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Artigo: Os “slows” e a contemplação

 

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“Desde que o movimento “slow” apareceu em Roma no final da década de 1980, como rechaço à comida rápida, muitos têm sido os lugares que acenaram para este estilo de vida, lento e relaxado, que abarca a todos os âmbitos do ser humano e que conta com uma rede internacional de municípios que apostam nesta filosofia”. Assim se inicia uma mensagem da agência Efe, que dá nestes dias publicidade ao que parece ser um movimento que vai ganhando força em diversos rincões do nosso planeta.

“Lento”: essa palavra contradiz os postulados – bem subjacentes – de uma sociedade de consumo que vai chegando a seu fim e que afirmavam que devia correr e trabalhar em demasia, trabalhar em excesso e seguir correndo, par alcançar a abundância material e com ela a felicidade.

E como a lei do pêndulo da história é inexorável, agora propugna-se pelo lento, pela não pressa, por um ritmo de vida mais sossegado.

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É claro: os propugnadores deste movimento não buscam em sua lentidão anunciada a contemplação do universo para chegar a Deus, que é o único que saciará nossa sede de felicidade. E por isso prevemos que cedo ou tarde os “slows” novamente se tornarão “fasters”.

Contemplação, está aí a chave.

Disse Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, em sua brilhante tese “A Fidelidade à Primeira Vista – um périplo da apreensão do Ser até a contemplação do Absoluto”, que o homem desde sua infância ao entrar em contato com a rica variedade dos seres “deve ordenar e hierarquiza em sua mente todo este patrimônio, deixando que o ‘verum’ ]a verdade], o ‘bonum’ [a bondade] e o ‘pulchrum’ [a beleza] das coisas criadas influenciem seu modo de ser e atuar (recordando-se sempre do papel essencial da graça do papel essencial da graça, que auxilia a alma em seu ímpeto em direção à verdade, ao bem e ao belo”.

Este movimento contemplativo e de ordenação do ser que propõe Monsenhor Clá condiz com o expressado por São Tomás de Aquino, quando em “De Veritate” afirma que “segundo os filósofos, a última perfeição a qual pode chegar a alma consiste em reproduzir nela toda a ordem do universo em suas causas”. A contemplação do universo lhe ajudará a aproximar-se de Deus, pois sendo o Universo o reflexo perfeito de Deus, “ao final deste caminho (contemplativo) está a apreensão da existência do próprio Criador”.

Os homens começaram a correr, a ser “fast” quando acreditaram que sua correria lhes traria a felicidade na produção de muita matéria, tudo fora de Deus. Agora querem ser “slow” porque querem gozar lentamente da matéria para ver se ali encontram essa mesma felicidade que lhes negou o “fast”.

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Contudo, o que há de fazer é contemplar a matéria, não para encontrar na matéria a felicidade, mas para que a matéria “fale” de Deus, que é sim, fonte de Felicidade.

Mas sempre, com recorda o Monsenhor, sob o auxílio da graça – que se acha profundamente nos sacramentos da Igreja -, lutando contra os próprio defeitos, porque este é um vale de lágrimas, e sabendo que a felicidade perfeita está no Céu.

Por Saúl Castiblanco

 

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