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Alegria em meio ao sofrimento: o testemunho de um médico no Santuário de Lourdes

França – Lourdes (Quarta-feira, 13-02-2019, Gaudium Press) O Dr. Alessandro de Franciscis talvez tenha uma das tarefas mais particulares do mundo da medicina: é o ‘Médecin Permanent’ número 15 do Santuário de Lourdes, França, e Secretário do Departamento de Observações Médicas de Lourdes. Sua missão é analisar os casos de pacientes que relatam uma cura milagrosa, o que o leva a se apelidar com humor de ‘doutor inútil’, pois sua principal ocupação é observar pacientes que já se curaram.

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O trabalho de Dr. de Franciscis está longe de ser inútil, é claro. O Departamento de Observações Médicas de Lourdes, assim como o Comitê Internacional Médico de Lourdes, devem estudar os casos de milagres reportados para estabelecer se correspondem realmente a casos de cura ‘medicamente inexplicáveis’. Este veredito é submetido ao Bispo de Tarbes e Lourdes, que o informa por sua vez ao Bispo local do fiel que obteve a cura e que tem a autoridade para certificar o fato como milagroso. Até o momento mais de sete mil curas inexplicáveis foram registradas formalmente, apesar de somente 69 delas terem completado o processo e sido declaradas como milagres efetivamente.

O ‘Médecin Permanent’ é o primeiro a ser notificado de uma cura extraordinária e é o responsável por fazer um primeiro exame crítico. “Se o caso parece ser grave, convoco uma reunião de médicos para examinar o caso mais a fundo comigo. Os médicos convocados para estas reuniões são aqueles que estão presentes em Lourdes no momento em que se reclama a suposta cura”, explicou o médico a ‘Catholic World Report’. “Qualquer médico presente pode participar nos exames independentemente de sua crença religiosa. Estes são médicos que visitam Lourdes com interesse em assistir aos enfermos no Santuário e investigar supostas curas. Quando chegam se dão a conhecer a este departamento inscrevendo-se. Esta tradição de médicos visitantes que registraram sua chegada à Lourdes é a tradição mais antiga e ininterrupta do Santuário, iniciada em 1883”.

Numerosos profissionais de fato visitam o Santuário e 4.500 médicos se registraram no departamento em 2018. O Santuário também conta com a Associação Internacional de Médicos de Lourdes, que mantêm o contato com os médicos que assim o desejam depois de sua visita ao Santuário. “Esta associação conta atualmente com 12,500 membros que são assinantes regulares de nosso boletim internacional, que se publicou trimestralmente durante 90 anos”, comentou o Dr. de Franciscis.

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Este médico não apenas têm contato com o Santuário como exercício profissional, mas também o vê como sua fonte de inspiração ao longo de sua vida. Em 1973 visitou pela primeira vez Lourdes como voluntário, quando ainda cursava o secundário. “Me apaixonei por Lourdes, como aconteceu com milhões. Decidi nesse momento que queria retornar e ser médico para ajudar aos enfermos. Me inspirou tanto seu tratamento aqui em Lourdes que queria que fosse o trabalho de minha vida”, relatou. Durante sua formação e em seu exercício profissional visitou o Santuário a cada ano para servir aos enfermos. Mais tarde ingressou na política e chegou a ser membro do Parlamento Italiano, assim como Governador em uma província local. “Enquanto esteve em Lourdes esse ano (2008), pedi a Santíssima Mãe que me indicasse o próximo caminho a seguir em minha vida, já que estava me cansando da vida política. Um mês depois de meu retorno para casa dessa peregrinação recebi uma carta do Bispo de Tarbes e Lourdes, a quem nunca havia conhecido, informando-me que o atual presidente do Departamento de Observações Médicas de Lourdes estava se retirando e que desejava que eu o sucedesse”.

Nesse momento se encontrava comprometido com uma cátedra da Universidade de Nápoles e observando muitos obstáculos práticos decidiu declinar a oferta do Bispo. “Mas enquanto voltei para casa em Nápoles, me dei conta de que havia cometido um grande erro. Estava apaixonado por Lourdes, somente um mês antes de pedir a Nossa Senhora que me guiasse em uma nova direção para minha vida, e aqui Ela claramente guiou ao Bispo para que me pedisse que aceitasse esta posição. E em minha miopia, neguei!”, recordou o médico. Após a visita de Bento XVI a Lourdes em setembro de 2008, o médico chamou novamente ao Bispo e este lhe ofereceu mais uma vez a oportunidade de servir no Santuário.

Em meio de seu trabalho, reconhece que para ele a marca distintiva do Santuário é a alegria cristã. “O particular da aparição de Nossa Senhora de Lourdes é que se trata de uma Mãe sorridente. Há uma grande alegria dada em Lourdes. Não há outro lugar de peregrinação no mundo católico com tanto sofrimento em termos de enfermidade, deficiências, má formações, etc, mas com tanto sorriso, canto e alegria como em Lourdes”, concluiu o Dr. de Franciscis. “As grandes liturgias e as procissões diárias são sinais de alegria e de nossa comunhão como católicos, como discípulos de Jesus e filhos e filhas comuns de sua Mãe. É verdadeiramente um lugar de alegria. É uma alegria que cativou meu coração há muitos anos quando era um jovem estudante do secundário e permaneceu comigo todos estes anos até o dia de hoje. (EPC)

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