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Um povo à altura do Cruzeiro do Sul

Redação (Terça-feira, 03-09-2019, Gaudium Press) Quais as perspectivas históricas nas quais o Brasil modelaria sua verdadeira magnitude?

A Semana da Pátria é uma excelente oportunidade para se pensar nisso.

Um povo à altura do Cruzeiro do Sul.Foto Gaudium Press.jpg

Acompanhemos, então, o que o pensador católico brasileiro Professor Plinio Corrêa de Oliveira julga ser conveniente para que o povo que tem como pátria a Terra de Santa Cruz possa estar à altura do cruzeiro que brilha em seu firmamento.

Discursando numa comemoração cívica, em novembro de 1976, Dr. Plinio desenhou os traços que apontariam os caminhos para oBrasil percorrer historicamente e modelar sua magnitude verdadeira:

* * * 

Brasileiros de um espírito patriótico, alertado e atualizado!

Brasileiros movidos pelo espírito cristão, indissociável de toda alma verdadeiramente brasileira!

Brasileiros aqui se congregam para afirmar perante o país que é bom pensar nas grandezas do futuro, que é necessário trabalhar para que o Brasil vá adiante no caminho de potência emergente que vai trilhando neste momento.

Mais do que sonhar com um futuro grandioso, é preciso trabalhar para realizar e antecipar esse futuro.

Mas isso não basta. … é preciso também lutar!

Porque a vida não é só feita de esperanças, a vida não é só feita de anelos: ela é feita também de riscos, ela é feita de aleivosias, ela é feita de perigos.

E ai do varão, ai do chefe de família, ai do chefe de empresa, ai do chefe civil, militar ou eclesiástico, que não tenha os olhos igualmente abertos para esse aspecto da realidade: o “inimicus homo” de que nos fala a Escritura, que ronda em torno de cada homem, em torno de cada setor da atividade social, em torno de cada nação o do mundo contemporâneo, pronto para se atirar sobre ela, no momento em que encontre condições favoráveis para isso.

Atinge verdadeira grandeza o povo que une a luta ao trabalho

Nesta circunstância é bem certo que importa pensar também no perigo.

Mas, não me parece que o pensar no perigo e nos prepararmos para ele, o congregarmos e o concitarmos os nossos concidadãos a lutar contra ele, seja em algo dissociado das nobres preocupações da faina diária e da construção de um Brasil sempre maior.

Pelo contrário, professor de História que sou ó habituado desde minha remota juventude a me debruçar sobre os fatos históricos à procura das Leis com que Deus pauta a existência, o porvir dos povos, e neles inscreve os sinais de sua Misericórdia e de sua Justiça, sempre me chamou a atenção um fato que tem a sua projeção sobre a realidade natural, até no mundo animal, e até mesmo no vegetal.

Esse fato que a História ensina é o seguinte:

Não é verdade que atinge a grandeza, a grandeza efetiva, a grandeza durável, a grandeza plena, aquele povo que apenas trabalhou pela sua própria grandeza

A grandeza é atingida, sim, pelos povos que trabalham, não há dívida. A Providência não quer, nem abençoa, povos que não trabalham.

Mas a grandeza verdadeira se adquire quando, ademais, o homem, -tomando conhecimento desta regra de que ele encontrar· em seu caminho o adversário a agredi-lo na justiça de suas vias e na santidade de seus propósitos-, prepara-se para a luta, enfrenta a luta, confia na Providência e vence nessa luta!

Os povos que só são trabalhadores não chegam à verdadeira grandeza. Os povos só lutadores não alcançam a verdadeira grandeza.

Os povos que sabem aliar a luta ao trabalho, fazendo do trabalho uma luta e da luta um trabalho, entregando-se operosamente à luta e ardorosamente ao trabalho; os povos que sabem unir esses dois aspectos de sua atividade, esses povos, sob o signo da Cruz, tornam-se verdadeiramente grandes.

As intempéries, as dificuldades, quanto maiores, tanto mais preparam uma nação para a sua grandeza, quando ela é grande ao enfrentá-las.

Pensando na grandeza do Brasil

E então eu penso no nosso Brasil…

No nosso Brasil de proporções continentais, habitado por um povo que -é bem verdade- a imigração tornou heterogêneo, mas que vai se amalgamando numa superior unidade de espírito, na qual a inteligência, a sutileza, a capacidade de trabalho e o desejo de progredir se afirmam dia a dia mais.

Eu penso nesse país e nesse povo, e penso comigo: quando o Brasil tomar para si esse dever de aliar luta e trabalho, qual será a sua grandeza ?

Ninguém poderá dizê-lo.

Ele terá a grandeza de alma proporcionada ao vigor da luta que, no terreno psicológico como no terreno material, as circunstâncias lhe tenham imposto e ele saiba travar.

Ele terá, ao mesmo tempo, a grandeza do seu território, a grandeza de sua riqueza. Ele será um povo de lutadores, que saberá como nunca trabalhar.

Ele será um povo de trabalhadores que soube provar que é formidável na luta.

Sobre ele, eterno, imutável, brilhará o Cruzeiro do Sul, que já Pedro Álvares Cabral viu quando as naus com o signo de Cristo vieram aportar em nosso território.

E o Brasil de hoje, voltando o olhar para o Brasil de ontem, e voltando o olhar enlevado para o Brasil de amanhã, o Brasil de hoje, creio eu que, na afirmação uníssona de todos os nossos corações, poderá exclamar:

“Vivemos dias amargos. Mas, pela graça de Deus, soubemos ser grandes, à altura de nosso povo, de nosso território, à altura do Sinal da Cruz que está esculpido nos nossos céus! “

 

(Fonte: “Revista Dr. Plinio”)

 

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