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A alegria dos santos no Céu é imutável ou varia?

Redação (Quinta-feira, 05-04-2019, Gaudium Press) Da parte de Deus, nenhum desgosto é possível sobrevir aos bem-aventurados, e isto por diversas razões.

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Primeiro

Primeiramente, os pecados dos homens, por maiores e mais numerosos que se possa imaginá-los, de modo algum conseguirão ser prejudiciais a Deus.

Se é fato que os crimes da Terra parecem obscurecer Sua glória extrínseca, é verdade também que daí Ele tira um grande bem: por um lado, deixando aos pecadores a “liberdade” de ofendê-Lo, Ele faz brilhar mais Sua paciência e Sua bondade; por outro, Sua justiça aparecerá em toda a sua perfeição quando chegar a hora do castigo, na outra vida.

Donde se segue que, estando amplamente compensado o dano causado à glória divina pelo pecado, nenhum desgosto pode decorrer desse fato para os justos.

Segundo

Uma outra razão se deduz dos atributos infinitos de Deus.

Os santos O veem tão bom em Si mesmo, que a perdição eterna dos maus em nada lhes parece atingi-Lo, de tal forma é imensa a glória que Lhe advém de Suas inúmeras e incomensuráveis perfeições.

É como se um monarca, dono do universo, perdesse numa catástrofe alguma cidadezinha de seu império: por essa perda – segundo o reconhecimento geral – não valeria a pena derramar uma lágrima sequer; mais ainda, ela seria motivo de alegria, caso tal cidadezinha tivesse merecido a fatalidade que a atingiu.

Terceiro

Em terceiro lugar, os justos não ignoram que nada acontece sem a permissão de Deus, que Ele poderia, com um simples sinal, se absolutamente o quisesse, impedir qualquer falta, fazer tudo entrar em ordem e salvar a humanidade inteira, mas que, por justos motivos, Ele resolveu não usar desse poder.

Tristeza, dor, detestação, ódio

Por todas essas razões, os bem-aventurados não sentiriam tristeza alguma pelos pecados dos ímpios, nem pela sua condenação.

Eles odeiam, é claro, o pecado; mas, por mais enérgico que seja neles esse sentimento, não sofrem por isso aborrecimento algum.

Uma coisa é a tristeza ou a dor de alma, outra é a detestação e o ódio: estas podem existir sem aquelas.

É evidente que Deus, apesar do Seu ódio infinito ao mal, não experimenta, por esse motivo, qualquer desgosto.

No céu o mal não atinge Deus e os Santos

Deus é imutável; a aflição, como qualquer outro mal, não O atinge, e quando se fala a Seu respeito, certas expressões como estar “aflito”, “pesaroso” ou “arrependido” têm apenas um sentido metafórico.

Ora, paralelamente, isso se aplica aos santos do Céu. Filhos de Deus, participam da condição de Deus e, como Ele, se bem que num grau inferior, são inacessíveis à aflição proveniente de qualquer mal que eles possam testemunhar.

Sua beatitude – supereminente e perfeitíssima participação da beatitude de Deus – é imutável como a d’Ele, incompatível com qualquer pena, pois a dor é um mal e uma imperfeição que repugna à infinita suavidade da condição beatífica.

 

(cf. Suma Teológica, Supl., q. 94, a.3 – Traduzido, com adaptações, de L´Ami du Clergé, 1898, p. 699-700, in “Revista Arautos do Evangelho”, n. 83)

 

 

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