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Edith Stein, mártir: feliz união da hebraicidade com a santidade cristã

Redação (Quinta-feira, 09-08-2018, Gaudium Press) Santa Teresa Benedita da Cruz: esse é nome com o qual findou sua vida para entrar no Paraíso.

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Ela chamava-se, antes de ingressar na vida religiosa, Edith Theresa Hedwing Stein, sendo a última de uma série de onze irmãos gerados por Siegfried e Augusta Stein, judeus residentes na Silésia alemã.

A família de Edith

Sua família radicou-se em Breslau em 1890, e em 12 de outubro do ano seguinte Edith viria ao mundo. Seu pai era um comerciante de madeira, profundamente religioso e respeitador das tradições israelitas; sua mãe considerava um sinal de predileção do Senhor o fato de Edith ter nascido quando se comemorava a festividade da Expiação, dia de penitência conforme os preceitos judaicos.

Ainda sem completar os dois anos Edit ficou órfã de pai, mas sua mãe, mesmo enfrentando a súbita pobreza que se abateu sobre a família, conseguiu assumir os negócios do marido, obtendo uma suficiente recuperação econômica para manter a família. Assim pôde encorajar os filhos a trilhar os caminhos do conhecimento e então se prepararem para a vida.

Os estudos e a religião

Nos estudos, Edith manifestou especial inclinação para a história e os idiomas. Aprendeu a falar corretamente francês, inglês e espanhol, além de ler latim, grego e hebraico (e também, pouco antes de partir para a eternidade, começou a aprender holandês).

Chegando aos estudos superiores matriculou-se nos cursos de história e filologia, o que lhe despertou o interesse pela psicologia experimental, ponte para chegar à filosofia. Os problemas sociais foram estímulo para que Edith defendesse os direitos das mulheres e dos grevistas.

Quanto à religião, Edith era indiferente, tendo se tornado atéia, confessando que aos vinte e um anos não conseguia crer na existência de Deus. Apesar disso ia com a mãe à sinagoga, por delicadeza e não por devoção. Por vezes acompanhava uma amiga a um culto protestante.

Filosofia, o amor à sabedoria

O interesse pela filosofia levou-a a conhecer Edmund Husserl, o grande pensador fenomenologista de quem se tornou aluna, e depois assistente e secretária particular. Não fosse a ascensão do nazismo, Husserl teria sido sucedido por Edith na Universidade de Friburgo.

O método de raciocínio da fenomenologia muito agradava a Edith, e a leitura de escritos de Santa Teresa de Ávila foi um caminho para ela chegar à Igreja Católica. Porém quando leu um livro cujo título era “A vida de Santa Teresa contada por ela mesma” (que retirou por acaso da estante da casa onde estava hospedada no verão de 1921), sentiu-se identificada com o catolicismo. Leu-o de uma só vez, e concluiu: “é a verdade”. Essa leitura fora feita durante a noite, e na manhã seguinte, com o auxílio de um missal e de um catecismo, começou sozinha a se instruir nas verdades da religião católica.

Pelo batismo Edith passa a fazer parte da Igreja Católica

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A catequese de Edith foi feita de forma autodidática, e quando se julgou suficientemente instruída foi a uma igreja assistir à Missa.

Ao fim, tendo esperado o celebrante (Pe. Eugenio Breitlig, vigário) concluir a ação de graças, após uma breve conversa pediu-lhe o batismo.

O surpreso sacerdote disse-lhe ser necessário um catecumenato, e perguntou-lhe quanto tempo já tinha de instrução e quem lha dera, mas Edith humildemente pediu-lhe que a examinasse para ver se detinha suficientes conhecimentos.

Na longa conversa que se seguiu o presbítero admirou-se pela ação da Graça sobre aquela alma, e o batismo foi marcado para o primeiro dia de janeiro seguinte, tendo ela recebido os nomes de Teresa e Edwiges (evidente alusão a Santa Teresa, sua mestra e modelo, e a Santa Edwiges, sua conterrânea da Silésia, e também nome da senhora que se tornava sua madrinha naquele momento).

Batizada, Edith fez a primeira comunhão, tornando-se a Eucaristia o seu pão de cada dia. A crisma foi-lhe ministrada pelo bispo de Spira, na festa da Purificação (que ocorreu pouco depois).

Para cumprir uma dolorosa obrigação Edith viajou à sua cidade natal, e sem rodeios ajoelhou-se junto à mãe para dizer de forma doce e firme: “mamãe, tornei-me católica”.

As lágrimas de dona Augusta pouco depois se seguiram das que gotejaram dos olhos de Edith: a encruzilhada estava definida, e um profundo fosso as separava. Nunca mais a mãe respondeu às carinhosas cartas da filha, limitando-se certa vez a escrever lacônicas palavras em um bilhete.

Descobre a vocação para a vida religiosa

Continuando as leituras filosóficas, Edith chegou a São Tomás de Aquino e a São João da Cruz, o que lhe preparou a entrada para o Carmelo (religiosas carmelitas descalças).

Em 15 de abril de 1934 passou a ser a Irmã Teresa Benedita da Cruz o.c.d., e em 21 de abril do ano seguinte proferiu os votos perpétuos. Por permissão superior continuou a escrever obras de caráter filosófico durante sua vida como religiosa.

Edith então voltou as costas ao seu futuro, ao mundo cheio de amigos e admiradores, à família, e ingressou na solidão da vida religiosa contemplativa, escondida e sem exterioridades. As dificuldades quotidianas – não sabia costurar, por exemplo, e se embaraçava com a maior parte dos trabalhos manuais – eram enfrentadas com resolução e bom humor.

Morta por retaliação à Igreja Católica

A ascensão de Hitler fez com que Edith, não ariana e com pensamento contrário ao que grassava na Alemanha, se mudasse para a Holanda, mas a expansão do poderio totalitário chegou até esse país.

Antes que se concluíssem os trâmites legais para a transferência de Edith para a Suíça, foi ela presa com sua irmã Rosa (também convertida), sendo ambas deportadas para a Polônia, ação motivada contra os judeus católicos pelas atitudes antinazistas das autoridades do clero holandês.

Mesmo nos confinamentos dos deportados nos quais foi ela inserida, e também nos vagões dos trens que a levaram para Auschwitz (Polônia), portou Edith o hábito de sua família religiosa, mantendo-se serena e confiante em Deus, exercendo forte ação de presença junto aos demais deportados e consolando-os em meio às aflições.

Nos bilhetes que remeteu a partir dos locais onde esteve presa ressaltava que estava rezando, admitindo estar “contente com tudo”. Ofereceu-se em sacrifício pela conversão de seu povo, sendo com sua irmã Rosa morta em uma câmara de gás em 9 de agosto de 1942.

Irmã Teresa Benedita da Cruz foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 1 de maio de 1987, por ocasião de uma viagem desse Pontífice a Colônia, na Alemanha.

O mesmo Papa a canonizou em 11 de outubro de 1998, o que foi motivo de grande alegria para toda a família carmelitana.

 

Por Padre Luiz Alexabdre de Souza, EP

(Fonte: Edith Stein (Elisabeth de Miribel, Editora Santuário, 2001))

 

 

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