Por que a devoção a Nossa Senhora é necessária?
Redação (Quinta-feira, 10-10-2019, Gaudium Press) São Luís Maria Grignion de Montfort escreve o Capítulo I do Tratado da Verdadeira Devoção, intitulado “Necessidade da devoção à Santíssima Virgem”, para demonstrar que a devoção a Nossa Senhora é necessária.
Em que sentido ele diz isto?
O que é “necessidade”: Deus precisa de Maria?
Procuremos explicar a tese do Santo.
Deve-se ler o capítulo com muita atenção para se compreender onde São Luís deseja chegar. Para tratar da necessidade dessa devoção, ele faz um preâmbulo e depois desenvolve a demonstração.
Nesse prólogo, estabelece qual o alcance da palavra “necessidade”.
Não se trata de dizer que Deus precise absolutamente de Nossa Senhora para salvar as almas.
Sendo onipotente e perfeito, Ele não precisa de modo absoluto de ninguém.
Assim, poderia Ele ter criado uma situação em que Nossa Senhora não existisse e as almas se salvassem, pois, Deus está acima de tudo.
A necessidade que temos de Nossa Senhora
A necessidade de Maria na vida espiritual é, pois, de outro gênero.
Uma vez que Deus A criou, dando-Lhe, por um ato libérrimo de sua vontade, determinadas perfeições e atribuições, entre as quais a mediação universal, a devoção a Ela é necessária.
Em outras palavras, a Igreja Católica não sustenta que Deus precise de Nossa Senhora, mas afirma o seguinte:
Deus quis que Ela fosse necessária à nossa salvação, e assim o dispôs por uma determinação de seus superiores desígnios.
Suma Importância da Encarnação de Jesus
A demonstração que São Luís Grignion faz da necessidade da devoção a Nossa Senhora está baseada no papel que Ela teve naEncarnação. Vamos, antes de tudo, impostar bem o assunto.
A primeira tese que devemos recordar é a da suma importância da Encarnação na obra da Criação.
Os teólogos discutem entre si um ponto a este respeito.
Dizem alguns que, se o homem não tivesse pecado, o Verbo Eterno não teria tomado a nossa carne; outros afirmam que a Encarnação se teria dado mesmo sem a culpa original.
Daí concluem os primeiros que, embora tenha sido um mal, o pecado de Adão importou em uma vantagem para o homem; por isso a Liturgia canta no Sábado Santo:
O felix culpa… – “Ó culpa feliz que nos mereceu um tal Redentor!”. Quer dizer, sem o pecado de nossos primeiros pais, não teríamos a felicidade de possuir o Salvador.
De um modo ou de outro, quer se admita esta ou aquela tese, devemos reconhecer que a Encarnação do Verbo não é um episódio entre outros da História da humanidade, mas sim, como a Redenção, um fato culminante.
Sendo Deus Aquele que é, exceção feita da geração do Verbo e da processão do Espírito Santo, nunca se passara nada que, de longe, pudesse ser tão importante como a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Trata-se de um fato relacionado com a própria natureza divina, e tudo o que diz respeito a Deus é incomparavelmente mais importante do que tudo que se refere ao homem.
A Encarnação de Deus a tudo transcende em importância, e a ela se liga, de modo íntimo, a Redenção.
Qual o papel de Nossa Senhora na Encarnação?
Por esse motivo, o papel de Nossa Senhora na Encarnação situa bem o valor d’Ela em todos os planos divinos, e precisamente no que eles têm de mais importante e fundamental.
Achamos admirável, por exemplo, Nosso Senhor ter escolhido Constantino para tirar a Igreja das catacumbas.
Mas, o que é isto perto de ter eleito, desde toda a eternidade, Nossa Senhora para n’Ela ser gerado o Salvador? Nada, absolutamente.
Admiramos muito Anchieta, porque evangelizou o Brasil.
Ora, que é evangelizar um país em comparação com o cooperar na Encarnação do Verbo? Nada!
Digamos que se tratasse de salvar o mundo de sua crise atual e de restabelecer o Reino de Cristo; suponhamos que Nosso Senhor escolhesse um só homem para essa tarefa.
Acharíamos esta missão algo de formidável, e com razão.
Porém, que seria isto diante da missão de Nossa Senhora? Nada!
Ela se situa num plano fora de comparação com o papel histórico de qualquer homem, inclusive com o de São Pedro, apesar de ter sido ele o primeiro Papa.
“Fora de comparação”
A respeito de Nossa Senhora, é-se sempre obrigado a repetir a expressão: “fora de comparação”, porque Ela faz estalar todo vocabulário humano.
Há uma tal desproporção entre Ela e todas as criaturas, que a única coisa segura a se dizer é – “fora de comparação”…
Lembradas essas noções, devemos concluir que estudar a participação de Nossa Senhora na Encarnação é analisar o seu papel no acontecimento mais importante de todos os tempos, juntamente com a Redenção.
Papel de Nossa Senhora na Redenção
Qual foi esse papel?
São Luís Grignion responde, considerando a participação das Três Pessoas da Santíssima Trindade na Encarnação, e depois a cooperação de Nossa Senhora com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo.
Isto é o que veremos em outro artigo que publicaremos em breve.
Aguarde. Você verá quanta grandeza na alma de uma só criatura.
(JSG)
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(Fonte: excertos de conferências de Plinio Corrêa de Oliveira sobre o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort)
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