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Fátima faz “parte do progresso do século XX”, afirma historiador Rui Ramos

Fátima – Portugal (Quinta-feira, 12-07-2018, Gaudium Press) O Boletim Informativo do Santuário de Fátima, Portugal, traz a notícia de que, na primeira aula do Curso de Verão, o historiador Rui Ramos analisou o contexto de “Portugal e do mundo ao tempo das Aparições”.

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Ele lembrou as duas referências históricas de então: a Primeira República e a Primeira Guerra Mundial.

O historiador mostrou uma revisão das dicotomias que tradicionalmente são referidas na análise do Acontecimento de Fátima, trazendo novas pistas de leitura para a investigação deste fato histórico de grande relevância.

Rui Ramos começou sublinhando a importância de “uma visão mais segura e crítica do contexto” das Aparições para que sejam alcançadas “novas leituras” do acontecimento.  Ele colocou Fátima no eixo “entre duas épocas: o século XIX, liberal e burguês, e o século XX, marcado pelas duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria, o progresso e a grande transformação estrutural”.

Dicotomias

Ao apresentar uma contextualização do fenômeno de Fátima, Rui Ramos chamou a atenção para “simplificação” que se faz da análise de Fátimanas dicotomias: Campo/Fatima ou Tradição/Progresso, e Igreja/República ou Catolicismo/Laicismo.

Na verdade, “Fátima está num contexto de mudança onde um mundo acaba e começa um outro. Quem estuda Fátima simplifica este contexto a partir destas dicotomias. Não sendo totalmente despropositadas, não são, no entanto, a melhor maneira de compreender o que se passou em 1917, em Portugal, a partir da Cova da Iria”, defendeu, ao apresentar uma revisão desta perspetiva tradicionalmente apontada.

Fátima: Acontecimento Nacional

Sobre a dicotomia Campo/Fatima ou Tradição/Progresso, o historiador começou por demonstrar que esta ideia “simplificada” servia, com ideias diferentes, aos argumentos tanto dos apologistas quanto dos críticos de Fátima.

Face a esta análise, e recorrendo a referências históricas, Rui Ramos defendeu uma outra perspectiva de análise, através da qual apresentou uma sociedade “muito mais complexa do que aquela que tendencialmente se faz transmitir”.

“Fátima é uma sociedade muito diferente e complexa da estrutura rígida que imaginamos. A simplificação tornou as coisas mais difíceis de compreender. Neste sentido, a nossa análise deve também ser mais complexa e olhar, com mais atenção, para a forma como as pessoas se relacionavam umas com as outras”, disse, defendendo que “Fátima é, desde o início, um acontecimento nacional”.

Igreja/República

Na revisão da dicotomia Igreja/República ou Catolicismo/Laicismo, Rui Ramos apresentou Fátima como “lugar de encontro entre um novo catolicismo e um novo republicanismo”.

“Fátima corresponde a um novo catolicismo, em ruptura com a ‘Igreja de Estado do século XIX’, mais individual, ligado à fé e aos fiéis, e mais ligado à mobilidade das peregrinações”.

Conclusão

Na conclusão, o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa apresentou Fátima como acontecimento integrante progresso do início do século.

“Mesmo sem o Estado Novo, Fátima teria sido um grande acontecimento, porque foi o local de encontro entre um novo catolicismo e um novo republicanismo. Fátima faz parte do próprio progresso, porque foi e é uma maneira das pessoas viverem o novo século XX.” (JSG)

 

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