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De posturas e atitudes

Redação (Quarta-feira, 22-11-2017, Gaudium Press) É evidente que diante do Santíssimo Sacramento se deve tomar uma postura reverente, e ao dizer isto, se diz pouco: o encontro é com o mesmo Deus!

A dignidade no vestido, a sobriedade nos movimentos, a circunspecção no falar, até o cuidado de silenciar o celular, enfim, tudo isso, são atenções e atitudes que se impõem.

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Na liturgia da Missa, a Igreja manda que se adotem certos gestos e posturas porque são próprios para reconhecer o mistério que se celebra. Não se está diante de um espetáculo, tampouco em um passatempo e muito menos em uma diversão. Por mais que a companhia do Senhor nos encha de gozo, a dimensão do mistério não pode deixar de ser considerada como prioritária.

Desta forma, com a postura corporal e o decoro, estaremos tornando realidade a participação inteligente e frutuosa que pede a celebração do mistério cristão. Esse cuidado a Igreja o quer não apenas para as celebrações comunitárias; também vale para a adoração pessoal silenciosa ou em pequenos grupos.

A Instrução Geral do Missal Romano (que recolhe as normas para a celebração da Missa) nos diz algo muito importante: “A postura uniforme, seguida por todos os que fazem parte da celebração, é um sinal de comunidade e unidade da assembleia, já que expressa e fomenta a unidade de todos os participantes”.

Nada mais ‘gauche’ e até chocante que, em meio da Missa ou da adoração eucarística, uma pessoa se destaque por suas atitudes originais e chamativas como por exemplo prostrar-se no chão ostensivamente ou falar em alta voz, ou coisas desse estilo. Que as há. O culto a Deus deve primar a consideração de Sua divina majestade e não os sentimentos do adorador. É claro que haverá particularidades próprias a regiões com tradições diferentes; como por exemplo, em certas regiões do Oriente, ao tirar o calçado ou cobrir-se a cabeça…

Em todo caso, as posturas corporais diante da Eucaristia são basicamente três: estar de joelhos, estar de pé ou estar sentado. Estas modalidades não são exclusivas, haverá outras; mas estas são as mais apropriadas.

Pareceria uma banalidade dizer algo tão óbvio. Ou uma mesquinhez chegar a esta pontualização, uma vez que o principal não é o que se ostenta mas o que se leva dentro. É verdade, por exemplo, que mais importante que estar sentado ou de joelhos, é ter passado por uma boa confissão para poder aproximar-se do Senhor com uma consciência limpa. É claro que isto vale mais que a qualidade do vestido ou da posição do corpo.

Mas resulta que a compostura não reina nos dias que correm e a educação está em queda livre. Não é raro ver em momentos importantes e solenes do culto, homens com as mãos no bolso ou pessoas falando por telefones ditos “inteligentes”…

Estar de joelhos, de pé ou sentado são posições adequadas que respondem a razões de Fé, históricas e de estética.

A postura de joelhos é penitencial, de arrependimento e de humildade. São Basílio diz que assim se mostra como o pecado nos derrubou por terra. Mas não é somente penitencial, é de oração e súplica. No Novo Testamento há várias referências de quanto os cristãos primitivos, especialmente São Paulo, se colocavam de joelhos. O Apóstolo chega a dizer “por isso dobro meus joelhos diante do Pai (Ef. 3, 14).

O estar de pé é a postura própria do sacerdote mas também dos fiéis nas celebrações litúrgicas, especialmente na espiritualidade do Oriente, de onde nos veio o cristianismo. Levantar-se e colocar-se de pé diante de uma pessoa que se quer honrar é a atitude adequada. Estando de pé, como que colocamos nosso corpo em direção ao céu, tensionados para louvar ao Senhor. É uma atitude de escuta. Hoje em dia, o normal é escutar uma exposição sentado, estando de pé o que fala. Mas antigamente não era assim: o professor ou palestrante se sentava em sua cátedra e as pessoas que lhe ouviam, apinhada ou distante, de pé.

Estar sentado ajuda a distender-se e facilita a meditação. As leituras na Missa (salvo o Evangelho) se escutam estando sentados. Assim estava Maria Madalena aos pés do Senhor, e assim o próprio Menino Jesus em meio dos doutores da lei.

Agora, sucede que nosso corpo normalmente padece moléstias, especialmente quando vão se passando os anos. É importante que o corpo não seja um obstáculo à oração, tem que ser um “aliado”. Segundo as circunstâncias, às vezes temos que saber domá-lo e outras vezes temos que entrar com ele em um acordo diplomático… Queremos estar de joelhos mas o incômodo é grande? Nos sentamos. Estamos sentados e nos tenta o sono? Nos colocamos de pé.

‘Ama Deum et fac quod vis’, “ame a Deus e faça o que quiseres”, sentenciou Santo Agostinho. Esta é uma regra de ouro. Se amamos a Deus ou, ao menos, se desejamos amá-lo seriamente, faremos necessariamente as coisas bem, inclusive nos mínimos gestos.

Por sua vez, o autor destas linhas pode testemunhar que isto é o que aprendeu e se empenha em viver na comunidade dos Arautos do Evangelho da qual faz parte. O carisma dos Arautos se vê muito bem expressado no sublime mandamento: “Sede pois perfeitos, assim como vosso Pai celestial é perfeito” (Mt. 5, 48). Estamos “perfeitamente” diante do Senhor!

Por Padre Rafael Ibarguren, EP

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

(Publicado originalmente en www.opera-eucharistica.org)

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