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O arrependimento é o início da santidade, diz Papa ao clero romano

 

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 08-03-2019, Gaudium Press) O Papa Francisco encontrou-se com o clero da diocese de Roma da qual ele é o Bispo.

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Trata-se de um encontro já tradicional que acontece sempre na Basílica de São João de Latrão, sede da Diocese de Roma, quando é realizada a também tradicional liturgia penitencial de início da Quaresma.

Depois da meditação feita pelo cardeal Angelo De Donatis, vigário do Papa para a Diocese de Roma, Francisco atendeu em confissão alguns sacerdotes e, ao concluir a celebração, ofereceu aos presbíteros um subsídio para as leituras deste tempo litúrgico.

Tentação da autossatisfação e autossuficiência

Em seu discurso, em grande parte improvisado, o Papa procurou refletir sobre o sentido da Quaresma, sobre a força do perdão que restabelece a comunhão em todos os níveis e sobre a graça da misericórdia de Deus, vida e alimento da Igreja.

E advertiu:

“Jamais devemos deixar de estar alerta para a tentação da autossuficiência e da autossatisfação, quase como se fôssemos Povo de Deus por nossa iniciativa ou por mérito nosso, esse reflexo sobre nós mesmos é muito feio e sempre nos fará mal, quer a autossuficiência no fazer, quer o pecado do espelho, a autossatisfação: “Que bonito que sou, como sou bravo…”

Deus no Centro

É preciso aprender a colocar Deus no centro de tudo, -disse o Papa-, reconhecer que não somos seu povo por iniciativa nossa ou por méritos pessoais, mas por graça, porque, como nos disse Jesus, “sem mim nada podeis fazer”.

É necessário usar aquela “santa passividade” que não tem nada a ver com a preguiça, mas é abandono à vontade de Deus, reflexionou Francisco diante do Clero de Roma, na Basílica de São João de Latrão.

Medo de si mesmo

Nas palavras que ainda pronunciou, o Papa falou ao clero de Roma sobre a graça das lágrimas e a experiência daquela “tristeza boa” de quando Deus ameaça a sua ausência para depois fazer-nos novamente o dom da sua presença e destacou os desdobramentos positivos de toda experiência dolorosa:

É bom ter um pouco de medo de nós mesmos, da nossa onipotência, das nossas espertezas, das nossas dissimulações, do nosso jogo duplo. Se possível, ter mais medo disso do que das serpentes, porque isso é um verdadeiro veneno…

(…) A experiência do pecado e do perdão de Deus foi o que permitiu a Israel tornar-se um pouco mais o Povo que pertence a Deus.

Maquiagem da alma

Francisco também refletiu sobre a experiência da confissão do pecado que muitas vezes escondemos não só a Deus, mas também ao sacerdote e até de nós mesmos:

A cosmética avançou muito nisso: somos especialistas em maquiar as situações …
“Sim, mas não é por muito tempo, se entende …”.

E, um pouco de água para se lavar dos cosméticos faz bem a todos, para ver que não somos tão bonitos: somos feios, feios também nas nossas coisas. Mas sem desesperar porque existe Deus clemente e misericordioso”.

O pecado desfigura, convite e exortação

Então, o Papa convidou os padres e os bispos a pregarem neste tempo quaresmal o amor apaixonado e ciumento que Deus tem por seu povo, mas também a terem consciência de seu papel na Igreja: o de realizar um serviço generoso à obra de reconciliação de Deus.

Exortou-os ao diálogo franco com Cristo, como homens e não como pusilânimes.

Pediu que eles não se considerem administradores do povo, mas servos que não aceitam a corrupção. Um todo com os irmãos, com a comunidade, prontos a lutar pelo povo.

Então denunciou a atitude daqueles padres que falam mal aos bispos de seu próprio povo e todos aqueles males dolorosos que sujam a imagem da Igreja:

O pecado nos desfigura, e fazemos dolorosamente a humilhante experiência quando nós mesmos, ou um de nossos irmãos sacerdotes ou bispos, caí no abismo sem fundo do vício, da corrupção ou, pior ainda, do crime que destrói a vida dos outros.

Arrependimento, o início da santidade

O arrependimento é fundamental, ou melhor, é o início da nossa santidade.

Por isso, Francisco pediu aos sacerdotes de Roma para não terem medo de dedicar suas vidas ao serviço da reconciliação entre Deus e os homens, embora a vida de um sacerdote possa ser muitas vezes marcada por mal-entendidos, sofrimentos e às vezes perseguições e pecados.

“Acreditemos na paciente guia de Deus, que faz as coisas a seu tempo, ampliemos nossos corações e nos coloquemos a serviço da Palavra de reconciliação.”

Na conclusão, Francisco convidou os membros do clero romano a pedirem perdão a Deus e aos irmãos de todo pecado que minou a comunhão eclesial e sufocou o dinamismo missionário:

“sejam vocês os primeiros a pedir perdão!” (JSG)

 

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