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Schoenstatt: Celebração dos 50 anos da morte do padre Kentenich

Lisboa (Quinta-feira, 13-09-2018, Gaudium Press) O Movimento de Schoenstatt comemora em todo o mundo os 50 anos da morte do seu fundador, o padre José Kentenich, falecido há 50 anos no dia 15 de setembro.

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As celebrações se espalham por inúmeros países onde chegou a influência deste venerável sacerdote.
Será uma oportunidade para agradecer o dom da sua vida e de sua obra, postas com amor e exemplar dedicação a serviço da Igreja e na devoção da Virgem Três Vezes Admirável.

Exemplo destas comemorações realizadas por seus filhos espirituais, seguidores e admiradores é o que acontecerá em Portugal onde, em várias dioceses, o próximo dia 15 será o marco desta comemoração do seu cinquentenário de partida para a casa do Pai.

Na diocese de Aveiro, realiza-se, às 14h30, uma peregrinação do Santuário Schoenstatt (Gafanha da Nazaré) até à Sé e às, 17h00, Dom António Moiteiro preside à celebração.

Em Braga, às 16h00, Dom Jorge Ortiga celebra na Sé e em Coimbra, na Igreja de Santa Cruz, Dom Virgílio Antunes preside, 17h00, à celebração.

O bispo auxiliar de Lisboa, Dom Joaquim Mendes, preside, às 16h30, à celebração no Mosteiro dos Jerónimos e, no Porto, Dom António Augusto Azevedo preside, 15h30, à celebração na Sé da cidade do Douro.

Na Ilha da Madeira, Funchal, Capela da Penha e França, o padre Victor Baeta Sousa preside, às 18h30, à celebração.

“Dilexit Ecclesiam” – Amou a Igreja

Para todas essas celebrações foi escolhida como tema, recordação e inspiração para as diversas celebrações as palavras que ele pediu para serem gravadas em seu próprio túmulo: “Dilexit Ecclesiam” – Amou a Igreja.

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Padre José Kentenich

Nascido em 18 de novembro de 1885 em Gymnich, perto de Colônia, José é filho de José e Catarina Kentenich Koep.
Catarina, mulher muito pobre e piedosa, transmite a José sua devoção mariana profunda.

A situação de extrema pobreza, com uma avó muito idosa e de saúde debilitada levam-na a deixar o seu filho de oito anos no orfanato São Vicente em Oberhausen(Alemanha), em 1894.

Os anos de orfanato serão difíceis para a criança, com duas tentativas de fuga e numerosas travessuras.
Mas ele conseguirá boas notas na escola e permanecerá profundamente marcado por sua consagração a Maria[1].

Em 1897, José exprime o desejo de se tornar sacerdote. 

Dois anos depois, entra para o seminário menor de Ehrenbreitstein, dirigido pelos Padres palotinos. Em 1904, passa ao noviciado dos Palotinos de Limburg an der Lahn.

Em seu diário, ele formula o seu itinerário espiritual: “Deus é o meu único objetivo, ele deve também ser a estrela que guia minha vida.”

O noviço encontra grandes dificuldades. Ele tem um forte desejo de perfeição, mas sente grande insensibilidade, uma espécie de incapacidade de amar a Deus e ao próximo.

A devoção mariana lhe permite superar esta crise e encontrar o amor pessoal de que Deus, Jesus Cristo e da Virgem Maria tem por ele, um amor que não é uma ideia abstrata, mas uma realidade viva.

José Kentenich é ordenado sacerdote em Limburg an der Lahn, no dia 8 de julho de 1910. Jovem, ele sonha de converter pagãos. Mas seu sonho de ir para a África como missionário não pode ser realizado por haver adquirido a tuberculose.

O começo: a “Aliança de Amor” com Maria

Com alguns de seus alunos, em 18 de outubro de 1914, o Padre Kentenich iniciava o que seria mais tarde considerado o primeiro marco da fundação da Obra de Schoenstatt.

Na antiga capela de São Miguel, então abandonada e utilizada como depósito de ferramentas, um grupo de cerca de vinte seminaristas sela com a Mãe de Deus um pacto que ele viria mais tarde a chamar de “Aliança de Amor”.

