Paz Interior: Como adquirir?
Redação (Terça-feira, 28-01-2020, Gaudium Press) Paz! Paz! Paz: palavra que enche as manchetes de jornais, as conversas e é ouvida por toda parte.
Concedei-me, pela intercessão de vossa divina Mãe, aquela paz profunda e durável, que é o fruto da vossa Morte e da vossa Ressurreição. Foto: Arquivo Gaudium Press |
Que tipo de paz é esse tão alardeado repetidamente a cada instante?
Francamente não sabemos, pois, quanto mais se fala dela, mais ela parece escapar e fugir no horizonte brumoso que a falta de paz cria.
Este é um tipo de paz (se é que a paz seja variada) do qual não vamos ver nesse trecho de artigo escrito por Santo Afonso Maria de Ligório.
Ele vai tratar da Paz Interior, a verdadeira paz…
E vai falar de um aspecto quase nunca tratado porque compromete. E compromete porque quem conhece estes aspectos tem a obrigação de segui-los. E segui-los coerentemente, muitas vezes, não é fácil, dói…
Como obter a Paz Espiritual, a verdadeira
Diz Santo Afoinso que o primeiro meio para se obter a paz consiste no esforço onímodo de conservar a graça santificante ou a amizade divina.
Quem tem por inimigo um homem poderoso não pode estar tranquilo; como se poderá ter paz quando se tem a Deus por adversário pelo pecado mortal?
O Espírito Santo declara que uma consciência culpada não encontrará repouso (Is 48,22).
Caim, tendo assassinado a seu irmão, pensava que todos o perseguiam, e fugia de um lugar para outro.
David, depois do seu pecado, achava amargas todas as delícias da sua corte.
É que o temor, a agitação, os remorsos atormentam o coração separado de seu Deus e criado para possuí-Lo.
O pecado mortal é, pois, o maior obstáculo à paz interior, e a graça habitual é para ela a condição mais necessária.
Sentir as doçuras da Paz
Para melhor sentir as doçuras, é necessário ainda levar vida fervorosa e evitar com cuidado as faltas veniais deliberadas.
O hábito dessas faltas priva-nos das luzes, dos atrativos da graça, daquela providência especial de que Deus cerca os seus verdadeiros amigos e que lhe confere segurança no espírito, devoção no coração, prontidão na vontade para se curvar a todos os seus deveres.
A alma tíbia, morna, ao contrário, não se lembra senão com amargura da felicidade que gozava quando servia a Deus generosamente.
Paz, tranquilidade, repouso, conformidade com a vontade divina
As exprobrações da consciência, que a exortam a mudar de vida, entristecem-na, tornando-a infeliz.
Tanto é verdade que a tranquilidade e o repouso interiores nascem do sacrifício que alguém se impõe para ser fiel a Deus e constante no seu serviço.
Esses sacrifícios devem, sobretudo, produzir em nós uma inteira conformidade à vontade divina; pois que sem essa conformidade bastará a multiplicidade das ocupações para perturbar-nos e agitar-nos; que será quando somos alvo de contradição, adversidade, injustiça e humilhação?
É, pois, necessário, para se conservar a paz do coração, armar-se de coragem e paciência, encarando os acontecimentos como os santos os consideraram, isto é, com fé, submissão, confiança e abandono a Deus.
Oração
Jesus, que sofrestes com tanta calma os tormentos da vossa Paixão, concedei-me, pela intercessão de vossa divina Mãe, aquela paz profunda e durável, que é o fruto da vossa Morte e da vossa Ressurreição.
Comunicai-me, pois:
1º um vivo horror do pecado, embora venial;
2º a coragem de combater minhas más inclinações para, assim, Vos permanecer fiel;
3º renúncia completa à minha vontade própria, a fim de me conformar em tudo à vossa, que merece ser infinitamente amada.
Por Padre Luís Bronchain
(in “Meditações para todos os dias do ano, segundo a doutrina e o espírito de Santo Afonso Maria de Ligório”. 3. ed. Petrópolis: Editora Vozes, l959, p. 295-298.)
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