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Estudo que diz serem falsas manchas do Santo Sudário não tem credibilidade

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 18-07-2018, Gaudium Press) Parecia até uma orquestração. Uma notícia correu o mundo falando das manchas de sangue do Santo Sudário de Turim: elas não trazem credibilidade.

O “Vatican News” publicou, a esse propósito, opiniões de pessoas fortemente relacionadas com estudos sobre o Santo Sudário de Turim.

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Segundo se afirmava, metade das manchas de sangue impressas no sudário não seria compatíveis com a postura de um homem crucificado e outras nem sequer encontrariam resposta de posição quer na cruz como no túmulo.

Por causa das fontes de onde se originaram, tudo levava a crer que acabava de surgir uma verdade incontestável:

A Universidade de Liverpool, publicou o estudo no Journal of Forensic Sciences.
Os dois pesquisadores que aparecem como autores do trabalho, Matteo Borrini pertence à mesma universidade e Luigi Garlaschelli, faz parte do ‘Comitê Italiano para o Controle de pseudociências’.

Segundo os dois pesquisadores, os resultados de seu estudo discordavam da evidência que se afirma ter sobre as manchas encontradas no Santo Sudário.
Não foi necessário muito tempo para que as manchetes da mídia em todo o mundo não tivessem a menor hesitação pra afirmar: metade das manchas de sangue do Sudário não são verdadeiras.

Investigação não crível: não há rigor científico

A professora Emanuela Marinelli, estudiosa do Sudário de renome mundial, ao saber das afirmações permaneceu inteiramente calma. Nas declarações que deu não estava abalada, pelo contrário, mas questionou:

“Você leu o resumo da pesquisa? Não há nada de científico. Para você parece ser um critério científico pegar um manequim desses utilizados para expor roupas em vitrines de uma loja e com uma esponja embebida em sangue artificial fixada em um pedaço de madeira pressionar sobre o lado direito do boneco para ver onde caem os filetes de sangue?
Emanuela Marinelli explica de um a só vez que “Este material não tem o rigor científico de outras pesquisas como aquelas realizadas há quarenta anos sobre os cadáveres de homens mortos por hemopericárdio, posicionados verticalmente e pontos com um bisturi entre a quinta e a sexta costela, assim como fez com a lança o soldado romano. Provas que tiveram resultados diferentes dos de Borrini e Garlaschelli”.

Uma Pergunta Incômoda

Alguém poderia perguntar por que uma instituição do calibre da Universidade de Liverpool decidiu validar e publicar uma pesquisa que apresenta dúvidas em relação às metodologias fundamentais empregadas, capazes de minar sua credibilidade.

A Profesora Marinelli responde apontando para um cenário mais nebuloso:
para tentar valorizar a tese de que o Sudário é falso, grupos ideológicos financiam, sem poupar esforços, pesquisas pré-concebidas, pré-construídas.

“Basta pagar e as pesquisas são realizadas – explica Marinelli. E também há quem as publica para você. É inegável que por trás de algumas delas, se escondem grupos que querem fazer acreditar que o Sudário é uma falsidade histórica. ”
Segundo a Professora, existe um belo documentário chamado “A Noite do Sudário”. Este documentário, continua Marinelli, contém uma afirmação que talvez possa não agradar a alguém. E esta afirmação é representada por uma carta em papel timbrado da Cúria de Turim, que o cardeal Anastasio Ballestrero, na época custódio do Sudário, enviou ao seu consultor científico, o engenheiro Luigi Gonella, com a qual sustentava firmemente que em matéria de datação por carbono 14, aparecia as mãos de organizações que queriam a todo custo provar que o Sudário era da época medieval.

Marinelli afirma que existe uma dificuldade em relação a um “verdadeiro Sudário da parte daqueles que querem negar não somente a Cristo, mas também a sua ressurreição”.

Como dizia o cardeal Giacomo Biffi: para um católico, descobrir que o Sudário é falso, não muda nada. Tudo muda, no entanto, para um ateu. E talvez disto tenha medo quem procura a todo custo demonstrar sua falsidade, relembrou.

O Custódio Pontifício do Sudário

Também o Custódio Pontifício do Sudário, Dom Cesare Nosiglia, comentou o fato com uma reflexão:
“No decorrer dos séculos, e com maior frequência nos últimos anos, existiram muitas tentativas de questionar a autenticidade do Sudário.Tiveram seu momento de publicidade, com manchetes e artigos de jornais, que davam por válida sua pesquisa e suas conclusões, mas em muitos casos, demonstraram-se cientificamente duvidosas.

Os estudos e as pesquisas – quando conduzidas com critérios científicos e sem hipóteses pré-concebidas – estimulam um debate sereno e construtivo, confirmando o que afirmava São João Paulo II: “O Sudário é uma constante provocação para a ciência e a inteligência.”

Dom Cesare Nosiglia acredita que “deva ser reiterado um princípio fundamental para guiar quem deseja tratar com método rigorosamente científico questões complexas como esta: é o princípio da neutralidade, porque se se parte de um preconceito e a pesquisa é orientada para demonstrá-lo, facilmente se chegará a confirmá-lo. Neste caso, não são mais os fatos que contam, mas as ideias pré-concebidas, frustrando assim aquela neutralidade própria da ciência em relação às convicções pessoais.

No entanto, tudo isso não afeta minimamente o significado espiritual e religioso do Sudário como um ícone da paixão e morte do Senhor, como o definiu o ensinamento dos Pontífices.

Ninguém pode negar a evidência de que contemplar o Sudário é como ler as páginas do Evangelho que nos falam sobre a paixão e morte na cruz do Filho de Deus.

Portanto o Sudário, que mesmo não sendo objeto da fé, ajuda, porém, a própria fé, porque abre o coração daqueles que se aproximam dele e o contemplam, para se tornarem conscientes do que foi a paixão de Jesus na cruz e, portanto, daquele amor maior que Ele nos demostrou ao sofrer terrível violência física e moral pela salvação do mundo todo. Esta sempre foi e continua sendo a razão pela qual milhões e milhões de fiéis de todo o mundo veneram, rezam e contemplam o Sudário e dele obtém esperança para sua vida cotidiana”.

Centro Internacional de Sindonologia

Houve também um pronunciamento do vice-diretor do Centro Internacional de Sindonologia de Turim, Prof. Paolo Di Lazzaro.

“O artigo publicado no Journal of forensic sciences refere-se aos experimentos realizados pelos proff. Borini e Garlaschelli em 2014, sobre os quais já se havia discutido na época, com a integração de novas tentativas experimentais. Mesmo contendo vários elementos de interesse, acredito que as modalidades pelas quais esses experimentos foram conduzidos, exigiriam integrações e atenções específicas para serem considerados cientificamente válidas e com alguma autoridade.

As medições de dosagem de sangue no laboratório são realizadas usando um voluntário com boas condições de saúde, em cuja pele limpa o sangue foi derramado contendo um anticoagulante. Estas condições de contorno são muito diferentes daquelas contidas no Sudário. Não levam em consideração a presença na pele do homem do Sudário de poeira, sujeira, suor, hematomas da flagelação e tampouco a acentuada viscosidade do sangue devido à forte desidratação. Não é possível pensar em reproduzir condições realistas do gotejamento de sangue no corpo de um crucificado sem considerar todos esses fatores que afetam significativamente o caminho do sangue escorrendo”.  (JSG)

 

(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)

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