O que fazia este ato tão singular é que essa “Aliança” era considerada não como um símbolo piedoso, mas um contrato bilateral entre duas partes contratantes. Além disso, pela voz do jovem sacerdote, a Santíssima Virgem é solicitada a estabelecer seu trono na capela para desde aí distribuir seus tesouros espirituais.

Cada membro do grupo concorda em abandonar-se inteiramente à Mãe de Deus e deise guiar por ela durante toda sua vida.

Mãe Três Vezes Admirável

Em abril de 1915, um professor presenteia ao Padre Kentenich uma reprodução de uma gravura de Nossa Senhora tendo ao colo Jesus menino, pintada por Luigi Crosio, sob o título “Refugium Peccatorum”.

Apesar do reduzido valor artístico da obra, o fundador é tocado pela ternura do gesto de Maria segurando Jesus junto ao seu coração; ele entroniza essa imagem no altar da capelinha. Reverenciada como Mater Ter Admirabilis (Mãe Três Vezes Admirável), ela será colocada em todas as casas e santuários do Movimento de Schoenstatt. Durante a guerra, uma revista sob esse patrocínio é enviada para os jovens que lutam na frente de batalha.

Nazismo

Em 1933, quando os nazistas tomam o poder na Alemanha e são fechados diversos conventos um após o outro, ele não tardou em enviar grupos de religiosas para a África do Sul, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai a fim de permitir o Movimento de sobreviver caso a perseguição da Igreja na Alemanha aumentasse.

Sua oposição ao nazismo atrai a atenção e a perseguição das autoridades. Padre Kentenich diz sobre a suástica: “Para nós, é a Cruz de Cristo que devemos seguir”. E sobre o nazismo, “Não vejo nenhum lugar por onde aí poderia passar a água do batismo”.

Uma vez no poder, os nazistas não tardam a pôr Schoenstatt entre os principais adversários a destruir. Após diversas ameaças e vexações, no dia 20 de setembro de 1941, Kentenich é convocado pela Gestapo; ele é acusado pelo teor de uma frase, pronunciada em privado, mas denunciada por um delator: “Minha missão é revelar o vazio interior do nacional-socialismo, a fim de assim poder derrotá-lo.”

Em março de 1942, o Padre Kentenich é enviado ao campo de concentração de Dachau, justo no momento em que as condições de vida nesse campo estavam em franca deterioração. Dos 12.000 presos, existem 2.600 sacerdotes.
Ele é o prisioneiro n. 29.392.

Em 6 de abril de 1945, com a chegada dos americanos os prisioneiros são libertados. No dia 20 de maio, dia de Pentecostes, o Padre Kentenich regressa a Schoenstatt.

Ele retorna imediatamente ao seu trabalho; visando estabelecer uma barreira contra dois perigos que o fundador discerne com muita lucidez: o comunismo no Leste, e o materialismo prático no Ocidente.

Falecimento: “Dilexit Ecclesiam”

Durante seu último ano de vida na Terra, neste ano de 1968 marcado pelo espírito de contestação na Igreja e no mundo, o Kentenich constantemente retorna ao tema: “A tarefa de Maria é de levar Cristo ao mundo e o mundo a Cristo… Estamos convencidos de que as grandes crises do tempo presente não podem ser superadas sem Maria”

No dia 15 de setembro de 1968, o Padre Kentenich celebra a Missa na Igreja da Adoração, em Schoenstatt, inaugurada recentemente.

Seiscentas Irmãs de Maria participaram da cerimônia.

Ao retornar à sacristia para a oração de agradecimento logo após a Missa, o celebrante de repente tem um ataque cardíaco; ele recebe os últimos sacramentos e expira minutos depois.

Seus restos mortais estão sepultados no lugar onde ele deu seu último suspiro.

Em seu túmulo figura, de acordo com seu desejo, a inscrição: Dilexit Ecclesiam (Ele amou a Igreja, Ef 5:25.).

Sua causa de beatificação foi aberta em 1975.

(JSG)

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