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Castidade e verdadeira alegria

Redação (Quinta-feira, 16-08-2018, Gaudium Press) Dentre os ensinamentos do Divino Mestre, transmitidos no Sermão da Montanha, fixaremos nossa atenção em dois pontos de transcendental importância: a castidade e o Inferno.

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Quem é casto goza da autêntica liberdade

Afirmou Jesus:
“Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5, 27-28).

Refere-Se aqui Nosso Senhor ao Nono Mandamento da Lei de Deus: “Não cobiçar a mulher do próximo”. Fazendo eco às palavras do Redentor, São Paulo declara que os adúlteros não entrarão no reino de Deus (cf. I Cor 6, 9-10).

O Nono Mandamento é um complemento do Sexto, que ordena: “Não pecar contra a castidade”.

A palavra “castidade” provém do latim castu, que significa puro. Por essa razão tal virtude é também chamada “pureza”. E no Apocalipse está afirmado que nada de impuro entrará no Céu (cf. Ap 21, 27).

Quantas pessoas vivem hoje na tristeza, causada em considerável medida pela depressão! A verdadeira alegria nos é proporcionada pela pureza. Eis o que diz Santo Efrém:

“Ó castidade, tu enches de felicidade o coração que te possui, tu és as asas da alma que se eleva ao Céu! Ó castidade, tu engendras a alegria espiritual e destróis as tristezas! Ó castidade, tu moderas as paixões […] e livras a alma das cruéis agitações! Ó castidade, tu iluminas os justos e encadeias satanás em seus abismos tenebrosos!”

Quem se deixa levar pela impureza torna-se escravo dela; realmente, afirmou Nosso Senhor: “Todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo” (Jo 8, 34). Aquele que é casto goza da verdadeira liberdade, como escreveu São Cipriano: “A pureza é a liberdade do bem, a prisão do mal, a couraça do pudor, a muralha da força, a espada da disciplina, a armadura dos fortes.”

A principal causa da dissolução da família é a luxúria, hoje dominante, que se propaga sobretudo pela internet.

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Fugir das ocasiões próximas de pecado

Para se praticar a castidade são fundamentais a oração e a vigilância. “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26, 41), disse o Redentor no Horto das Oliveiras.

Vigilância aqui significa fugir das ocasiões próximas de pecado, tomando especial cuidado com os olhos. Por não ter vigiado seus olhares, o Rei Davi caiu em pecado de adultério com Betsabeia, que era casada com Urias, um dos trinta valentes do exército do soberano. E como um abismo atrai outro abismo, Davi precipitou-se até no crime de homicídio, pois acabou tramando a morte do fiel Urias (cf. II Sm 11, 2-24).

“Devemos cortar irremissivelmente tudo quanto constitui para nós ocasião próxima de pecado, como faríamos se um membro doente comprometesse gravemente a saúde de todo o organismo. Poderá ser uma má amizade […] um mau livro, um vídeo inconveniente ou, tantas vezes, o acesso à internet que leva a pecar.”
“Logo a seguir, o Divino Mestre frisa a radicalidade com que devem ser praticados os Mandamentos, exortando-nos a levar até os últimos extremos o princípio da fuga das ocasiões de pecado.”

“Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno” (Mt 5, 27-30).

Nos Evangelhos há 15 referências ao Inferno

Note-se que Nosso Senhor, nesse trecho, fala duas vezes do Inferno. Aliás, nos Evangelhos há 15 referências ao Inferno.

Explica Plinio Corrêa de Oliveira:

“O Inferno é um lugar material, onde há um fogo material. E esse fogo é tão mais terrível, em relação ao fogo da Terra, que Santo Afonso de Ligório, o grande doutor dos novíssimos, dizia que há uma regra de três.

“Considerem uma chama muito bem pintada num quadro; ela produz a ilusão visual do fogo, mas não tem calor. Já a chama de uma vela tem calor. A diferença entre a chama pintada e a da vela é muito menor do que a existente entre o fogo da Terra e o do Inferno.

“Não sabemos que espécie de material alimenta o fogo do Inferno. Mas Deus sabe, e isto basta. Quem morre condenado não precisa conhecer o que é esse fogo, porém o sente. E, por um desígnio d’Ele, o fogo dói na alma, se bem que esta seja espiritual. E queima a alma como queima o corpo.

“De maneira que as almas atiradas ali sentem aquele fogo inteiramente. E, para usar a expressão de muitos que viram o inferno – São João Bosco é um deles -, a alma está no Inferno não como um de nós, por exemplo, que sofresse com uma queimadura de terceiro grau na superfície do corpo, mas como uma brasa; ela é fogo!”

Para mantermos a castidade, bem como todas as outras virtudes, e salvarmos nossas almas, é essencial termos a perfeita devoção a Nossa Senhora, a Mãe castíssima.

Voltemo-nos a Ela cheios de confiança, pois a Santíssima Virgem é o Refúgio dos pecadores.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 160)

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1 – Apud CORNÉLIO A LÁPIDE. In BARBIER, SJ, Jean-André. Les Trésors de Cornelius a Lapide. Paris : Librairie Ch. Poussielgue. 1876, v. IV, p. 219.

2 – Apud CORNÉLIO A LÁPIDE.Op. cit., v. IV, p. 218.

3 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. IV, p. 398.

4 – Idem, 2013, v. II, p. 81.

5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Os novíssimos do homem. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XIII, n. 153 (dezembro 2010), p. 29.

 

 

 

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