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Trinta anos de batalhas!

Redação (Quarta-feira, 27-09-2017, Gaudium Press) Após a morte de Jônatas Macabeu, assumiu o comando da guerra dos fiéis hebreus contra os inimigos de Israel seu irmão Simão.

Eliminação dos ímpios e esplendor do Templo

O ímpio Trifão, que mandara matar Jônatas e seus dois filhos, ordenou que fosse assassinado o jovem Rei Antíoco VI e cingiu a coroa do reino da Síria. Governou durante aproximadamente quatro anos(1) e “provocou grande calamidade sobre a terra” (I Mac 13, 32).

Simão Macabeu, que tinha sucedido Jônatas nas funções de Sumo Sacerdote bem como de chefe civil e militar do povo, se declara partidário de Demétrio II e envia mensageiros a esse rei a fim de lhe pedir isenção de impostos para a Judeia, pois Trifão havia cometido grandes rapinas contra os israelitas. Demétrio II respondeu-lhe com uma carta, concedendo a isenção.

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O novo comandante conseguiu também expulsar todos os sírios que, há muito tempo, ocupavam a cidadela de Jerusalém, localizada no Monte Sião, ao lado do Templo. E, tendo seu filho João atingido a maturidade, nomeou-o chefe de todas tropas de Israel (cf. I Mac 13, 54). Posteriormente, será este conhecido como João Hircano ou Hircano I.

Demétrio II partiu com seu exército para a Média a fim de recrutar reforços para vencer Trifão. Mas o Rei da Média e da Pérsia venceu-o e lançou-o na prisão. “Doze anos mais tarde, ele recobrou sua liberdade e sua coroa.” (2)

Então, Israel permaneceu em paz durante aproximadamente três anos, de 141 a 138 a. C. “Dentro, o partido helenista tinha perdido toda sua força; fora, Trifão estava sobremodo ocupado na Síria, e Antíoco VII, irmão de Demétrio II, não havia ainda manifestado suas pretensões ao trono.” (3)

Simão “eliminou todos os ímpios e malvados” (I Mac 14, 14), ou seja, “os judeus helenistas, que desejavam a ruína da nação”.(4) E contribuiu enormemente para o esplendor do Templo e do culto: “De glória recobriu o lugar santo, do Santuário as alfaias multiplicou” (I Mac 14, 15).

Os romanos e espartanos escreveram-lhe renovando o pacto de amizade, outrora contraído com Judas e Jônatas.

Simão Macabeu é assassinado

O filho de Demétrio I e irmão de Demétrio II tornou-se Rei da Síria, com o título de Antíoco VII, e escreveu a Simão confirmando a isenção de impostos concedida por seus antecessores. E, tendo reunido 128.000 homens, começou a perseguir Trifão e chegou a cercá-lo totalmente numa cidade marítima.

Então, Simão Macabeu enviou a Antíoco VII “2.000 homens escolhidos para combaterem ao seu lado, além de prata e ouro e muito equipamento” (I Mac 15, 26). Entretanto, o rei sírio não quis recebê-los e mandou um emissário a Simão, para dizer-lhe que deveria devolver as cidades que havia conquistado e pagar os impostos atrasados. Ou então entregar ao monarca 35 toneladas de prata (cf. I Mac 15, 31). Se Simão Macabeu não concordasse, Antíoco VII invadiria a Judeia.

Ao chegar a Jerusalém, o emissário “pôde ver o luxo de Simão, o esplendor em ouro e prata, rico mobiliário, ficando maravilhado” (I Mac 15, 32). Simão declarou-lhe ter apenas recuperado a terra, que fora injustamente ocupada pelos inimigos dos judeus.

Diante dessa varonil atitude de Simão, Antíoco VII enviou Cendebeu, comandante-em-chefe de seu exército, para dominar Israel.

Então, João Hircano, um dos filhos de Simão o qual já se encontrava bastante idoso, tomou a dianteira do contra-ataque, venceu as tropas de Cendebeu e “retornou para a Judeia em paz” (I Mac 16, 10). “Havia trinta anos que os macabeus lutavam contra os sírios pela independência de seu povo.” (5)

Contudo, um tal Ptolomeu, genro de Simão Macabeu e governador de Jericó, possuidor de muito ouro e prata (cf. I Mac 16, 11), mas dominado pelo vício da soberba, começou a ambicionar o domínio do país.

Apesar de sua velhice, Simão percorria, juntamente com dois de seus filhos, o interior da Judeia a fim de bem administrá-la. Encontrando-se ele perto de Jericó, Ptolomeu convidou-o para um banquete. Em determinado momento, Ptolomeu com seus homens armados se lançaram contra Simão e seus filhos e os mataram. Isso ocorreu no ano 135 a. C.

Prontidão e vigor de João Hircano

Ptolomeu enviou alguns homens para assassinarem João Hircano, o qual vivia em Gazara. E outros para tomarem Jerusalém e o monte do Templo.

Avisado dessa infame traição, João conseguiu prender os homens que tinham vindo para matá-lo e os executou. “Sua prontidão e seu vigor pouparam a seu país os horrores da guerra civil e a humilhação de recair em poder dos sírios.” (6)

Posteriormente, Hircano recebeu uma carta dos romanos, um senatus consultum, ou seja, um decreto com força de lei, dando-lhe plenos poderes sobre Israel. Ele, que já era Sumo Sacerdote desde a morte de seu pai, Simão Macabeu, tornou-se oficialmente rei, com o título de Hircano I. (7) Surgiu assim a dinastia asmoneia.

Os Livros dos Macabeus terminam com a narração a respeito de Hircano I, falecido em 104 a. C. Depois dele, houve fatos de enorme importância na História de Israel, que procuraremos sintetizar nos artigos subsequentes.

Com o auxílio de Nossa Senhora, iremos apresentar uma visão de conjunto do panorama em que nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Paulo Francisco Martos

1 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée – Le premier Livre des Machabées. 3. ed. Paris: Letouzey et aîné.1923, p. 766.
2 – FILLION. op. cit., p. 771.
3 – Idem, ibidem, p. 771.
4 – Idem, ibidem, p. 772.
5 – Idem, ibidem, p. 785.
6 – Idem, ibidem, p. 788.
7 – Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église depuis la Création jusqu’à nos jours.Paris: Louis Vivès. 1869. v. IV, p. 33.

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