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A guerra faz palpitar de angústia seus corações, diz Papa aos ucranianos

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 29-01-2018, Gaudium Press) Na tarde do domingo, 28 de janeiro, o Papa Francisco visitou, a Basílica ucraniana de Santa Sofia, localizada na Via Boccea, em Roma.

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Foi o cardeal Josyph Slipyj (1892- 1984), arcebispo-mor da Igreja Greco-Católica ucraniana quem quis construir esta Igreja Basílica.

A visita

Depois de rezar pela paz na Ucrânia com os fiéis que se encontravam fora da basílica, o Papa os convidou para entrar.

Logo no início de sua fala Francisco comentou que “Entrando neste local sagrado tive a alegria de olhar os seus rostos e ouvir os seus cantos. Se estamos aqui, reunidos em comunhão fraterna, devemos dar graças também por muitos rostos que agora não vemos mais, mas que foram um reflexo do olhar do amor de Deus sobre nós”.

Testemunhas do Passado, Abertas ao Futuro

Foi então que o Papa recordou de três figuras da história mais recente da Igreja Ucraniana:

O Cardial Slipyj, do qual no ano passado foram celebrados cento e vinte e cinco anos de nascimento.
“Ele quis e edificou esta basílica luminosa para que o seu esplendor fosse um sinal profético de liberdade nos anos em que o acesso a muitos lugares de culto era impedido”, disse Francisco que ainda continuou: ” Com sofrimentos padecidos e oferecidos ao Senhor, ele ajudou a construir outro templo ainda maior e mais bonito: o edifício de pedra viva que são vocês. “

O Papa recordou a seguir o Bispo Chmil, que está sepultado na Basílica. Segundo disse o Pontífice, “Uma pessoa que me fez tanto bem. É indelével em mim a recordação de quando eu tinha 12 anos e participava de suas missas: ele me ensinou a servir na missa, a ler o alfabeto de sua língua e a responder às coisas.

Dele eu aprendi, no serviço à missa (três vezes na semana), a beleza de sua liturgia, de suas histórias, o testemunho vivo de quanto a fé tenha sido provada e forjada no meio das terríveis perseguições ateístas do século passado.

Sou muito grato a ele e aos seus vários “heróis da fé”: aqueles que, como Jesus, semearam no caminho da cruz, gerando uma messe fecunda, pois a verdadeira vitória cristã está sempre no sinal da cruz, nosso estandarte de esperança.”

O Papa referiu-se ainda ao Cardeal Husar: “Fomos criados cardeais no mesmo dia. Ele não era somente um ‘pai e chefe’ de sua Igreja, mas guia e irmão mais velho de muitos.

Segundo o Pontífice, “essas testemunhas do passado foram abertas ao futuro de Deus e por isso são esperança para o presente. Muitos dentre vocês tiveram talvez a graça de conhecê-los”.

Referindo-se às palavras proferidas pouco antes pelo arcebispo-mor de Kiev, Svjatoslav Šev?uk, o Papa lembrou as mães e as avós ucranianas que transmitiram e transmitem a fé, com coragem.

Elas fazem o bem aqui em Roma, na Itália, “cuidando de crianças, de idosos e transmitem a fé nas famílias às vezes mornas na vivência da fé. Vocês têm uma fé corajosa. As mulheres ucranianas são heroínas”, disse, com ênfase.

Paróquia Viva, encontro com Cristo Vivo

“Junto com a comunidade greco-católica ucraniana de todo o mundo vocês expressaram bem o seu programa pastoral na frase: A paróquia viva é o lugar de encontro com o Cristo vivo”.

“A Igreja é encontro, é o lugar onde curar a solidão, onde vencer a tentação de se isolar e se fechar, onde se adquire a força para superar o curvar-se sobre si mesmo.”

” A comunidade é o lugar onde partilhar as alegrias e tristezas, onde carregar os pesos do coração, as insatisfações da vida e a saudade de casa. “

“Aqui, Deus os espera para tornar cada vez mais segura a sua esperança, porque quando se encontra o Senhor, tudo é atravessado por sua esperança.”

Cristo Vivo

Sobre a segunda palavra, vivo, o Papa falou mais e foi mais enfático, reiterando que “Jesus está vivo, ressuscitou e vive. Assim, o encontramos na Igreja, na Liturgia e na Palavra. Essa comunidade pode se perfumar de vida.

A paróquia não é um museu de recordações do passado ou um símbolo de presença no território, mas é o coração da missão da Igreja, onde se recebe e se partilha a vida nova, aquela vida que vence o pecado, a morte, a tristeza e mantém o coração jovem.

Se a fé nascer do encontro e falar para a vida, o tesouro que vocês receberam de seus pais será bem protegido. Saibam oferecer os bens inestimáveis de sua tradição também às jovens gerações que acolhem a fé sobretudo quando veem a Igreja próxima e viva”.

Jovens e mulheres

“Os jovens precisam ver isso: que a Igreja não é um museu, que a Igreja não é um sepulcro, que Deus não é uma coisa ali”, afirmou Francisco.

O Papa disse que as mulheres dessa comunidade ucraniana “são apóstolas de caridade e de fé, que levam às famílias italianas o anúncio de Deus da melhor maneira, cuidando das pessoas e com uma presença atenciosa e sem intrusão”.

“Convido vocês a considerarem o seu trabalho cansativo e muitas vezes insatisfatório, como uma missão: vocês são pontos de referência na vida de muitos idosos, são irmãs que os fazem sentir que não estão sozinhos.
Levem o conforto e a ternura de Deus a quem na vida, se prepara para o encontro com Ele. É um grande mistério de proximidade, agradável a Deus.”

A Ucrânia e a Guerra

” Entendo que enquanto vocês estão aqui os seus corações palpitam pelo seu país, palpitam não somente de afeto, mas também de angústia, sobretudo pelo flagelo da guerra e pelas dificuldades econômicas. “

“Estou aqui para dizer-lhes que estou com vocês: com o coração, com a oração e quando celebro a Eucaristia. Suplico ao Príncipe da Paz para que calem as armas. Peço para que no coração de cada um não se apague a esperança, mas se renove a coragem de ir adiante, de recomeçar sempre.”

Nossa Senhora da Ternura

O Papa contou aos presentes que recebeu do arcebispo-mor ucraniano, quando ainda estava em Buenos Aires, um ícone de Nossa Senhora da Ternura.

Francisco contou que à noite antes de dormir e de manhã quando se levanta saúda Nossa Senhora da Ternura. “Assim, começo e termino o dia em ucraniano”, concluiu o Papa, para, logo em seguida, com o arcebispo-mor ucraniano, dar a bênção apostólica aos fiéis. (JSG)

 

(Da Redação Gaudium Press, com informaçõs Vatican Newa)

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