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Nossa Senhora representou a Fé da Santa Igreja

Redação (Terça-feira, 10-12-2019, Gaudium Press) O Sagrado Corpo de Nosso Senhor jazia no sepulcro, vigiado por dois guardas. Terminado o sábado, Maria Madalena e outras piedosas mulheres foram comprar perfumes para embalsamá-Lo.

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Damas ricas

Explica Monsenhor João Clá que elas “desejavam proporcionar ao Divino Mestre o que havia de melhor, máxime considerando que o grupo era formado por damas ricas (cf. Lc 8, 3), e que Maria Madalena possuía uma das maiores fortunas de Israel. […]

“Transparece nesta cena, especialmente em Santa Maria Madalena, […] o amor levado às últimas consequências. Era ela uma alma de eleição, não conhecendo limites sua caridade, apesar das fraquezas da vida passada de que já havia sido perdoada. À medida que se firmou nesse amor, também se identificou mais com o Mestre, disposta a fazer tudo por Ele. […]

“Enquanto os Apóstolos estão escondidos, ela não mede esforços nem sacrifícios, decidida até a rolar a pedra do sepulcro com as mãos, discutir com os guardas, implorar e provocar um tumulto, se necessário fosse. Por quê? Ela deseja embalsamar o Corpo d’Aquele a quem adora.”

Jesus apareceu primeiro à Santíssima Virgem

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira afirma:

“Em certo momento, Nosso Senhor começaria a dar sinais de vida. Seu Corpo sagrado se tornaria de uma luminosidade extraordinária, e no instante em que sua Alma o reassumisse, sua primeira atitude seria uma glorificação do Padre Eterno e um ato de amor ao Espírito Santo.

“E levantando-Se com uma majestade indizível, caminharia dentro do sepulcro transformado, de repente, numa catedral feita de luzes, cânticos e glória.”

Podemos imaginar que “Ele tenha estado no Cenáculo e se manifestado a Nossa Senhora. De maneira a ter sido Ela a primeira pessoa a contemplar seu divino Filho ressuscitado. Logo depois, Jesus teria Se apresentado a Santa Maria Madalena, conforme nos descreve o Evangelho”.

Os guardas ficaram como mortos

Narra São Mateus:

“O Anjo do Senhor desceu do Céu e, aproximando-se [do sepulcro], retirou a pedra e sentou-se nela. Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. Os guardas ficaram com tanto medo do Anjo, que tremeram, e ficaram como mortos” (Mt 28, 2-4).

“Pode haver uma coisa mais gloriosa, mais espiritual, mais casta, mais forte, do que um espírito que é como um relâmpago, mas vestido como a neve?”

Passado o terrível susto, os guardas se dirigiram apressadamente a Jerusalém e foram contar aos sumos sacerdotes o que ocorrera.

Desconcertados, estes convocaram o Conselho dos anciãos e decidiram, então, subornar os soldados a peso de dinheiro.

Prometeram a cada um deles uma soma avultada se explicassem ao povo que, enquanto dormiam, vieram os discípulos de Jesus e levaram seu Corpo. Tendo os guardas afirmado que Pilatos os puniria por terem dormido em serviço, disseram os sumos sacerdotes que o Conselho “arranjaria o caso” com o governador.

Eles receberam o dinheiro e propalaram entre os judeus a mentira do suposto roubo. Santo Agostinho indaga aos infames guardas:

“Se dormíeis, como sabeis que furtaram o corpo? Se não dormíeis, por que o deixastes furtar?”

Espírito hierárquico da Igreja

As Santas Mulheres dirigiram-se ao túmulo, mas Maria Madalena tomou a dianteira e chegou primeiro; viu o sepulcro vazio e foi correndo ao Cenáculo, onde contou a notícia a São Pedro e São João.

Ambos se dirigiram ao túmulo e São João, sendo mais jovem e tendo muito amor a Jesus, correu mais depressa e chegou primeiro, viu as faixas de linho no chão, mas ficou do lado de fora. Logo depois apareceu São Pedro que entrou no sepulcro, e São João o acompanhou (cf. Jo 20, 3-8).

O Apóstolo virgem aguardou aquele a quem Nosso Senhor tinha dado a precedência. “Vemos aqui o espírito hierárquico da Igreja […] Chegando ao sepulcro ele espera São Pedro. Quanto respeito, quanta reverência! E tudo passou para a História.”

Eles voltaram atônitos para o Cenáculo, mas Santa Maria Madalena permaneceu junto ao sepulcro, chorando. De repente ela viu dois Anjos, em trajes resplandecentes de luz, e o próprio Jesus apareceu-lhe e mandou-lhe que fosse narrar o acontecido aos Apóstolos (cf. Jo 20, 10.14-18). Ela saiu de imediato.

Pouco tempo depois da partida de Madalena, chegaram ao túmulo as outras Santas Mulheres. Elas viram os dois Anjos, os quais lhes disseram que Jesus havia ressuscitado. Caminhando às pressas rumo ao Cenáculo, Nosso Senhor lhes apareceu e deu a mesma ordem de irem contar o que viram aos Apóstolos.

No Cenáculo, elas narraram tudo aos Apóstolos, mas estes não acreditaram, tratando-as como visionárias.

Somente Maria Santíssima teve Fé completa na Ressurreição

“Na noite do Sábado Santo, afirma Plinio Corrêa de Oliveira, ‘somente Nossa Senhora, em toda a face da Terra, teve uma Fé completa e sem sombra de dúvida na Ressurreição. […]

“‘A cada minuto que passava, de algum modo a espada da saudade e da dor penetrava ainda mais seu Coração Imaculado. Mas, de outro lado, havia a certeza de uma grande alegria da vitória que se aproximava. Esta concepção A inundava de consolação e gáudio’.

“Dr. Plinio acrescenta que Nossa Senhora, ‘nesta ocasião, representou a Fé da Santa Igreja e, por assim dizer, sustentou o mundo, dando continuidade às promessas evangélicas, pois, se não houvesse Fé sobre a face da Terra, a Providência teria encerrado a História’.”

“A fidelidade de Maria Santíssima começou a contagiar a tibieza dos Apóstolos, e a despertar na alma de cada um deles sensações, esperanças, percepções da maravilhosa graça que lhes estava reservada.

“No interior daqueles homens, em meio à tormenta da provação, foram se alicerçando uma convicção nova e um novo ânimo. Quer dizer, na pior das horas, porque se refugiaram aos pés de Nossa Senhora, receberam graças inestimáveis que os prepararam para tudo o que logo lhes aconteceria. Unidos em torno da Virgem Fiel, estavam em condições de acreditar na Ressurreição e de se predisporem à grandiosa missão para a qual haviam sido chamados.”

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 219)

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1- CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. VII, p. 361-361.

2 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Os fulgores da Ressurreição. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XVI, n. 180 (março 2013), p. 23.
3-Idem. Alegrai-vos, pois o Senhor ressuscitou! In revista Dr. Plinio, Ano XV, n. 169 (abril 2012), p. 13.
4- Cf. BERTHE. CSSR. Jesus Christo – sua vida, sua Paixão, seu triunpho. Einsiedeln (Suíça): Estabelecimentos Benziger. 1925, p. 410.

5- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Alegrai-vos, pois o Senhor ressuscitou! In revista Dr. Plinio, Ano XV, n. 169 (abril 2012), p. 14.
6– Cf. BERTHE. CSSR. Op. cit., p. 414-415.
7- CLÁ DIAS. Op. cit., v. VII, p. 383.
8- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Preciosos ensinamentos da Ressurreição. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XI, n. 120 (março 2008), p. 19-20.

 

 

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