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Astrônomo vaticano explica o motivo pelo qual a Igreja celebra a Páscoa em datas variáveis

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 08-03-2019, Gaudium Press) O Irmão Guy Consolmagno, Diretor do Observatório do Vaticano, publicou no blog da Fundação do Observatório Vaticano, ‘The Catholic Astronomer’, uma detalhada explicação sobre a forma como a Igreja calcula a data da solenidade da Páscoa que resulta em datas variáveis. “De maneira contrária à concepção popular, o Observatório do Vaticano não fixa a data da Páscoa”, esclareceu o religioso. “Mas desde que a reforma do calendário do Papa Gregório em 1582 marcou o início do apoio do Vaticano à astronomia, temos uma conexão histórica”.

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Página dos cálculos sobre a data da Páscoa de Christopher Calvius em 1609.
Note-se a correta antecipação da Páscoa de 2019.
Foto:  Vatican Observatory Foundation.

Os calendários tem uma inevitável dependência com os eventos astronômicos. O Irmão Consolmagno recordou por exemplo que a duração do mês provêm do período de 29.5 dias da lua, enquanto que a duração do ano provêm da observação do movimento aparente do sol. As atividades das sociedades determinam quais destes acontecimentos são tidos em conta. “Se sua cultura se centra nos animais: pesca, caça, cuidado dos rebanhos na noite, a luz da lua e as marés controlarão sua vida e seu calendário seguirá a Lua”, comentou o astrônomo. “Se cultiva, as estações são mais importantes e um calendário solar tem mais sentido”.

“O calendário judeu, incluindo festividades como a Páscoa, é lunar; o calendário civil de Roma, estabelecido por Julio César, é solar”, recordou o religioso. “O calendário da Igreja é um matrimônio sagrado de ambos. Assim, a maioria dos dias dos Santos se fixam no calendário anual, como Natal; mas a Páscoa foi estabelecida pelo Concílio de Nicéia como o primeiro domingo depois da Páscoa”.

Para a Idade Média, o estudo astronômico já permitiu antecipar a data dos eventos lunares mas os cálculos são notavelmente difíceis na prática. “No século XVI, quando o cristianismo se estendeu por todo o mundo, se fez mais urgente encontrar uma forma simples e confiável de informar a todos com antecipação quando se celebram a Páscoa e suas festas associadas”, relatou o Irmão Consolmagno. Por este motivo se abandonou a prática de determinar a posição da lua de forma perfeita e antecipar com precisão o primeiro dia da primavera, para conseguir uma forma mais simples e bastante próxima de cumprir o preceito de celebrar a Ressurreição do Senhor o primeiro domingo depois da Páscoa.

O autor das correções ao calendário é o grande astrônomo Aloysius Lilius, que estabeleceu uma nova fórmula que ainda exigia ‘desaparecer’ com 11 dias para sua implementação. Este é o Calendário Gregoriano, o principal calendário em uso na atualidade, e incorpora um ciclo variável para a celebração da Páscoa que não depende das observações da Lua. “O mais cedo que pode cair a Páscoa é no dia 22 de março; isto ocorre aproximadamente uma vez a cada dois séculos. Uma data de 23 de março, como a tivemos em 2008, é um evento de uma vez por século; a próxima é em 2160”, descreveu o astrônomo. “Entretanto, a Páscoa mais tardia pode ocorrer no dia 25 de abril, o que ocorrerá em 2038; nesse ano, a quarta-feira de cinzas será no dia 10 de março”.

“O que é mais significativo, no entanto, é o princípio subjacente por trás desta fórmula arbitrária”, concluiu o Diretor do Observatório. “O sábado se fez para o homem, não o homem para o sábado: nossas festas religiosas não estão controladas pela Lua”. (EPC)

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