensinava uma doutrina nova dotada de potência (cf. Mc 1, 27). Sua eloquência atraía multidões: “Todo o povo ficava suspenso de admiração quando O ouvia falar” (Lc 19, 48).

Popularidade nobre e santa

Afirma o grande exegeta Padre Fillion que, com sua insuperável eloquência, o Divino Mestre não visava conquistar os ouvintes através de mesquinhezes humanas, mas produzir diretamente o bem nas consciências; era acessível aos simples e aos cultos.

Jesus “nos apresenta todos os gêneros possíveis de prédica: sermão solene, catecismo, homilia, diálogo […], discurso polêmico, simples resposta frequentemente esmagadora etc.” Mas não é apenas o gênero que varia; “é também o tom, a cor em cada gênero”.

Às vezes Ele emprega a parábola, o aforismo, a ironia, o paradoxo. “Esta variedade está sempre em perfeita harmonia com a composição do auditório ao qual Jesus se dirige.”

E suas pregações se caracterizam pela popularidade. “Mas uma popularidade nobre e santa”, que não tem nada de comum com as vulgaridades pelas quais se exploram as más tendências e ideias da multidão. “Jesus, pelo contrário, enquanto orador, tornou-Se popular combatendo os erros correntes.”

“Ele é popular na escolha de suas expressões: não tem nada de doutoral, de afetado em sua linguagem, que sempre se distingue pela sua simplicidade, sua limpidez, ao mesmo tempo em que ela se torna profunda ou sublime.

“Assinalemos ainda as graciosas imagens tiradas geralmente dos costumes do povo, e que lhe comunicam um delicioso sabor.” Sob qualquer ponto de vista, o ensinamento de Jesus “é de uma perfeição incomparável, digna do Filho de Deus”.

A Pessoa do Divino Mestre

Muito mais que suas palavras, causava admiração a Pessoa de Nosso Senhor. Ele é simbolizado pelo cordeiro e também pelo leão.

Cordeiro pela sua paciência, serenidade. E leão porque nasceu da tribo de Judá, cujo símbolo era o leão; por sua força incomparável, que O torna vitorioso de todos os obstáculos; por sua dignidade real, pois assim como o leão é o rei dos animais, Jesus Cristo é o Rei do universo; por ser terrível aos ímpios como o leão cujo rugido apavora os outros animais.

Pela união hipostática da natureza divina com a natureza humana, Jesus Cristo é Deus e Homem.

“Enquanto Deus, Ele está infinitamente acima dos seres criados, mas enquanto Homem é o píncaro de toda a Criação.”

Há em Nosso Senhor uma seriedade infinita. Ele olha “todas as coisas pelos seus mais altos e profundos aspectos, pela ordenação que as coisas têm entre si, e amando-as enquanto tais, porque são e devem ser assim […]

“Depois, uma serenidade insondável, que absolutamente não é indiferença para com os outros. Pelo contrário, um amor a cada ser, sobretudo às criaturas humanas, um amor transcendente do qual não podemos nem ter uma ideia!

“Se o olhar d’Ele pousasse sobre uma multidão com dez milhões de pessoas, e nós pudéssemos acompanhar esse olhar enquanto incidindo sobre uma delas, ficaríamos conhecendo como ela é, como é o amor d’Ele para com ela, qual o gáudio que Ele tem se essa pessoa for fiel, e a tristeza se for infiel. Que amor, que alegria e que tristeza!”

Ficamos maravilhados considerando essas perfeições de Nosso Senhor. E devemos ainda considerar a graça que Ele espargia. Imaginemos que Jesus, fazendo brilhar todas suas perfeições, pregasse para um auditório com os 300 maiores sábios pagãos da

Antiguidade. Entretanto, se Ele não concedesse a graça divina, nenhum deles se converteria.

Para exprimir a ação de Nosso Senhor junto aos homens, São Pedro emprega a expressão “andou fazendo o bem” (At 10, 38), que em latim tem uma beleza especial: pertransiit benefaciendo.

Que a Santíssima Virgem nos obtenha a graça de não só conhecermos a doutrina de Nosso Senhor, mas de O amarmos acima de todas as coisas; que todos os nossos pensamentos, desejos e atos estejam voltados para Ele e sua Santa Igreja.

 

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada – 154)

 

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1 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. II, p 58.

2 – FILLION, Louis-Claude. La sainte bible avec commentaires – Évangile selon S. Matthieu. Paris: Lethielleux. 1895, p. 96-97.
3 – Cf. CORNÉLIO A LÁPIDE. In BARBIER, SJ, Jean-André. Tesoros de Cornelio a Lapide. Madri: Librerias de Miguel Olamendi e outros. 1867, v. III, p. 107.

4 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Grandeza infinita. In Dr. Plinio, São Paulo. Ano XVIII, n. 202 (janeiro 2015), p. 11.

 

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