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Igreja comemora festa de Santo Antonio de Santana Galvão

São Paulo, (Segunda, 26-10-2009, Gaudium Press) A data lembra os 11 da beatificação de Frei Galvão celebrada pelo Papa João Paulo II no Vaticano. Os fiéis também lembraram os dois anos de canonização cuja missa aconteceu no Campo de Marte em São Paulo no dia 11 de maio de 2007 sendo presidida pelo Papa Bento XVI durante sua visita apostólica ao Brasil.

Durante todo o domingo a cidade de Guaratinguetá recebeu uma grande quantidade de fiéis que visitaram os principais pontos importantes que marcaram a vida de Frei Galvão, como a casa onde nasceu e que hoje é museu histórico, a catedral de Santo Antonio, onde foi batizado e a paróquia Frei Galvão, onde foram celebradas várias missas.

Na capital paulista o Mosteiro da Luz – construído por Frei Galvão – também recebeu vários féis vindos de várias partes do país. Na igreja está o túmulo do santo e as missas foram celebradas de hora em hora. Muitos fiéis compareceram à igreja para pedir a intercessão de Frei Galvão ou agradecer por graças alcançadas. As famosas pílulas de Frei Galvão também foram distribuídas.

Na cidade natal do primeiro santo brasileiro as festividades começaram no último dia 16 com a novena na Igreja de Frei Galvão no Jardim do Vale. O ponto alto das comemorações aconteceu no domingo durante a Missa Solene onde foram lançados dois selos comemorativos: o selo de Frei Galvão e o selo das Sete Maravilhas de Guaratinguetá.

Frei Galvão

Antônio de Sant’Ana Galvão viveu com seus irmãos numa confortável casa para os padrões da época. Seus pais, Antonio Galvão de França – capitão mor da vila – e Isabel Leite de Barros, tinham um grande prestígio social e político. Querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, “seo” Antonio mandou o filho para o Colégio de Belém. Na época, Frei Galvão tinha apenas 13 anos de idade.

Lá fez grandes progressos nos estudos e na prática cristã, onde nasceu o desejo de se tornar um jesuíta. Porém seu pai o aconselhou a entrar para a Ordem dos Franciscanos devido a perseguição movida contra a Ordem Jesuíta pelo Marquês de Pombal. Foi quando ingressou em um convento na cidade de Taubaté.

É ordenado padre na Igreja de Santo Antônio no Rio de Janeiro em 11 de julho de 1762. Morou pouco tempo no Largo da Carioca, quando voltou para São Paulo a fim de completar os estudos e viveu praticamente a vida inteira. Esteve no Rio de Janeiro por mais 3 vezes para participar de Capítulos da Ordem. O caminho de ida e volta era feito a pé. Costumava também percorrer os caminhos do Vale do Paraíba, Vale do Tietê, e vilas litorâneas também a pé.

Foi então mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo com o objetivo de aperfeiçoar os seus estudos de filosofia e teologia, e exercitar-se no apostolado. Foi nesta época que fez a sua consagração a Maria, como seu filho e escravo perpétuo. Esta entrega mariana foi assinada com o próprio sangue no dia 9 de março de 1766.

Terminados os estudos foi nomeado Pregador, Confessor dos Leigos e Porteiro do Convento, cargo este considerado de muita importância, pela comunicação com as pessoas e o grande apostolado resultante. Em 1769 foi designado confessor de um recolhimento de piedosas mulheres, as “Recolhidas de Santa Teresa”, em São Paulo.

Neste recolhimento encontrou Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo recolhimento. Frei Galvão, ouvindo também o parecer de outras pessoas, considerou válidas essas visões. No dia 2 de fevereiro de 1774 foi oficialmente fundado o novo recolhimento e Frei Galvão era o seu fundador.

Em 23 de fevereiro de 1775, um ano após a fundação, Madre Helena morreu repentinamente. Frei Galvão tornou-se o único sustentáculo das Recolhidas. Enquanto isso, o novo capitão-general da capitania de São Paulo retirou a permissão e ordenou o fechamento do Recolhimento. Fazia isso para opor-se ao seu predecessor, que havia promovido a fundação. Frei Galvão foi obrigado a aceitar e também as recolhidas obedeceram, mas não deixaram a casa e resistiram. Depois de um mês, graças a pressão do povo e do Bispo, o recolhimento foi aberto.

Devido ao grande número de vocações, viu-se obrigado a aumentar o recolhimento. Durante catorze anos cuidou dessa nova construção e outros catorze para a construção da igreja, inaugurada aos 15 de agosto de 1802. Frei Galvão foi arquiteto, mestre de obras e até mesmo pedreiro. A obra, hoje o Mosteiro da Luz, foi declarada “Patrimônio Cultural da Humanidade” pela UNESCO.

Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da Ordem Franciscana, deu toda a atenção e o melhor de suas forças à formação das Recolhidas. Era para elas verdadeiro pai e mestre. Para elas escreveu um estatuto, excelente guia de disciplina religiosa. Esse é o principal escrito de Frei Galvão, e que melhor manifesta a sua personalidade.

Frei Galvão era homem de muita e intensa oração, e dele se atestam certos fenômenos místicos, como a levitação. São famosos em sua vida os casos de bilocação: estando em determinado lugar, aparecia de repente em outro, para atender a um doente ou moribundo que precisava da sua atenção.

Era também procurado para a cura, em tempos em que não havia recursos e ciência médica como hoje. Numa dessas ocasiões, escreveu num pedaço de papel uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora: Post partum Virgo Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis, que poderia ser traduzida assim: “Depois do parto, Ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós!”. Enrolou o papel em forma de pílula e deu a um jovem que estava quase morrendo por fortes cólicas renais. Imediatamente cessaram as dores e ele expeliu um grande cálculo. Logo veio um senhor pedindo orações e um ‘remédio’ para a mulher que estava sofrendo em trabalho de parto. Frei Galvão fez novamente uma pilulazinha, e a criança nasceu rapidamente. A partir daí teve que ensinar as irmãs do recolhimento a confeccionar as pílulas e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje.

Faleceu em 23 de dezembro de 1822 e a pedido do povo e das irmãs foi sepultado na Igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra. Seu túmulo sempre foi lugar de contínuas peregrinações.

 

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