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Alegrias do Céu Empíreo

Redação (Terça-feira, 06-08-2019, Gaudium Press) No dia do Juízo Final, Nosso Senhor descerá à Terra acompanhado da Santíssima Virgem e dos Anjos, e colocará à sua direita os justos e à sua esquerda os precitos.

Alegrias do Céu Empíreo-FotoArquivo Gaudium Press.jpg

Lugar criado juntamente com os Anjos

Então Ele dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!” (Mt 25, 34).

Esse Reino é o Céu Empíreo que, segundo São Tomás de Aquino, foi a primeira criatura a sair das mãos de Deus, junto com os Anjos.

Escreve o teólogo francês Garrigou-Lagrange que o Céu Empíreo “é o lugar e, melhor ainda, o estado da suprema bem-aventurança.

Se Deus não tivesse criado nenhum corpo, mas apenas puros espíritos, o Céu não seria um lugar, porém, tão só o estado dos Anjos que gozam da posse de Deus.

“De fato, o Céu é também um lugar, no qual estão a humanidade de Jesus, desde a Ascensão, a Bem-Aventurada Virgem Maria, desde a Assunção, os Anjos e as almas dos Santos.” E também São José em corpo e alma.

Tendo sido conduzido milagrosamente até o Paraíso, São Paulo limitou-se a exclamar: “O que Deus preparou para os que O amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (I Cor 2, 9).

Também o corpo da pessoa que se salva será premiado

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira comenta:

“A essência da felicidade celeste não está no Céu Empíreo, mas fundamentalmente na visão de Deus face a face. Deus, puro espírito, eterno, perfeitíssimo, inefável, cuja consideração nós teremos eternamente e que constitui, Ele sim, a nossa felicidade perfeita. […]

“E se alguém vai para o Inferno – que Deus nos livre! -, a justiça manda que ele seja castigado no corpo e na alma, porque é a pessoa inteira que peca e deve ser punida. O corpo é instrumento da alma para a maior parte dos pecados, e é bom que o instrumento seja punido como é castigada a alma, autora do pecado.

“Então, a contrario sensu, é também conveniente que o corpo seja premiado quando a pessoa se salva. E Deus dispôs o Céu Empíreo para que os corpos tenham ali seu prêmio, junto com as almas.

“A alma se reúne ao corpo por ocasião da ressurreição, e o corpo recebe numerosos deleites. Mas, ao mesmo tempo, a alma tem um deleite ainda muito maior, e convém que seja maior porque, dos dois elementos que constituem o homem, o corpo e a alma, esta é muito mais nobre do que aquele, sem nenhuma comparação.”

Inteligência e vontade

E o que vem a ser a visão de Deus face a face, ou seja, a visão beatífica?
Explica Monsenhor João Clá:

“O desejo natural de conhecer e de saber se sacia com esta visão, pois nosso entendimento será elevado pela luz de Deus – o lumen gloriæ -, para ser capaz de compreendê-Lo da forma mais perfeita possível à nossa condição.

“E se nesta vida a noção de certas verdades nos traz alegria, qual será a felicidade originada pela dilatação da inteligência humana por um empréstimo da inteligência divina?

“Contudo, o gozo celestial não seria completo se fosse restrito tão só a atender os anelos da inteligência. Também a vontade alcança nele a plenitude de sua satisfação. O coração tem necessidade de amar e de ser amado, e nada produz tanta felicidade quanto realizar esse ideal, ainda que seja de modo passageiro.

“Quando alguém a quem prezamos muito, sobretudo se é superior a nós em algum ponto, nos diz “Eu te estimo muito!”, nosso coração se alarga por nos sentirmos amados. Como será imenso nosso júbilo quando Deus nos disser: “Meu filho, Eu te quero muito! Tanto que te criei, e foi meu amor que infundiu em tua alma todo o bem existente nela. Vem, meu filho! Aqui estou Eu para ser o teu gozo eternamente!”.

Gáudios que são símbolos das perfeições de Deus

Alguns estudiosos “chegam mesmo a sustentar que, nesse Céu Empíreo, os corpos terão suas funções fisiológicas comuns, sem contudo – e de uma forma misteriosa – produzir qualquer espécie de podridão.

“Mas, uma vez que o estômago tem prazer em comer, o homem se alimentará de manjares inigualáveis; uma vez que os pulmões têm gáudio em respirar, eles respirarão os ares mais límpidos que jamais sorveram. E assim por diante, nosso corpo terá alegrias imensas, afins com os júbilos da alma imersa na visão beatífica.

“Os teólogos vão mais longe em suas excogitações. Para eles, os próprios Anjos, que são puros espíritos, far-se-ão notórios de algum modo ao homem ressurrecto. Ocasionando determinados movimentos no ar, modelando certas formas ou produzindo cores e sons paradisíacos, eles nos darão uma ideia de como são. À maneira do músico que usa de um instrumento para transmitir ao ouvinte uma impressão, eles, Anjos, se servirão daqueles elementos para nos deleitar.

“E nada impede que imaginemos brisas ou ventos, com frescores ou tepidezes diversas, pousando sobre nossas peles como cetins, como sedas, como veludos. E que nos deem também alegrias retas, virtuosas, símbolos das perfeições de Deus que nossas almas estarão contemplando na glória eterna. E nessa conjunção de gáudios temos uma imagem da felicidade perfeita.

“Tudo isso, bem entendido, dentro da mais inteira e absoluta castidade,
dentro da santidade mais total correspondente a cada um nos vários graus de santidade existentes no Céu. Portanto, com a alegria diáfana da consciência em ordem, do dever efetivamente levado a cabo, e depois da merecida purificação feita no Purgatório.

“De maneira tal que tudo está pago, tudo perdoado, e sobre nós pousa o olhar bondoso e jubiloso de Nossa Senhora, o olhar tão poderoso de Nosso Senhor Jesus Cristo, o olhar do próprio Deus Encarnado!”

 

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História Sagrada” – 204)

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1 – Cf. Suma Teológica. I, q.61, a.4.

2 – GARRIGOU-LAGRANGE, OP, Réginald. L’éternelle vie et la profondeur de l’âme. Paris: Desclée de Brouwer, 1950, p.283.

3 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Convívio entre as almas no Céu Empíreo – I. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XVI, n. 183 (junho 2013), p. 14-15.

4 – CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. VII, p. 171.

5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. E seremos repletos de grandeza… In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano V, n. 49 (abril 2002), p. 16-17.

 

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