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O paralítico descido pelo teto de uma casa

Redação (Segunda-feira, 14-01-2019, Gaudium Press) Devemos ser ousados na prática do bem, como o demonstra a bela atitude dos homens que, através do teto de uma residência, levaram um paralítico para ser curado por Nosso Senhor.

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“Os teus pecados estão perdoados”

Tendo o Divino Mestre entrado de novo em Cafarnaum, “logo se espalhou a notícia de que Ele estava em casa. E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra.

“Trouxeram-Lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde Ele Se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado.

“Quando viu a Fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: ‘Filho, os teus pecados estão perdoados.’ Ora, alguns escribas, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: ‘Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus.’

“Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: ‘Por que pensais assim em vossos corações? O que é mais fácil: dizer ao paralítico: Os teus pecados estão perdoados, ou dizer: Levanta-te, pega a tua cama e anda? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na Terra, poder de perdoar pecados, disse Ele ao paralítico: ‘Eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!’

“O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: ‘Nunca vimos uma coisa assim'” (Mc 2, 1-12).

Por maiores que sejam os obstáculos, não podemos desanimar

Provavelmente, a casa onde Nosso Senhor se encontrava era a de São Pedro, que residia em Cafarnaum. Alguns autores julgam que esse paralítico era abastado, e se fez acompanhar de seus familiares e de amigos.

As casas de Israel naquele tempo “eram térreas, com um terraço fazendo o papel de telhado, ou uma cobertura construída de uma mescla de barro e fibras vegetais, suficiente para resistir às intempéries e permitir seu uso pela família numa noite de verão.

“Seu acesso se fazia por uma das laterais da casa, através de uma escada fixa. Ao que tudo indica, sem maior risco para os que se encontravam na sala, os portadores da maca do paralítico afastaram os ramos da argamassa, abrindo um buraco no teto.”

Este belo e ousado gesto simboliza “o verdadeiro zelo apostólico. Assim devem ser nossa Fé e nosso empenho no cuidado pelas almas, não nos deixando vencer por obstáculo algum.

A Fé dos carregadores

“Por outro lado, este episódio nos mostra o quanto Jesus deseja que a salvação de uns seja operada pelo auxílio de outros. É bem a imagem da importância do apostolado colateral.”

Nosso Senhor perdoou o paralítico “quando viu a Fé daqueles homens” (Mc 2, 5), que o carregavam.

“É provável que este paralítico não tivesse menor Fé que aqueles que o levavam. Mas está dito que Cristo lhe perdoa os pecados pela Fé de seus carregadores, porque apreciou tanto a Fé daqueles bons homens que, ainda se o paralítico não a tivesse como lhe convinha, Ele o teria perdoado por causa da Fé de seus portadores.”

O Redentor acompanha nossos pensamentos, desejos e aflições

Embora houvesse ali inúmeras pessoas que formavam uma barreira diante da porta da casa, impedindo a entrada de outros, os escribas já estavam dentro da residência e “sentados”. E a casa de um pescador deveria ser pequena…
Certamente encontravam-se ali também “fariseus da Judeia e de Jerusalém, ansiosos por fazerem de Jesus um dos seus ou, então, levá-Lo ao Calvário”.

Conhecendo o que esses ímpios estavam cogitando, Jesus lhes perguntou: “‘Por que pensais assim em vossos corações?” (Mc 2, 8).

Eis aqui mais uma prova da divindade de Jesus Cristo, pois só Deus “sonda todos os corações e conhece todos os desígnios do espírito” (I Cr 28, 9).

“Muito consoladora é para nós esta passagem, pois ela nos demonstra como nossos pensamentos, desejos e aflições são acompanhados por nosso Redentor a cada instante.

“Esse poder de Jesus incentiva nossa piedade, fortalece nossa confiança e nos convida à honestidade. Por outro lado, faz crescer nosso temor a Deus e põe freio à nossa negligência.”

O poder de perdoar os pecados

Disse o Divino Mestre aos escribas: “O Filho do Homem tem, na Terra, poder de perdoar pecados” (Mc 2, 10).

Explica o exegeta Maldonado que Jesus não Se chamou a Si próprio “Filho de Deus”, e sim “Filho do Homem”, para tornar claro que o poder de perdoar pecados Ele o possuía também como Homem.

“Ele prova que é Deus não com argumentos, mas com a obra, quando lhes revela o que estão pensando; e que perdoa enquanto Homem.” Não Se referiu a este poder enquanto seu detentor no Céu – pois o possui desde toda a eternidade -, mas “na Terra”, “demonstrando que também como Homem perdoa pecados”. […]

“Da mesma maneira que o poder de perdoar os pecados foi comunicado à humanidade de Cristo por sua divindade, também de Cristo-Cabeça derivou para os membros que Ele quis, isto é, para os sacerdotes.”

A Igreja Católica é o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Afirma São Paulo que Cristo “é a Cabeça do Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,18).

O Sacramento da Reconciliação cura as almas, o que é mais importante do que sanar os corpos. Assim, o perdão dos pecados do paralítico foi um milagre maior do que a cura de sua doença.

Peçamos a Nossa Senhora a graça de nos confessar frequentemente, pois o Sacramento da Reconciliação nos fortalece para progredirmos na virtude.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada”, 177)

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1 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, v. IV, p. 99-100.
2 – MALDONADO, SJ, Juan de. Comentarios a los Cuatro Evangelios. Evangelio de San Mateo. Madrid: BAC, 1950, v. I, p.372.
3 – CLÁ DIAS, op. cit. p. 98.
4 – Idem, ibidem, p, 103.
5 – MALDONADO, op. cit., p. 374-375.

 

 

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