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"Venho aqui para deter-me em silêncio", afirma Bento XVI no Museu do Holocausto

Jerusalém (Segunda, 11-05-2009, Gaudium Press) Após ter tido um encontro de cortesia com o presidente israelense Shimon Peres na tarde de hoje, na residência do chefe de estado judaico, Bento XVI participou daquele que seja talvez seu mais significativo compromisso nos cinco dias que permanecerá em Israel: a visita ao memorial Yad Vashem.

O Yad Vashem, ou Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, foi criado a partir de lei de mesmo nome promulgada em 1953. O complexo, cuja estrutura atual é de 2005, conta com diversas salas, arquivos e obras referente ao extermínio dos judeus pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. E foi justamente uma das instalações mais emblemáticas do complexo, a Sala das Memórias, onde se encontram os nomes dos seis milhões de mortos no Holocausto, o local escolhido para a visita papal.

Ao chegar ao Yad Vashem, o Papa foi acolhido pelo diretor do centro, Yossef Lapid, e percorreu a pé a área do memorial até chegar ao local onde o aguardavam Peres e o rabino-presidente do conselho do Yad Vashem. Antes de discursar, Bento XVI conversou com sobreviventes e depositou uma coroa de flores em um local reservado na Sala.

“Estou aqui para deter-me em silêncio diante deste monumento, construído para honrar a memória dos milhões de judeus mortos na horrenda tragédia do Holocausto. Eles perderam a própria vida, mas jamais perderam seus nomes… os nomes estão estavelmente incididos nos corações de seus familiares, dos seus companheiros de prisão e de quem combate para impedir que um horror semelhante possa desonrar novamente a humanidade. Especial e principalmente, seus nomes estão incididos de modo indelével na memória de Deus Onipotente”.

“Que os nomes dessas vítimas não pereçam nunca! Que o seu sofrimento não seja nunca negado, diminuído ou esquecido! E que toda pessoa de boa vontade vigie para erradicar do coração do homem qualquer coisa capaz de acarretar tragédias semelhantes a essa!”, declarou, de forma categórica.

A condenação veemente do Papa procura por fim de uma vez por todas às polêmicas levantadas com o caso Williamson e a aprovação da beatificação de Pio XII – tido por judeus como omisso durante a Segunda Guerra – e não deixar dúvida acerca da posição da Igreja com relação ao negacionismo do Holocausto.

O Papa continuou: “Enquanto estamos aqui em silêncio, seus gritos ainda ecoam nos nossos corações. É um grito que se eleva contra todo ato de injustiça e de violência. É uma condenação perene contra o derramamento de sangue inocente”.

Ao final do seu discurso, Bento XVI citou trecho do judaico Livro das Lamentações, que disse que tem palavras “repletas de significado” seja para judeus, seja para cristãos:

“Os favores de Iahweh não terminaram,
suas compaixões não se esgotaram;
Elas se renovam todas as manhãs,
grande é a sua fidelidade!
Eu digo: ‘Mia porção Iahweh!
eis porque nele espero’.
Iahweh é bom para quem nele confia,
para aquele que o busca.
É bom esperar em silêncio
a salvação de Iahweh.”

E, parafraseando o extrato, concluiu: “Queridos amigos, sou profundamente grato a Deus e a vocês pela oportunidade que me foi dada de me deter aqui em silêncio: um silêncio para recordar, um silêncio para esperar”

 

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