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Audiência especial do Papa a ciganos, no sábado, é "fato histórico"

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 09-06-2011, Gaudium Press) Neste sábado, o Papa Bento VI será protagonista de um novo ato inédito e histórico para a Igreja. Ele receberá em uma audiência especial no Vaticano parte dos cerca de 1400 ciganos que irão à Roma neste fim de semana para recordar o 150º aniversário de nascimento e os 75 anos do martírio do primeiro cigano beato, o espanhol Zeferino (Ceferino) Giménez Malla (1861-1936). O mártir cigano foi proclamado beato por João Paulo II em 1997.

A audiência do Santo Padre com os ciganos é um “fato histórico” e “um evento significativo em um momento no qual tantos episódios de discriminação a ciganos acontecer em muitos países europeus”, de forma que “a via da integração parece ser a única possível para se viver juntos em paz e em segurança”, acredita Marco Impagliazzo, presidente da Comunidade de Santo Egídio.

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Para o presidente da Comunidade de Santo Egídio, encontro é altamente significativo do ponto de vista cutural, social e religioso

Segundo Impagliazzo, o encontro é “altamente significativo” do ponto de vista cultural e social, além do religioso. Pela primeira vez ciganos (em sua maioria das entias Rom e Sinti) são recebidos desta forma no Vaticano. “A audiência testemunha que a Igreja ama os ciganos e que se empenha junto a essas populações para que sejam reconhecidas como um minoria europeia, com seus direitos e com seus deveres”, declarou.

Para Dom Giancarlo Perego, diretor geral da Fundação Migrantes, esse primeiro encontro para os ciganos no Vaticano trata-se de um “sinal importante” para o mundo, “marcado pelas diferenças, preconceitos e violências”. Não é a primeira vez que um Papa encontra os ciganos, mas a primeira audiência reservada a eles no Vaticano. O Papa Paulo VI em Pomezia, em 1965, e o Beato Papa João Paulo II, por ocasião do Grande Jubileu de 2000 e em outros momentos, já haviam recebido os ciganos, mas sempre junto a outros grupos.

A peregrinação dos ciganos europeus à Roma acontecerá no fim de semana, dias 11 e 12, começando com a audiência com o Papa no Vaticano. Depois, na tarde de sábado, às 18h, a Comunidade de Santo Egídio organiza uma vigília de oração na Basílica de São Bartolomeu, na Ilha Tiberina, durante a qual um objeto religioso do beato Zeferino será entregue e disposto sobre o altar dos mártires da Espanha. Ao fim da vigília haverá uma festa na praça entre os cidadãos romanos, italianos e ciganos. No domingo, está prevista uma missa no Santuário romano do Divino Amor.

O povo cigano é formado por diversas etnias, entre as quais Rom, Sinti, Manousche, Caló, Yéniches, Romnichals, Xoraxané e outras. Atualmente, há cerca de 36 milhões de pessoas que se declaram ciganas no mundo (no Brasil eles estão estimados em 900 mil), a maioria se concentrando na Índia, considerada sua terra de origem (mais de 18 milhões).

O beato Zeferino (Ceferino) Giménez Malla nasceu em Barbastro, na Espanha, em uma família pobre. Não frequentou a escola, e foi um especialista em cavalos e mulas. Uma pessoa sincera e simples, dedicada à oração e à paz e concórdia entre os vizinhos.

Aos 75 anos foi preso por defender um sacerdote. Foi fuzilado depois da prisão e tinha em mãos uma pequena coroa do rosário e seu último grito foi “Viva Cristo Rei”. Em 4 de maio de 1994, foi proclamado beato por Papa João Paulo II, junto ao bispo Florentino Asensio, morto como o cigano em 1936.

 

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